MÍDIA ESPORTIVA
Domingo, 17, ao assistir à partida de vôlei entre as seleções masculinas do Brasil e da Alemanha, em Recife, um detalhe me chamou a atenção: as legendas com dados dos jogadores eram em inglês.
A despeito de o jogo estar sendo retransmitido para outros países, e daí a necessidade do inglês, creio que a Globo deveria, no seu sinal básico para o Brasil, preservar o nosso idioma, o português. Condições técnicas para isso a emissora tem de sobra, o que não prejudicaria eventuais obrigações contratuais que a emissora tem com a federação internacional da modalidade e com a empresa detentora dos direitos de transmissão.
Não se trata aqui de ufanismo ou coisa do gênero, mas apenas respeito a algo tão dilapidado todos os dias, a nossa língua. E, além disso, creio que a esmagadora audiência no Brasil, que já não tem o domínio do idioma-natal, não tem nem idéia do que significam as palavras "age", "weight" etc. Talvez, tal qual crianças ou analfabetos, possam até ter associado o significado em função dos números que as acompanham.
Em todos os cantos do mundo, há hoje uma busca e uma guerra por elementos próprios que identifiquem as marcas de um povo. A língua é um deles. Assim, detalhes, a princípio insignificantes, como as legendas num jogo, contribuem para reforçar o nosso histórico provincianismo e colonialismo.
Acompanho diversas transmissões esportivas por outros canais de TV internacionais, e mesmo em eventos gerados para outros países as legendas vêm no idioma do país de origem.
Apesar de conhecer o inglês, a importância desse idioma em particular e do irreversível principio da globalização, não acho correto e digno que, em meu próprio país, ao assistir a uma simples partida de vôlei seja obrigado a ler idiomas estrangeiros.
(*) São Luis, MA