JORNAL DE NOTÍCIAS
"Os ?media? pulsam ao ritmo das sociedades", copyright Jornal de Notícias, 19/4/03
"Se os jornalistas são mais intervenientes é porque os leitores exigem hoje mais do que informação
Aquando da posse, nos Estados Unidos da América, do primeiro Provedor dos Leitores (John Hershenroeder, no ?Courier-Journal and Times?, de Louisville, no Kentucky). no já distante mês de Junho de 1967, foi, de imediato, levantada a questão da parcela de ?marketing? que a função representa.
Norman Isaacs, director do jornal, na cerimónia que assinalou um marco do jornalismo, entre as razões com que justificou o novo cargo, não deixou de enumerar, como uma das mais importantes, a crise de credibilidade que, na altura, afectava os ?media? dos EUA.
(Não esqueçamos que a Guerra do Vietname estava no auge, e que a opinião pública americana vivia, quotidianamente, entre a informação e a propaganda que queria escamotear os números que, no final, falavam de 60 mil mortos em combate, do lado americano (três milhões de vietnamitas!), cerca de 200 suicídios e um número de prisioneiros que ultrapassava o milhar).
Como se sabe, hoje, em Portugal, os jornalistas, longe de viverem uma crise de credibilidade, gozam, provavelmente, de um excesso de aceitação e de confiança. Mas nem por isso a função do Provedor deixa de constituir, também, objectivamente, um garante de equidistância e de comportamento ético-deontológico , que aproveita ao ?marketing?.
Compreende-se, portanto, a reacção de Rui Santos Almeida, de Sintra, que confessa que só recentemente passou a ser leitor desta página, uma vez que, durante muito tempo, a viu tão-somente como um instrumento promocional do produto jornal.
Foi justamente o começo da invasão do Iraque que o levou a debruçar-se sobre aquilo que o seu cepticismo sempre rejeitara. ?Quis saber o que o Provedor, com uma motivação que decerto transcenderia o domínio fechado do próprio jornal, pensava da forma como o guerra estava a ser tratada pelos jornalistas portugueses?.
Rui Almeida, neste seu primeiro contacto com o Provedor, considera que esta página constituiu ?um excelente manual de como devia ser lida e vista a informação sobre o Iraque?. Como falha aponta não terem aqui sido abordados nem a divisão do campo jornalístico em pró e anti-americanos, tão-pouco o excessivo protagonismo dos enviados especiais. Para o leitor, ?a certa altura, os jornalistas das televisões portuguesas é que pareciam os grandes protagonistas do espectáculo da guerra?.
Rui Almeida faz, claramente, uma confusão entre repórteres e colunistas, entre informação e opinião. Não é o único!
De facto, a nível da opinião, expressa no sítio próprio por jornalistas ou não, houve um posicionamento maniqueísta. O mesmo, porém, não aconteceu, de uma maneira geral, nas reportagens ? nem na Imprensa, nem na Televisão.
Se, na TV, a palavra em ?off? deu muitas vezes lugar à crónica com o rosto do jornalista em primeiro plano, isso deveu-se, decerto, à escassez de imagens credíveis (não o eram nem as das visitas guiadas pelo celebrizado ministro da Informação iraquiano, nem as dos ?briefings? dos aliados, ou a recolhidas sob a protecção e orientação das forças de qualquer um dos lados).
Televisão sem imagem não é televisão ? e seria menos fastidioso o imutável cenário recolhido de uma varanda de hotel (isto no caso do excelente trabalho de Carlos Fino em Bagdad), do que o rosto do repórter.
Se (e muitas vezes a solicitação dos mal preparados ?pivots? no estúdio) os jornalistas, para além da informação, não se escusaram a um comentário, a uma opinião, a uma prospecção,nem por isso terá sido ferida a ?objectividade ?(o que quer que isso seja).
Nas televisões como nas rádios e nos jornais, ainda que servindo-se de técnicas diferentes, os jornalistas têm, hoje, que saber corresponder às necessidades de informação das sociedades que servem e às quais cada vez menos basta saber o que aconteceu. Hoje ganham preponderância as respostas a perguntas como: porquê, para quê, com que repercussões no futuro próximo da sociedade em que nos integramos e daquelas que nos cercam?
Dinis Manuel Alves e dois portugueses radicados em Toronto (Rafael Santos e António Duarte) chamaram a atenção para falhas da página do Provedor na edição electrónica do JN.
Faltavam, de facto, as edições entre 5 de Outubro e 9 de Novembro de 2002.
Oportunamente serão colocadas na ordem de publicação.
A resposta dada, na edição de 30 de Março, a uma reclamação de Manuel Rodrigues, de Linda-a-Velha, não satisfez, nem o próprio, nem cinco outros leitores, que se dirigiram ao Provedor em defesa da posição que aquele assumira.
Um dos protestos é liminarmente ignorado, dada a incorrecção e o chorrilho de insinuações e de presunções que não dignificam quem as formula ? e muito menos os ideais em nome dos quais são formuladas.
Nas restantes posições prevalece a afirmação de que não foi posta em causa por Manuel Rodrigues nem a legitimidade da Direcção de dirigir convites para que quem-quer colabore no jornal, nem os critérios de selecção desses mesmo colunistas. A discordância reduz-se à forma como, em notícia, os três novos colaboradores foram apresentados, dando a ideia, aos menos bem informados, de que Edgar Correia é uma voz alinhada com a Direcção do PCP e não um ex-militante.
Reconhece o Provedor que teria sido mais preciso, mais rigoroso e como tal mais correcto, se tivesse sido expressa a posição do partido em relação àquele comunista. Mas rejeita, mesmo como suspeição, a qualificação de ?manholice?.
O erro já foi reparado, aparecendo as quatro colunas em causa junto com as mais recentes, e todas com a data de 1 de Abril deste ano — altura em que foi feita a correcção."