Saturday, 30 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

…exibidos no Observatório da Imprensa na TV, edição de aniversário, em 8/5/01

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ESPECIAL 3+5

DEPOIMENTOS…

"Se a TV se transformou na grande formadora de opinião pública no Brasil e acontece como nós sabemos, ela está sendo monopolizada por pouquíssimos ou quase uma estação de televisão na formação da opinião política. No levantamento dos grandes problemas nacionais é essencial que haja um debate. Já que nós estamos no tempo do neoliberalismo, pelo menos aproveitamos alguma coisa que seja boa, isto é, quando há um poder é essencial que haja a multiplicação de poderes, a fim de que este poder não se exerça como monopólio e como imposição".

"É da natureza do trabalho da imprensa avaliar permanentemente os outros, submeter os políticos, as instituições, as pessoas famosas e muitas vezes as pessoas anônimas a escrutínio. É uma tarefa importante na imprensa, mas ela tem de ter a contrapartida de uma análise, de uma avaliação da própria imprensa que capacite o público a olhar para os jornais, para a televisão, para o jornalismo de uma maneira cada vez mais crítica. Daí a importância de programas como o Observatório. Quanto mais programas desse tipo existirem, e quanto mais plurais eles forem, mais capacitado vai estar o público para olhar a imprensa de uma maneira menos ingênua, e compreender mais como ela funciona."

"Eu fui formado por uma universidade chamada Sorbonne, onde todo o centro de ensinamento era formar o espírito crítico para que o povo não seja enganado. Para que as pessoas que se comunicam saibam que elas serão examinadas a respeito daquilo que participam aos outros. Eu acho que a imprensa fala muito do governo, fala muito de alguns projetos, fala muito de crítica que se faz, ou dos processos que se faz, mas não informa ao povo do que é o Brasil, do que pode ser o Brasil, e o que deve ser o Brasil para o futuro ? com a colaboração de todo o mundo".

"Eu acho absolutamente saudável e civilizado que a imprensa e a sociedade brasileira tenham um espaço onde se possa discutir a postura da imprensa, a postura da mídia, a postura dos meios de comunicação ? o que isso implica, o que isso contribui para a democracia no Brasil, o que há de excessos, o que há de comprometimento ou não. Ou seja, eu acho que um espaço como o Observatório da Imprensa é absolutamente fundamental e revela uma certa maturidade do momento em que a gente está vivendo no Brasil."

"Eu acho que a existência de um programa ou de mais programas ou sites ? enfim, todo o tipo de iniciativa para fazer uma espécie de monitoramento da imprensa ?, acho muito importante porque faz parte da democracia. Tem que haver, sim, uma pluralidade de opiniões que é da maior importância. Mas, às vezes, muitas vezes, a imprensa pode seguir uma outra tendência, pode receber algum tipo de pressão, pode às vezes esquecer a maior responsabilidade dela, que é a informação, é a opinião para definir algum tipo de pressão política ou econômica. É importante a existência desse tipo de programa."

"Eu acho excelente que um meio de comunicação, ou que os meios de comunicação, tenham uma forma de autocrítica que é precisamente o que o Observatório da Imprensa faz. A imprensa não está acima de críticas, às vezes muito até pelo contrário. Eu acho que esta espécie de manutenção de consciência da mídia é uma coisa muito importante."

"Toda crítica precisa de uma distância, um distanciamento entre o sujeito que critica e o objeto criticado. Há uma crise da crítica na sociedade regida por mídia, porque nós não conseguimos (ou conseguimos cada vez menos) tomar distância do objeto. O objeto está muito colado, muito próximo, o objeto nos engole. Nós vivemos hoje em uma sociedade mediada por objetos, mediada por mercado, consumo, e a crítica é complicada e muito difícil ? quase não há uma exigência social dela. Mas, no entanto, ela e cada vez mais necessária, exatamente porque nós somos engolidos pela mídia, que pertence à esfera objetual, à esfera do mercado. A mídia, ela própria, fazer sua crítica é complicado. A academia é também complicado, pela distância. Então eu acho um programa como esse é socialmente útil e academicamente muito interessante, desde que produza um discurso de práxis, que significa teoria e prática juntos. Tem gente que sabe como as coisas se passam lá dentro e ao mesmo tempo no olhar externo, gente capaz de produzir aquela pequena distância onde surge o juízo crítico."

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