Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Fica mais fácil ir ao Iraque

IRAQUE PÓS-GUERRA

O Exército resolveu afrouxar as regras para jornalistas embedded, que acompanham as tropas da coalizão no Iraque. Antes, o programa de incorporar jornalistas às tropas era rígido ao extremo. Limitava bastante o número de jornalistas com cada unidade, impedia movimento entre as unidades e proibia o retorno à unidade uma vez que o repórter abandonasse o posto.

Com o passar dos meses, as regras foram se flexibilizando, segundo informações de Joe Strupp [Editor & Publisher, 25/9]. Hoje, os cerca de 35 representantes da mídia ainda acompanhando as tropas no Iraque têm permissão de mudar de grupo, permanecer embedded por períodos menores e ir e vir da maneira que lhes aprouver.

"As circustâncias são diferentes no Iraque pós-guerra", disse Peter Mitchell, porta-voz do Comando Central dos EUA na Flórida, supervisor do programa de embedding. Antes, mais de 700 repórteres, fotógrafos e outros funcionários de mídia chegaram a acompanhar as tropas em Bagdá e arredores. Em julho, esse número caiu para menos de duas dúzias, uma vez anunciado o término oficial da guerra em maio. O número voltou a crescer em agosto, com a flexibilização autorizada pelo Pentágono.

O Conselho de Governo indicado pelos EUA para administrar o Iraque emitiu um decreto barrando temporariamente o acesso a prédios do governo e a coletivas de imprensa para duas das mais populares emissoras de notícias via satélite do Oriente Médio. Segundo informações da AP [23/9], o conselho suspeita que a al-Jazira e a al-Arabiya sabiam dos ataques a tropas americanas de antemão.

Entifadh Qanbar, porta-voz de Ahmed Chalabi, atual presidente do Conselho de Governo, afirmou que a decisão "é um passo positivo para proteger o povo iraquiano dos venenos transmitidos por esses canais". Qambar disse que ambas as emissoras incitavam violência contra tropas da coalizão e oficiais iraquianos, além de promover a segregação.

Passado comprometedor

Os dois canais têm um histórico de levantar suspeitas aos americanos, segundo a reportagem da AP. Ambos já transmitiram fitas de áudio e declarações atribuídas a Saddam Hussein e imagens mostrando a suposta resistência que promete continuar atacando tropas dos EUA. Para a AP, al-Jazira, sediada no Catar, e al-Arabiya, em Dubai, têm dado cobertura tendenciosa aos eventos no Iraque, criticando muito a ocupação americana do país.

Jordânia, Bahrain, Líbia, Marrocos e Argélia estão entre os países que, como protesto, fecharam sucursais da al-Jazira, expulsaram seus correspondentes ou cortaram relações diplomáticas com o Catar ao julgarem que a emissora infringira as políticas locais. Al-Arabiya, de sua parte, inaugurada há seis meses, tentou se esquivar do estilo combativo da al-Jazira. Até agora, não recebeu reclamações sérias de qualquer país árabe em sua área de cobertura.

Qanbar disse que outras emissoras árabes via satélite também incitam a violência, "mas os dois canais foram banidos por terem levado esse incitamento ao extremo". "Esperamos que outros canais aprendam a lição."