MÍDIA EVANGÉLICA
Wayne Pederson, presidente da National Religious Broadcasters (NRB), associação que congrega 1.400 emissoras de TV e rádio cristãs nos EUA, foi forçado a pedir demissão na convenção anual da entidade, que terminou em 19/2. Poucas semanas depois de empossado, declarou que os meios de comunicação evangélicos deveriam ser menos políticos e mais religiosos. Segundo Alan Cooperman [The Washington Post, 21/2/02], Pederson deixou o cargo sem brigas, dizendo não querer prejudicar a imagem de uma instituição que ainda apóia.
No começo de janeiro, Pederson lamentou, em entrevista ao Minneapolis Star Tribune, que os evangélicos estejam "mais identificados politicamente do que teologicamente". "Para mim, é preciso manter o foco no que nos importa espiritualmente. Não precisamos entrar na arena política", disse. Isso irritou profundamente os líderes mais poderosos da NRB, como Don Wildmon e James Dobson, das redes de rádio American Family e Focus on Family, que pediram a renúncia do presidente.
"O que ele chama de política outros chamam de princípio", argumentou Richard Bott, oponente de Pederson. "O envolvimento da NRB em política vai ao encontro de sua teologia cristã conservadora, não a contraria." Glen Plummer, vice-presidente que ocupou o lugar de Pederson, acha que seu antecessor pisou em terreno perigoso, mas condena a atitude dos críticos. "Usaram métodos vergonhosos [para forçar a renúncia]. A Bíblia é clara: em caso de ofensa devemos, antes de tudo, conversar."
ABC
Provoca polêmica um novo reality show da rede americana de TV ABC. A série, produzida por Bertram van Munster, pioneiro do gênero, e Jerry Bruckheimer, diretor de Pearl Harbor e Top Gun, Profiles from front line (Perfis da linha de frente), terá 13 episódios enfocando soldados de todas as patentes envolvidos na ofensiva dos EUA contra o terrorismo. "Vamos trazer as histórias de homens e mulheres reais, os heróis que lutam contra o terror", diz Andrea Wong, responsável pelos especiais da ABC.
O caráter semi-jornalístico e semi-ficcional da série deixou ouriçados alguns críticos de mídia. "Há um monte de jornalistas tentando cobrir esse assunto, mas seu acesso às operações militares é negado", condena Robert Thompson, do Centro para o Estudo da Televisão Popular da Universidade Syracuse. "Agora, um projeto de entretenimento, que faz parte do acordo entre Hollywood e o governo, provavelmente terá acesso, porque seu retrato do front foi previamente aprovado." Ele afirma que uma guerra "tem de ser coberta por jornalistas, não por profissionais de entretenimento".
De acordo com a Variety [20/2/02], o apoio da Casa Branca ao projeto não é segredo. Van Munster afirma que o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, assinou embaixo sem restrições. "Eles [o governo] estão muito entusiasmados com a coisa", garante. Andrew Tyndall, analista de telejornalismo, acha que se o Pentágono controla o programa, "é um comercial, e deveria ser pago pelo Exército, não pela ABC". Segundo a Reuters [20/2/02], Bruckheimer nega fazer parte do grupo de produtores hollywoodianos que fizeram pacto com o governo para melhorar a imagem dos EUA.