THE WASHINGTON POST
No dia 13/2, o Washington Post trazia na capa chamada para a matéria "Unidades de operações especiais já estão no Iraque", do repórter de assuntos militares Tom Ricks. A reportagem revelava que o exército americano estava secretamente vasculhando o território iraquiano atrás de armamentos inimigos, localizando desertores das forças de Saddam Hussein e instalando um sistema de comunicação.
O ombudsman do Post, Michael Getler, em sua coluna de 23/2/03, comenta que recebeu diversas mensagens de leitores perplexos com a matéria. Alguns reclamaram que o vazamento de tais informações poderia colocar soldados em risco. Outros ponderavam que o Pentágono poderia estar plantando a notícia e que o jornal poderia estar sendo manipulado. Qual seria o verdadeiro motivo para um fato como este chegar aos jornais? Seria uma estratégia para assustar Saddam? Seria uma maneira de passar ao público americano a idéia de que a estratégia de guerra no solo, diferentemente dos bombardeios da Guerra do Golfo, "diminuirá substancialmente o impacto sobre a população iraquiana", como diz a reportagem? Ou seria simplesmente o resultado de um bom trabalho de apuração?
Getler conta que, segundo o repórter, a notícia foi conseguida junto a funcionários do Pentágono que solicitaram que dados geográficos sobre as movimentações de tropas fossem omitidos. O ombudsman observa, no entanto, que os leitores têm razão em querer saber sua procedência. O Post deveria ter incluído estes detalhes na própria matéria. Ricks concorda: "Esta é uma área delicada e entendo a preocupação dos leitores. Penso que deveríamos atender melhor a estes anseios nas reportagens". Ele completa, contudo, que "às vezes, pode ser difícil fazer isso".