Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Falso agente secreto

MONITOR DA IMPRENSA

CNN

Na segunda-feira, 23 de abril, a CNN entrevistou com um suposto ex-funcionário do Departamento de Narcóticos da CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos), e gostou tanto do depoimento que algumas horas depois trouxe Kenneth Bucchi de volta para o talk show de Greta Van Susteren. Na quarta-feira, disse Howard Kurtz [Washington Post, 26/4/01], a CIA enviou nota à rede dizendo que o entrevistado era um impostor. A nota foi lida durante o noticiário, mas a CNN não desmentiu a história ou se desculpou.

O motivo da entrevista foi o livro Operation Pseudo Miranda: A veteran of the CIA drug wars tells all (Operação Pseudo Miranda: um veterano da CIA na guerra contra as drogas conta tudo). Bill Harlow, diretor de relações públicas da CIA, disse ao Washington Post que a história de Bucchi não passa de ficção, e que ele jamais trabalhou para a agência.

O livro, assim como contou o autor no talk show, traz uma outra versão da guerra dos EUA contra as drogas. Enviado à Colômbia para combater os grandes cartéis do tráfico, Bucchi foi designado para o plano "Pseudo Miranda". "Tínhamos basicamente uma operação de cumplicidade", contou. Segundo ele, o projeto consistia em estabelecer acordos com os grandes chefes do tráfico colombiano. O objetivo era controlar os cartéis e ficar com metade da cocaína. O autor do livro disse não poder provar que fez o serviço, já que os trabalhos são mantidos no mais absoluto sigilo.

O livro foi publicado pela primeira vez em 1994, e mesmo depois de várias aparições de Bucchi em rádios e na televisão, a CIA ou nenhum outro órgão governamental tentou desmentir a história, disse a CNN em declaração sobre o caso. A Fox News também levou ao ar em janeiro uma entrevista com o autor. O produtor executivo da emissora, Bill Shine, disse que na época ligou para a CIA e para o Departamento de Estado para confirmar a história, mas ninguém retornou as ligações. Além disso, disse Shine, Bucchi levara ao programa documentos que sugeriam que teria trabalhado na agência.

A CNN, em parceria com a IBM e a Sony Eletronics, anunciou seu primeiro grande passo rumo à criação de uma biblioteca digital de noticiários da TV. Segundo Susan Stellin [The New York Times, 23/4/01], um novo sistema converterá 115 mil horas de gravações da emissora dos últimos 21 anos, criando um arquivo computadorizado que facilitará a busca, a restauração e a distribuição dos videoclipes.

O sistema ajudará produtores na edição dos clipes, e pode ainda tornar possível a venda desse material ao público pela internet, num esquema pay-per-view, ou por meio de sistemas a cabo interativos de alta velocidade. A intenção do empreendimento, segundo um dos vice-presidentes da CNN, Gordon Castle, é preservar os arquivos da emissora e desenvolver a capacidade de distribuir seu conteúdo de novas maneiras, além de tornar as operações dos noticiários mais eficientes.

O projeto, que deve estar concretizado em até sete anos, envolve uma combinação de hardware e software. No segundo semestre do ano os produtores já conseguirão encontrar, a partir de seus próprios computadores, não só textos descritivos ? o que hoje já fazem ?, como também os arquivos de vídeo, que poderão assistir em seu monitor num formato de baixa resolução (por enquanto). "Tudo isso está nos guiando para um mundo em que podemos mover conteúdo muito rapidamente ? e acessá-lo pelo desktop", disse Castle.

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