CRÍTICO FAKE
Depois da descoberta de um "crítico fantasma" na Sony Entertainment, a empresa prometeu investigar o caso e tomar medidas. Na mesma semana, anunciou a suspensão por 30 dias de dois executivos e apresentou Matthew Cramer como o único funcionário responsável pelas campanhas de dois dos filmes que ganharam falsas aspas de elogio em seus cartazes. A branda punição e a idéia do "culpado solitário" aguçaram ainda mais as suspeitas de veteranos de Hollywood, disse Andrew Hindes [Inside, 13/6/01].
Cramer e Josh Goldstine, respectivamente diretor e vice-presidente da área de criação, foram suspensos por 30 dias sem direito a pagamento. Segundo nota do estúdio, Goldstine foi punido porque o caso ocorreu em seu departamento, o que para muitos significa que ele não sabia da prática ou simplesmente fingiu não perceber.
De qualquer forma, especialistas do ramo afirmam ser impossível, no processo de aprovação de anúncios da Sony, que uma única pessoa tenha usado o falso esquema por quatro vezes sem que outras soubessem.
Para acirrar as suspeitas, o funcionário nem foi demitido, o que leva a crer que Cramer não seja o único culpado. A demissão seria a oportunidade de a empresa mostrar sua intolerância com a falta de ética, e talvez o assunto não demorasse muito para ser esquecido. A permanência do culpado na companhia é vista como evidência de que ele não agiu sozinho.
Uma semana após a descoberta do crítico fictício, uma nova história veio piorar ainda mais a já abalada credibilidade da Sony. Desta vez, contou Claude Brodesser [Variety, 15/6/01], a invenção apareceu em propaganda para TV do filme O patriota, da Columbia Pictures. A montagem mostrava depoimentos de pessoas nas ruas, entusiasmadas com a produção estrelada por Mel Gibson. Entretanto, não informava aos telespectadores que dois desses entrevistados eram funcionários da própria Sony Pictures Entertainment. Tamaya Petteway e Anthony Jefferson trabalham no departamento de marketing da empresa.
A prática de usar funcionários e pequenos atores é comum em Hollywood. No entanto, empregados da área de marketing de outros estúdios afirmam que é extremamente incomum o uso dos próprios funcionários. A Columbia Pictures discorda, e garante que não é a única. Mas a porta-voz da empresa admite que talvez seja a hora de rever as práticas de marketing e repensar alguns limites.