Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Fernanda Dannemann

TV PARA CRIANÇAS

“O bê-á-bá eletrônico”, copyright Folha de S. Paulo, 13/4/03

“AO ELEGER as crianças de dois a cinco anos como seu público exclusivo, em 2002, o canal pago Discovery Kids diz ter dobrado sua audiência na América Latina e atingido aproximadamente 13 milhões de lares. No Brasil, o canal adotou a estratégia em janeiro, e afirma que seu público quadruplicou desde então, tornando-se o segundo mais visto por mulheres de 25 a 34 anos -no caso, as mães-, faixa etária em que perde apenas para o Sony. Criada para um público que o Ibope quase não considera -a medição atinge crianças a partir dos quatro anos-, a programação de TV para pré-escolares, qualquer que seja o canal, é elaborada por especialistas e não visa só a entreter. ?No Discovery Kids não há lugar para a violência. Nossas séries oferecem ferramentas para desenvolver as aptidões necessárias à vida?, diz a diretora de programação do canal, Bilai Joa Silar. O Nickelodeon, que informa estar em cerca de três milhões de lares no Brasil, veicula um mesmo episódio do desenho ?As Pistas de Blue? durante toda a semana, para estimular o aprendizado. Em ?Dora, a Aventureira?, a heroína, latina e bilíngue, ensina espanhol. ?Não pretendemos substituir os pais ou a escola (…) mas nos empenhamos de forma socialmente responsável?, diz o vice-presidente de programação do canal na América Latina, Charles Singer. E, por falar em escola, algumas atrações chegam a ser consideradas uma espécie de apoio escolar: ?Barney?, o dinossauro do Discovery Kids, foi pesquisado pela Universidade de Yale (EUA) em 1999 e apontado pelos estudiosos Jerome e Dorothy Singer como ?quase um modelo de programa pré-escolar?. Com programação mais eclética, o Disney Channel difunde, em seu bloco ?Playhouse?, valores como amizade e honestidade. Um exemplo é ?Oswald?, o polvo sensível, e seus personagens fantásticos como uma margarida ciclista. O Nickelodeon ouve a clientela. ?Nós escutamos as crianças. Todas as audiências têm seus desafios, mas, nesta, às vezes a diferença de sexo é a mais profunda?, diz Singer. Prestes a comemorar dez anos em abril, o Cartoon Network -que informa estar em cerca de 13,4 milhões de lares latinos- faz seu show com os estúdios Warner Bros., MGM e Hanna-Barbera. ?O Cartoon não tem o rótulo ?apenas para esta idade?. Temos ?Tom & Jerry? e ?Pernalonga?, apreciados por todas as idades?, diz Cindy Kerr, vice-presidente de programação do canal. Mas o Cartoon também aposta nos pequenos. ?Alguns desenhos passam mensagens importantes, como ?Historinha de Dragões?, sobre temores comuns na infância?, diz Kerr.

Intervalo

Um dos maiores feitos do Disney Channel é que os intervalos comerciais se limitam a vinhetas do canal. A triagem não é tão dura na concorrência, mas os critérios existem. ?No Discovery, a seleção é rigorosa para verificar a adequação da publicidade ao perfil educativo?, diz Celso Vergueiro, diretor de publicidade do canal. No Cartoon, o critério é óbvio: ?Não aceitamos anúncios políticos, de bebidas alcóolicas, televendas e com violência?, afirma Rafael Davini, diretor de vendas publicitárias da Turner no Brasil.

TV aberta

No ar desde outubro, ?Xuxa no Mundo da Imaginação? chegou a 19 pontos no ibope em sua estréia, em 28 de outubro (cada ponto equivale a 48,5 mil domicílios na Grande SP). Na última segunda-feira, com oito pontos, ficou em segundo lugar, mesmo com novos quadros. À frente, o SBT, com 11 pontos, veiculava desenhos.

Segundo Mario Meirelles, diretor do programa de Xuxa, sua equipe ainda busca o equilíbrio para falar com crianças de zero a oito anos, de diferentes classes sociais e de níveis de escolaridade distintos. ?Nossa preocupação é que o programa plante uma semente de incentivo à leitura e ao estímulo criativo (…) e que a criança encontre na televisão ferramentas para uma formação cultural mais adequada em um veículo de comunicação de massa?, diz ele.

Na TV Cultura, experiente no assunto desde o ?Castelo Rá-Tim-Bum?, atualmente o bloco ?1,2,3 e… Já!?, composto por 11 séries inéditas de desenhos e bonecos, é voltado aos pequeninos.

Afora isso, a emissora tem ?Cocoricó?, no qual bonecos manipulados discutem temas como as estações do ano em histórias curtas passadas numa fazenda. O melhor: tudo ?made in Brazil?.”

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“Afinal, televisão faz bem ou mal à criança?”, copyright Folha de S. Paulo, 13/4/03

“?A TV não vicia nem promove a passividade?, diz Maria Teresa Rocco, professora da Faculdade de Educação da USP e estudiosa da televisão há mais de 20 anos. ?As pessoas confundem passividade com estar quieto. Crianças não fixam a atenção por muito tempo?, diz, aconselhando 45 minutos, no máximo, de exposição diária.

Na opinião de Waldemar Setzer, professor do departamento de Ciências da Computação, na USP, e autor do livro ?Meios Eletrônicos e Educação: Uma Visão Alternativa?, ?a TV foi a maior tragédia que aconteceu à humanidade, e não tem comparação com nenhuma guerra?.

De acordo com Setzer, ela ?mata a imaginação e leva ao estado hipnótico?. ?Na TV não há aprendizado, há condicionamento?, diz ele.

Já a influência dos comerciais, Maria Teresa afirma que só acontece a partir dos cinco anos. ?Mas a TV não é culpada pelo consumismo infantil, os culpados somos nós, que atribuímos a ela a responsabilidade de educar?, afirma.

Setzer lembra que, em 2000, foram investidos R$ 12,9 bilhões em publicidade no Brasil, sendo 63,5% na televisão. ?Eis a prova de que funciona, e a criança é mais receptiva que o adulto.?

Para Maria Teresa, os desenhos fortalecem o imaginário, e a TV Cultura é uma excelente alternativa na TV aberta. Setzer, no entanto, é contrário até ao elogiado ?Castelo Rá-Tim-Bum?: ?As figuras são grotescas. Bruxas não devem ser vistas, só imaginadas?.

Maria Teresa diz que o caminho é a atenção: ?A TV não substitui a relação social. A criança só não brinca se não tiver com quem?.”

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“TV desperta paixões infantis”, copyright Folha de S. Paulo, 13/4/03

“?ELA brinca com outras coisas, mas gosta que a TV fique ligada nos ?Teletubbies?. Quando identifica um dos episódios preferidos, larga o que estiver fazendo e corre para ver?, diz a jornalista Andréa Gardabassi, 26, mãe de Beatriz, um ano e quatro meses, que tem uma fita de quatro horas ininterruptas do seriado exibido pela Cultura e pelo Discovery Kids.

?Ela está com a fala bem desenvolvida e imita o que eles dizem?, afirma Andréa, que deixou a TV de 29 polegadas exclusivamente para a filha e está satisfeita com a ausência de comerciais. ?A Beatriz só quer ?Teletubbies?, não fica um minuto parada na frente da ?Xuxa’?, diz a mãe.

Já as irmãs Carolina, 3, e Isabela, um ano e quatro meses, apreciam a diversidade. ?Em casa, passam a maior parte do tempo vendo TV?, diz a mãe, a dentista Patrícia Martineli, 27. ?Tentei que assistissem ?Xuxa?, ?Eliana? e ?Sítio do Picapau Amarelo?, mas nenhum desses prendeu a atenção delas.?

Para Patrícia, que só consegue ver outra coisa na TV quando as filhas estão dormindo, a programação específica para pré-escolares é mesmo educativa. ?E é um calmante natural, diminui a adrenalina delas?, diz.

Já o advogado João Paulo Veiga, 31, pai de João Pedro, 5, lamenta que o menino aprecie as maratonas do Cartoon. ?Torço para fazer sol porque, se chover, ele vê TV o fim de semana inteiro?, diz.”

 

KAJURU & DATENA JUNTOS

“Kajuru e Datena na guerra do domingo”, copyright Folha de S. Paulo, 13/4/03

“OS RECÉM -contratados da Band Jorge Kajuru, 42, apresentador do ?Esporte Total? (12h e 20h), e José Luiz Datena, 45, âncora do ?Brasil Urgente? (18h), estréiam em junho o dominical ?Tela Cheia?, das 18h às 20h30. Eles dizem que a produção é ?um sonho antigo? dos dois, amigos há mais de 30 anos.

Como surgiu a idéia de apresentar um dominical?

Datena – Conheci o Kajuru com 15 anos de idade. Começamos no rádio juntos, em Ribeirão Preto. A idéia de fazer um dominical conosco partiu de Marcelo Carvalho, da Rede TV!. Somos uma dupla como o Pelé e o Coutinho.

Kajuru – Depois veio a idéia do nome: ?tela? vem da frase ?Põe na tela.?, do Datena, e ?cheia? de gordo (risos).

Como será o ?Tela Cheia??

Datena – Quanto mais liberdade tivermos, melhor. Faremos uma mistura de jornalismo e entretenimento. A idéia é aproveitar a espontaneidade do rádio.

Kajuru – O Faustão fazia o ?Perdidos na Noite? [Band, 1986-88] à vontade. Gostamos daquilo. O ?Tela Cheia? será uma mistura de jornalismo ao vivo com ?Perdidos?; da irreverência do Flávio Cavalcanti com a espontaneidade do ?Clube dos Esportistas? [programa de Silvio Luiz exibido na Record entre 1982-86].

O programa terá quadros diferentes?

Datena – Vamos ter um quadro só para porrada, o ?Brasil do Mal?, com comentários sobre o fato da semana. Mostraremos também o lado positivo: o quadro ?Brasil do Bem?. Vamos exibir shows musicais e reportagens com helicóptero. A idéia é integrar a rede utilizando os apresentadores.

Kajuru – O factual jornalístico será feito pelo Datena. Eu fiquei com a parte do entretenimento, que o Faustão fazia.

Quais são as metas?

Datena – O ?No Vermelho? atingiu picos de sete pontos de frente com o ?Domingão? e o ?Domingo Legal?. Mas o Dennis Munhoz [presidente da Record] decidiu me afastar. É um péssimo presidente. A Record deu uma Ferrari a um piloto de autorama. Nosso objetivo na Band não é bater os concorrentes, mas atingir uma boa média após um ano.

Kajuru – Queremos ser uma alternativa, dar espaço a gente que não tem acesso. Os dominicais da Globo e do SBT levam os mesmos convidados e cantores.

Como pretendem aliar o popular à qualidade, sem baixaria?

Datena – Para dar ibope, não precisamos socar as pessoas. Essas bobagens de pegadinhas tomam o lugar de bons profissionais. O povo gosta de coisa boa.

Kajuru – Não podemos perder a nossa credibilidade. A cara da Band é o popular, sem o popularesco.

OUTRO LADO: O presidente da Record, Dênis Munhoz, não quis responder à crítica feita por José Luiz Datena”

 

SAIA JUSTA

“?Saia Justa? faz festa de 1 ano com direito a platéia”, copyright O Estado de S. Paulo, 13/4/03

“Elas não são exatamente uma versão convencional de Clube da Luluzinha. Rita Lee, Marisa Orth e Fernanda Young, sob a ancoragem de Mônica Waldvogel, não têm a pretensão intelectual do Manhattan Connection – só para mencionar a mesa-redonda mais tradicional da nossa TV paga – e é justamente o tom despretensioso de um quarteto tão eclético que faz a graça do Saia Justa. Com fôlego garantido por cinco patrocinadores, o programa, também do canal GNT, completa seu primeiro aniversário esta semana.

Para comemorar a data, uma edição especial será gravada nesta terça, no Teatro Santa Cruz, em São Paulo, com platéia de 200 convidados. A cena vai ao ar no dia seguinte, às 21h30 e agora sob nova direção. O comando do Saia Justa passa a ser de Ninho Moraes, que desde o Cara a Cara, na Bandeirantes, comanda os programas de Marília Gabriela – e continuará pilotando o Marília Gabriela Entrevista.

Entre as novidades anunciadas para este segundo ano está um passeio das câmeras pelos camarins do quarteto. É que as fofas consomem duas horas só no make-up e, enquanto se preparam para entrar em cena, afiam a língua com comentários que valeriam a pena chegar aos ouvidos do público.

O Saia Justa completa um ano como um dos programas mais assistidos do canal, alcançando médias mensais de 68,5 mil assinantes no horário nobre, mais de 2% de share. A edição em que elas receberam Hebe Camargo foi assistida por mais de 114 mil pessoas, segundo a diretora do canal, Letícia Muhana.

Aliás, a presença de um convidado especial agora passa a ter vaga fixa, sempre no último programa de cada mês.

Também está em estudo a criação de um quadro chamado provisoriamente como Mulherão: uma anônima – dona-de-casa, executiva, trabalhadora, etc. – participaria das discussões de um dos segmentos do programa.

O aniversário valerá ainda uma sessão extra de interação com os assinantes do canal. Por volta das 18 horas desta terça, antes da gravação do especial, as apresentadoras e convidados especiais participarão de um bate-papo com os internautas nos sites do GNT e da Globo.com.”