Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Expectativas, angústias e erros

UNIVERSIDADES FEDERAIS

Victor Gentilli

O clima nos cursos de Jornalismo nas universidades federais esteve tenso nesta semana. Não bastasse o esgotamento geral de semestres que se sucedem sem descanso por conta da necessidade de repor as aulas da grande greve do ano passado, a expectativa de que diversos cursos de universidades federais sofressem avaliação do MEC ainda este ano gerou enorme mal-entendido.

Na audiência que cerca de 20 coordenadores de cursos de Jornalismo tiveram com o ministro da Educação, em junho do ano passado, Paulo Renato Souza prometera que os equipamentos de uma antiga licitação do MEC ? de 1996 ? seriam enfim liberados. O ministro, otimista, chegou a falar em entregar os equipamentos em 30 dias.

Até agora, nenhum curso recebeu equipamento, embora alguns já tenham previsão de chegada nos próximos meses.

Mas o que incomodou muito na semana foi a divulgação de uma lista de cursos a serem avaliados pelo MEC, inclusive dois de universidades federais. Afinal, o ministro se comprometera que nenhum curso seria avaliado antes que os equipamentos tivessem chegado.

Em matéria neste Observatório [edição 183, remissão abaixo] chamei a atenção para a gravidade do fato de um compromisso do ministro estar sendo descumprido, mas o texto errou ao mencionar a possibilidade de cursos serem avaliados antes da chegada dos equipamentos. No MEC, a informação era unívoca: as universidades federais que serão avaliadas solicitaram formalmente a renovação de reconhecimento. Não foi iniciativa do MEC incluí-las na lista. A apuração dos fatos foi verdadeiramente kafkiana. Numa das universidades listadas, o diretor, o pró-reitor de Graduação, o reitor e o responsável pela avaliação ? todos ignoravam a solicitação.

Um funcionário, preocupado com uma portaria ministerial determinando que os cursos irregulares não poderiam emitir diploma, solicitou a renovação de reconhecimento do curso de Jornalismo da instituição, mas não avisou a uma única autoridade. E a portaria determinava apenas que a instituição fornecesse o nome dos alunos formandos para que o diploma pudesse ser emitido sem problemas.

Somente na quinta-feira (8/8) tudo se esclareceu.

Os equipamentos prometidos pelo ministro em 30 dias até agora não chegaram. É preciso que cheguem ainda neste semestre, pois em 2003 haverá novo mutirão de Avaliação das Condições de Ensino e as universidades federais não vão poder escapar.

Mas a promessa do ministro de que nenhum curso seria avaliado antes da chegada dos equipamentos está sendo rigorosamente cumprida. Se dois cursos de universidades federais estão em processo de renovação de reconhecimento é porque tais cursos protocolaram no MEC pedido neste sentido.

A frase "Os equipamentos não vieram, mas a promessa de só avaliar depois corre o risco de ser descumprida", a segunda do último parágrafo da matéria intitulada "Ninguém sabe, ninguém viu", publicada deste Observatório (edição n? 183) está, portanto, errada.

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