EQUIPAMENTOS DO MEC
Victor Gentilli
Quem primeiro anunciou foram os que trabalha(va)m em silêncio. O curso de Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais informou que os equipamentos de uma licitação aberta em 1996 finalmente chegaram. Primeiro os equipamentos de vídeo (câmeras, ilhas e outros), os de fotografia já estavam a caminho.
Depois, a turma de Brasília confirmou. O curso da UnB também já está com os equipamentos. Ninguém ainda abriu as embalagens, mas elas já estão nas universidades. A Universidade Federal do Espírito Santo também já recebeu.
Um longo caminho
Muita gente já tinha esquecido. A maioria nem acreditava mais. No ano passado, porém, os hospitais universitários receberam os tomógrafos, e outros equipamentos médicos de alta tecnologia. Eram da mesma licitação.
O equipamento chega carimbado: o destino são os cursos de Jornalismo.
Os projetos de 1996 foram refeitos em 2001, quando o então ministro Paulo Renato Souza atendeu a um grupo de mais de 20 coordenadores de cursos de Jornalismo. A audiência nascera no Seminário do Provão do mesmo ano. O diretor do Departamento de Avaliação do Ensino Superior, Tancredo Maia Filho, mostrava que o Provão era um instrumento útil para que os coordenadores de cursos pressionassem os mantenedores por melhores condições. Tancredo falava para uma maioria de coordenadores de cursos privados. Mas uma representante da minoria levantou o braço:
? Doutor Tancredo, nós, das universidades federais, estamos com muita dificuldade de falar com nosso mantenedor…
Quem esperava um silêncio constrangedor encontrou uma resposta imediata.
? Eu me comprometo aqui a viabilizar uma audiência dos coordenadores de cursos com o ministro Paulo Renato.
Menos de dois meses depois, o ministro estava recebendo os coordenadores.
Se o coordenador de avaliação prometeu e cumpriu, por que o ministro não cumpriria a promessa de que os equipamentos chegariam, no máximo, em 30 dias? Os coordenadores precisariam atualizar os pedidos de equipamentos com urgência.
Passados cerca de 60 dias, nenhum sinal do MEC. Pior: servidores e professores das universidades federais entraram em greve. Uma greve de mais de 100 dias, sem nenhum resultado.
Muitos voltaram a descrer.
No ano passado, tudo voltou a correr novamente. O ministro não queria encerrar seus oito anos à frente do MEC sem entregar os equipamentos desta licitação. Mas houve marchas e contramarchas; tempos e contratempos. Em certo momento, o ministro determinou que os equipamentos destinados aos cursos de Jornalismo fossem ampliados em 25%. Afinal, na audiência, coordenadores, assessores e ministro concordaram que não fazia muito sentido o MEC exigir equipamentos de todos os cursos nas avaliações e não cumprir com sua obrigação de provedor dos cursos federais.
De todo modo, todos foram chamados a atualizar novamente os equipamentos.
Fernando Henrique saiu, Lula entrou; Paulo Renato saiu, entrou Cristovam. Os contratempos impediram o ministro de entregar os equipamentos.
Mas 2003 viria com surpresas para os cursos federais. A primeira é que o ministro decidira manter Tancredo Maia Filho como diretor de Avaliação do Inep. A direção do Inep sofreria grandes mudanças, o Provão deve ser bastante aperfeiçoado e modificado, mas não haverá descontinuidade.
Na semana passada, como na canção de Caetano, as informações começavam a pipocar aqui, ali, a pipocar lá: "Os equipamentos chegaram."
Durante a audiência o ministro chamou o então presidente da Capes, Abílio Baeta, e este comprometeu-se a viabilizar cursos de capacitação para professores e técnicos usarem estes novíssimos equipamentos.
Acostumados a esperar, os cursos aguardam. Mas agora em festa.