UCRÂNIA
Igor Alexandrov, 45 anos, diretor de uma estação de TV, foi espancado até a morte na Ucrânia oriental após exibir uma série sobre o crime organizado, informa Oksana Iablokova [The Moscow Times, 11/7/01]. Ele foi atacado a pauladas por assaltantes ao sair de seu escritório em Slaviansk, na região industrial de Donetsk. O jornalista apresentava um programa sobre casos de crime e corrupção na TOR, a estação privada mais antiga do país, que alcança aproximadamente dois milhões de telespectadores. O fundador da TOR Sergei Cherneto disse que, num dos últimos programas, os entrevistados eram dois antigos policiais da unidade de combate ao crime organizado (Obob), que acusavam ex-colegas de ligações com a máfia. "Ninguém aqui tem dúvida sobre a natureza deste crime", disse Cherneto. "Ele foi assassinado por causa do caso OBOB."
O presidente ucraniano, Leonid Kuchma, ordenou que uma comissão especial investigue a morte, da forma mais transparente possível. Milhares de pessoas foram às ruas da capital, Kiev, no ano passado pedir a renúncia de Kuchma, acusado de abafar a investigação da morte de Georgi Gongadze, jornalista de internet decapitado em setembro. Críticos do presidente suspeitam que ele teve participação neste assassinato.
Alexandrov é o 11o jornalista morto na Ucrânia em cinco anos, de acordo com Repórteres sem Fronteiras. A organização internacional disse que o país tem o pior recorde de violência contra jornalistas na Europa, e apelou para que o primeiro-ministro ucraniano, Anatoli Kinakh, fiscalize pessoalmente a investigação sobre a morte de Alexandrov.
Segundo Oleg Panfilov, do Center for Journalism in Extreme Situations, sediado em Moscou, Alexandrov era conhecido na Ucrânia ? em 1998 foi suspenso do exercício do jornalismo por cinco anos e sentenciado a dois anos de prisão por revelar que um deputado tinha monopólio ilegal do comércio de vodca na região de Donetsk. Alexandrov foi absolvido em 2000, quando levou seu caso à Corte Européia de Direitos Humanos, em Estrasburgo.
CORÉIA
As recentes devassa fiscal e investigação criminal das companhias jornalísticas coreanas e de suas famílias fundadoras devem ter repercussão permanente na sociedade e na relação dos políticos com a mídia, observam analistas [The Korea Herald, 10/7/01]. A investigação colocará a mídia, antes vista como santuário que campanhas anticorrupção não ousavam tocar, sob exame legal e fiscal minucioso. Em conseqüência, a reestruturação do setor será profunda: o pagamento de multas dificultará a sobrevivência financeira de empresas menores, que já sofrem com a queda do faturamento publicitário devido à instabilidade econômica.
Promotores públicos indicam que os presidentes dos jornais Chosun Ilbo, Dong-a Ilbo e Kukmin Ilbo podem ser presos sob acusação de evasão de impostos e irregularidades financeiras. O Serviço Nacional de Impostos teria descoberto que executivos de empresas jornalísticas usavam contas bancárias sob nomes falsos ou emprestados para transações financeiras suspeitas.
Ativistas acreditam que a investigação dará impulso a seus apelos por uma reforma na mídia. "O fato de que grandes jornais foram culpados de evasão de impostos em larga escala levantou a dúvida sobre se eles têm o direito de atuar como guardiões da corrupção ou outras desgraças sociais", disse Hwang Phil-kyu, porta-voz do Conselho Nacional das Igrejas da Coréia. Os grupos que apóiam a reforma pressionam por uma revisão da lei de periódicos para introduzir novos limites de posse de publicações, separar a administração do controle editorial e chamar a atenção para o perigo da dominação do mercado por poucos jornais.
O presidente coreano, Kim Dae-jung, declarou que a Procuradoria procederá estritamente de acordo com a lei, sem qualquer interferência pol&iaiacute;tica. Para os analistas, o comunicado foi uma clara indicação de que o governo não tentará um acerto político e que os magnatas da mídia podem mesmo terminar na cadeia.