MÍDIA E SEQÜESTROS
Felipe Voigt (*)
É justo que numa situação delicada como essas a imprensa evite excessos. Mas não cobrir é negar a própria imprensa e o direito de informar e ser informado, que está na Constituição. E se a moda pega? Como vamos ficar?
“Ah, agora tem um risco muito grande em dar a notícia; então, não vamos falar nada.”
Isso é péssimo, pois daqui a pouco o critério de risco é alargado e por causa de risco econômico e político não se publica informações sobre empresas ou políticos.
Agora a autocrítica: a imprensa também não tem feito por onde merecer um ótimo tratamento. Com tantas fitas clandestinas rolando as redações e outros deslizes, qualquer animador de auditório pode mandar e desmandar. (Cá entre nós, ele não é um qualquer, mas há jornais e jornalistas que cedem por muito menos.)
Com relação aos noticiários, vi apenas uma manifestação da Ana Paula Padrão [Jornal da Globo, 22/8/01] na qual afirmava que a política da Globo é de colaborar com a família da vitima e não com os criminosos. Gostei!
Quanto aos jornais, todos os jornais do Rio noticiaram o seqüestro. O Dia e Extra deram um destaque maior. Na capa dos dois veículos, uma foto imensa da Patrícia Abravanel com chamada em letras garrafais.
A Globo informou que, desde 1990, adotou uma postura contra a omissão desse tipo de crime. No Recife, o Jornal do Commercio, líder em Pernambuco, foi o único a respeitar. O Diário de Pernambuco (mais antigo em circulação da América Latina) e a Folha de Pernambuco noticiaram na capa, com o maior destaque.