WALL STREET
James Cramer, fundador do sítio TheStreet.com e apresentador de um talk show no canal CNBC, reclamou de Trading with the enemy (negociando com o inimigo), livro em que é acusado de operações financeiras ilícitas em Wall Street (a matéria pode ser lida no endereço <www.teste.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/mo130320022.htm>), lançou biografia que, para surpresa geral, confirma boa parte de suas atitudes no mínimo imorais.
Em Confessions of a Street addict (confissões de um viciado em Wall Street), o jornalista conta que tinha por hábito se beneficiar de boatos do mercado. Como já relatava Trading with the enemy, escrito por seu ex-funcionário Nicholas Maier, Cramer conta que conversava quase diariamente com a apresentadora de jornal Maria Bartiromo, que queria saber de informações que os analistas ainda não tinham tornado públicas para dar em primeira mão. Pelo tipo de pergunta que Maria fazia, ele já sabia o que seria notícia na TV, o que podia ser traduzido em lucro, pois a divulgação influiria na cotação de determinada ação. Ele nega, no entanto, que tenha plantado falsas informações na mídia para ganhar dinheiro.
"Eu trabalhava para que ações ganhassem recomendação de compra ou venda porque sabia, cinicamente, que Wall Street é simplesmente uma máquina de promoção. Eu era um mercador de boatos." Como conta David Kirkpatrick [The New York Times, 13/5/02], Cramer pagava boas comissões aos operadores das maiores empresas para sempre receber notícias com antecedência. Assim, podia investir naquela que se valorizaria.
Além disso, como sabia ? e de resto todos sabem ? que a recomendação de uma ação influi em seu valor, deixava suas dicas "quentes" escaparem para analistas, que mudariam suas recomendações.
A CVM americana e um procurador procuraram Maier pouco antes do lançamento de Confessions para obter detalhes sobre as denúncias. Estava mais interessada nos bancos de investimento envolvidos, mas funcionários da Procuradoria revelaram que seu alvo de investigação é James Cramer.
GARGANTA PROFUNDA
Trinta anos após o escândalo Watergate, três novos livros tentam resolver o maior mistério jornalístico do século 21: a verdadeira identidade de Garganta Profunda, a fonte dos repórteres Carl Bernstein e Bob Woodward na história que derrubou o presidente americano Richard Nixon.
John Dean, ex-conselheiro de Nixon, lançará um livro eletrônico pelo sítio Salon.com no dia 17 de junho, apontando seu suspeito; William Gaines, professor de Jornalismo Investigativo na Universidade de Illinois, reuniu com seus alunos 16 mil páginas de relatórios do FBI e chegou a sete candidatos, listados em A finder’s guide to Deep Throat"; Ronald Kessler, ex-repórter do Washington Post, escreveu Bureau: The secret history of the FBI, que aposta num ex-diretor do serviço de inteligência, Mark Felt. Sua suspeita se baseia na visita que Woodward lhe fez em 1999, quando Felt estava doente.
As únicas pessoas que ignoram este jogo de adivinhação, mantendo-se caladas, conta Mark Jurkowitz [The Boston Globe, 15/5/02] são as que sabem que é Deep Throat: num seminário em março, Woodward disse que Garganta Profunda é homem e ainda está vivo. E reafirmou que só revelará seu nome quando ele lhe der permissão ou morrer.