Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Entre a falta de público e a de escrúpulos

BBC

BBC3 é, junto à BBC4, o mais novo canal da TV pública inglesa. BBC3, segundo artigo da revista The Economist [8/5/03], é um canal para jovens lançado em meio a grande fanfarra em fevereiro, com média atual de apenas algumas dezenas de milhares de espectadores. O número não é muito maior que o da intelectual BBC4.

Os dois canais podem ter falhado em atrair o público, mas se diferenciam muito quanto à idéia que cada um passa de emissora pública.

O governo nunca soube definir bem qual é a da BBC3. Demorou para aprovar a emissora e depois impôs regras rígidas para a programação. No lançamento, Stuart Murphy, responsável pelo canal, prometeu um veículo "cheio de shows britânicos modernos, radicais, imaginativos e engraçados".

Comparado aos concorrentes E4 ou Sky One, cuja grade de programação é abarrotada de enlatados americanos, os programas do novo canal sobre arquitetura ou ex-presidiários certamente soam diferentes. Mas logicamente a BBC3 não tem tido sucesso com o público. Caminha sob o mando do "genuinamente distinto", pregado pelo governo, e a tentação da programação comercial, regada a reality shows e fofoca de celebridades. E isso põe o canal em uma faca de dois gumes: se faz shows populares para jovens, será criticado por fazer o que o mercado já faz; se faz programas melhores mas menos populares, será criticado por não conseguir atrair o público.

Com a BBC4 é diferente. A emissora, para a Economist, é um modelo de serviço público de televisão, justamente por ter como objetivo um nicho genuinamente específico ? praticamente não existem emissoras concorrentes para seu mercado ? e por servi-lo bem com baixo orçamento.

Ao mesmo tempo, a BBC3, com orçamento três vezes maior que a BBC4, não foi modelada para um nicho, mas para um grupo demográfico massivo e cheio de concorrentes comerciais: pessoas de 18 a 34 anos.