JORNAL DE NOTÍCIAS
"?Arrábida? fez 40 anos", copyright Jornal de Notícias, 6/7/03
"Joaquim Baptista Tomás, de Canidelo, Gaia, lamenta o esquecimento a que o JN, justamente na véspera de S. Joâo, votou o 40? aniversário da inauguração da Ponte da Arrábida.
Para o leitor, a ?revolucionária e arrojada obra de engenharia civil, que ainda hoje é símbolo da cidade e da região?, merecia uma menção.
Merecia, de facto, e pretexto (para além da própria efeméride) não faltava, recente como era a consagração do monumento e do seu autor, prof. eng? Edgar Cardoso, pela Ordem dos Engenheiros.
Acontece…"
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"À volta da ?Volta?", copyright Jornal de Notícias, 6/7/03
"É também recorrente, desde há três anos, o tema do ciclismo e da Volta a Portugal.
Modalidade arrebatadora de multidões, o ?Jornal de Notícias? sempre a acarinhou e, durante quase 20 anos, teve a seu cargo a organização da ?Volta?.
Por decisão da Federação Portuguesa de Ciclismo, a partir de 2000, a prova maior do velocipedismo português foi entregue a outros organizadores.
Foi o início de queixas pela disparidade entre o tratamento dado pelo JN à ?Volta? enquanto organizador… e depois disso.
Com a generalização que agora também faz Júlio de Almeida Peres, de Nogueira do Cravo, Oliveira de Azeméis: o JN deixou de dar relevo ao ciclismo.
Tem sido reiteradamente explicado ? também nesta página ? que grande parte do destaque antes dado pelo JN decorria de compromissos comerciais assumidos como entidade organizadora. Esses terminaram, mas não acabou nem acabará a informação e o carinho que o JN vota ao ciclismo.
A qualidade da informação, porém, não se mede ao metro…"
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"O sazonal desconforto da informação de férias", copyright Jornal de Notícias, 6/7/03
"A proximidade (e a necessidade) das férias de Verão também se reflecte nas opções editoriais
Tem um ciclo aproximado de um ano e pode chamar-se-lhe a síndrome do Verão no sul da Europa. No fundo não passa do fenómeno social que faz de Julho e Agosto o epicentro do nada militante praticado por quase todos ? até por aqueles que têm a seu cargo a gestão corrente desse intervalo correspondente à quinta parte, pelo menos!, do período activo (?) da vida nacional.
Não são, claro, apenas Julho e Agosto ? até porque a aproximação dos Santos Populares já rescende a férias e traz consigo (mais ponte, menos ponte) a inelutável vontade de descanso; e porque Setembro arrasta, mesmo para aqueles que não têm raízes rurais, a nostalgia das vindimas.
Fiquemo-nos pela constatação dos factos e deixemos aos sociólogos as análises possíveis do marasmo.
Quando muito, debrucemo-nos um pouco sobre a forma como os ?media? podem fazer do nada um cacharolete que concentre o interesse ? pelo menos dos seus consumidores habituais.
A fórmula perdeu no tempo os seus autores, mas a verdade é que se foi generalizando a partir do princípio de que ?férias? faz parte do mesmo campo semântico de ?frivolidade, despreocupação e ?nonsense?.
Daí a constatação de alguma inversão dos valores da escala do interesse jornalístico ? que, frequentemente, nem é deliberada mas fruto daquilo que, também nas redacções, pode chamar-se o ?espírito de férias? .
É disso, no fundo, que se queixa Carlos Santos Martins, de Espinho. Acha o leitor que o JN ?perdeu o sentido do valor das notícias? ? desnorte que, em sua opinião, se reflecte na Primeira Página, em que, ?o título mais forte e mais destacado até pela sua posição não está ligado ao tema mais importante ? nem da edição, nem da própria página de rosto?.
Carlos Martins trouxe ao Provedor a análise que fez às edições de segunda e quinta-feira da semana que ontem terminou.
Começando pela ?Primeira? do dia 30, segunda-feira, o leitor não entende como se faz a manchete de um tema que nem é novo nem representa qualquer decisão menos correcta, que é o encerramento de duas mil escolas, principalmente do ensino básico, porque tem, cada uma delas, menos de 10 alunos. Em contrapartida, nota o leitor que, apesar do posicionamento mais acima, tem muito menos destaque o anúncio pelo ministro da Saúde do fim das listas de espera para 2005. ?Não será este um assunto que interessa muito, mas muito mais, a todos os portugueses??, pergunta Carlos Martins.
O título principal de quarta-feira é para o leitor outro exemplo de critério errado. ?Ainda que com números recentes, diz aquilo que todos sabemos: os estudantes portugueses têm fracos índices de leitura?. Em contrapartida, acha que foi minimizada (a uma coluna) a chamada para o Relatório do Banco de Portugal, de que quase todo o país estava à espera com ansiedade.
Há, segundo o leitor de Espinho, uma tendência para o sensacionalismo aligeirado, que já se sentia na véspera, terça-feira, quando se dizia ?Inflação absorve ganhos salariais? e se escondia no interior do jornal uma realidade nova: segundo dados da Comissão Europeia, o clima económico melhorou em Junho, pelo segundo mês consecutivo.
?Isto sim, é notícia; a manchete é Lapaliciana, porque se os ganhos salariais não fossem absorvidos não havia inflação?, critica Carlos Martins.
Naturalmente que não há escalas absolutas de valor das notícias, e a escolha de uma manchete é necessariamente subjectiva.
Haverá, sempre, um número grande de defensores de um dos critérios ? qualquer que ele seja.
No JN, como em muitos outros jornais, a escolha da manchete e dos outros títulos da Primeira Página é o resultado de reuniões em que participam directores e editores. E o Provedor não tem dúvidas de que o fenómeno Verão e a sua influência no tipo de leituras preferido para esta altura do ano acaba por determinar, de alguma maneira, os temas a relevar na ?montra? do jornal.
Porque, em tempo de férias … ?as preocupações seguem dentro de momentos?."