CASO DA SOLDADO LYNCH
O resgate da soldado Jessica Lynch, de 19 anos, foi um dos momentos marcantes da guerra e provocou uma onda de patriotismo nos EUA. Capturada numa emboscada que matou nove colegas, a jovem foi levada a um hospital local, de onde forças especiais americanas a tiraram oito dias depois, em operação filmada com câmeras de visão noturna do próprio Exército. A unidade disse ter enfrentado tiros vindos tanto do hospital quanto de fora ? “bravos homens arriscaram suas vidas para que isso pudesse acontecer”, declarou o general Vincent Brooks ?, mas conseguiram levar a soldado até o helicóptero. Segundo os médicos, Jessica teria sido baleada e esfaqueada.
No entanto, como apurou o correspondente da BBC John Kampfner [15/5/03], a história, de acordo com testemunhas, &eacueacute; muito diferente. O médico Harith a-Houssona, que atendeu a soldado no hospital, disse que ela apresentava apenas “um braço e uma coxa quebrados e o tornozelo deslocado”. “Não entendo por que vêem algum benefício em dizer que ela tinha ferimentos a bala.”
Anmar Uday, outro médico que trabalhou no hospital naqueles dias, declarou que os militares iraquianos tinham deixado o local no dia anterior. “Ficamos surpresos. Por que fazer isso? Não havia soldados. Foi como um filme hollywoodiano. Eles gritaram ?vamos, vamos? com armas e som de explosões. Fizeram um show ? como filmes de ação do Sylvester Stallone ou de Jackie Chan.”
As testemunhas teriam também revelado que, dois dias antes da invasão do hospital, Harith tentou entregar Jessica aos americanos numa ambulância. Assim que o veículo se aproximou de um posto dos EUA, no entanto, as tropas abriram fogo, forçando-o a voltar.
Segundo os médicos que cuidam atualmente da soldado, ela não se lembra do episódio.