Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Empresários na ciranda da fama

PALHAÇADAS ? 2

Eles sustentam as bolsas, as bolsas sustentam os negócios, os negócios sustentam a mídia que sustenta-se no sobe-desce da glória. É do jogo. O que não está nos códigos dos bons costumes é a fascinação da nossa mídia pela celebração daqueles que sustentam as bolsas que sustentam os negócios etc. etc.

Empresários, porque são empresários, devem ser discretos. Se o segredo é a alma do negócio, reserva e circunspecção são fundamentais. E a mídia, porque depende da sua imagem e credibilidade, não pode perder a compostura nem aproximar-se daqueles que, em última análise, dependem. Que sejam entrevistados, acompanhados, até fiscalizados ? mas, excetuando-se ícones do porte de Antônio Ermírio de Morais, deveriam abster-se de manejar os holofotes.

Benjamin Steinbruch é, seguramente, um Midas: do ramo têxtil pegou a coroa e converteu-se em Rei do Aço (CSN e Vale do Rio Doce). Legítimo, é do jogo. O que não está nos manuais de redação ? mas deveria ? é a afobação em converter o golden boy da siderurgia em colunista de um dos nossos mais importantes jornalões (Folha de S.Paulo, caderno Dinheiro, pág. B 2, às terças-feiras).

Pega mal para o jornal, pega mal para o neojornalista. Sobretudo porque nestes anos de dedicada militância na imprensa, o ousado empresário jamais conseguiu mostrar-se merecedor do generoso espaço que lhe ofereceram.

Rigorosamente supérfluo antes, agora, quando seu nome aparece como chantageado numa confusa operação financeira, fica o jornal sem liberdade para ser isento, fica ele impossibilitado de esclarecer todas as dúvidas e fica o leitor como um parvo perguntando-se se jornalismo é isso.