Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Folha de S.Paulo

VENEZUELA

“Jornais venezuelanos dão pouco destaque à negociação”, Folha de S.Paulo, 17/1/03

“Os principais jornais venezuelanos, que apóiam a oposição, destacaram ontem em suas capas a formação do Grupo de Amigos da Venezuela, no Equador, no dia anterior, mas não dedicaram suas manchetes principais ao tema.

No jornal ?El Nacional?, a notícia recebeu um pequeno espaço na capa, com o título ?Criado em Quito Grupo de Amigos da Venezuela?. Sua manchete principal foi ?Incertezas sobre o referendo radicalizará protestos de rua?, em referência à possível decisão da Justiça sobre a ilegalidade do referendo sobre o mandato do presidente Hugo Chávez, pedido pela oposição.

O diário ?El Universal? também publicou somente uma pequena chamada em sua capa, com o título ?Grupo de Amigos nasce em Quito?. A manchete foi dedicada aos problemas financeiros de municípios provocados pelo atraso no repasse de verbas pelo governo federal: ?Prefeituras se declaram em emergência?.

Dos principais jornais de Caracas, o único a destacar a formação do Grupo de Amigos da Venezuela com maior ênfase e a tecer comentários sobre o assunto foi o ?Tal Cual?, que costuma publicar textos editorializados. ?A rapidez com a qual tomou forma a iniciativa dá uma noção da gravitação que está tendo a crise de nosso país em todo o continente e, inclusive, mais além, como na Europa?, diz o texto do jornal publicado em sua capa.

?Se queremos um grupo capaz de atuar com força, dificilmente poderia haver um melhor que este. O fato de formarem parte dele EUA, Brasil e México, os três maiores e mais importantes países do continente, é um luxo. A objeção ao Brasil, a segunda potência americana e cuja Chancelaria é de uma seriedade e suficiência que ninguém discute, tem tão pouco sustento como uma que tivesse sido feita aos EUA, a partir também de preconceitos ideológicos?, afirma

Outros jornais menores, como o ?El Mundo?, simplesmente ignoraram o assunto em suas capas.”

“Governo Chávez intervém em fábricas e processa TVs”, copyright Estado de S.Paulo, 18/1/03

“Soldados da Guarda Nacional da Venezuela entraram ontem em instalações da maior engarrafadora de bebidas do país, a Panamco – que engarrafa a Coca-Cola -, e da maior cervejaria venezuelana, a Polar, onde confiscaram mercadorias sob a alegação de que estavam sendo estocadas para agravar o desabastecimento causado pela greve geral iniciada há 48 dias.

Paralelamente, o governo abriu um processo administrativo contra duas TVs, a Globovisión e a Radio Caracas Televisión, acusadas de manipulação de informações. O vice-presidente José Vicente Rangel descartou a possibilidade de que os processos levem ao fechamento das emissoras, dizendo que a lei só prevê multas. Denunciando o aumento da tensão no país, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, César Gaviria, suspendeu até segunda-feira a mesa de diálogo entre governo e oposição.

Munidos de fuzis, submetralhadoras e escopetas, os soldados da Guarda Nacional entraram de manhã na engarrafadora Panamco em Valencia (150 quilômetros a oeste de Caracas), capital do Estado industrial de Carabobo, depois de dispersar, com gás lacrimogêneo, manifestantes que tentavam bloquear sua passagem. ?Isto vai para fora, para o povo?, disse o líder do destacamento, general Luis Felipe Acosta Carlés, aliado próximo do presidente Hugo Chávez, referindo-se às caixas de Coca-Cola e outras bebidas. ?Estou cumprindo ordens do cidadão presidente.?

O destacamento de Acosta entrou, horas depois, numa fábrica de cerveja da Polar, a maior empresa particular do país, para uma ?inspeção?, desalojando violentamente os gerentes que estavam no local. Segundo informações da France Presse, Acosta, chefe da Guarda Nacional em Carabobo, voltou a dar seu ?grito de guerra?, um arroto, quando levantou uma garrafa de cerveja sem álcool e disse à imprensa: ?Este é um produto de primeira necessidade para as crianças, e eles o têm aqui estocado. Isso é um delito.?

A Câmara Venezuelano-Americana de Comércio e Indústria (Venacham), assim como líderes da oposição, qualificaram as ações militares de ilegais. A Venacham assinalou ainda que a Panamco já informara ao governo que ?só conservava nos depósitos produtos que não pudera distribuir por problemas de transporte?.

Em seu discurso anual ante a Assembléia Nacional, ontem, no qual anunciou sua repentina viagem a Brasília, Chávez já anunciara estar preparando ?procedimentos administrativos? contra as duas TVs, acusando-as de terem ?intenções golpistas?. Sem citar nomes, Chávez disse que uma das TVs transmitiu um texto de ?propaganda subliminar? em meio a um filme dirigido a crianças e jovens, incitando a população ?à violência e à morte?. ?Na câmera lenta, a verdade aparece?, disse. ?A esta altura, não tenho dúvida de que devemos estar preparados para outra batalha, a batalha na mídia.? Chávez reiterou que ?não cederá nem um palmo? ante as pressões da oposição. (Reuters, AFP, AP e Ansa)”

“Jornais venezuelanos dão pouco destaque à negociação”, copyright Folha de S.Paulo, 17/1/03

“Os principais jornais venezuelanos, que apóiam a oposição, destacaram ontem em suas capas a formação do Grupo de Amigos da Venezuela, no Equador, no dia anterior, mas n&atatilde;o dedicaram suas manchetes principais ao tema.

No jornal ?El Nacional?, a notícia recebeu um pequeno espaço na capa, com o título ?Criado em Quito Grupo de Amigos da Venezuela?. Sua manchete principal foi ?Incertezas sobre o referendo radicalizará protestos de rua?, em referência à possível decisão da Justiça sobre a ilegalidade do referendo sobre o mandato do presidente Hugo Chávez, pedido pela oposição.

O diário ?El Universal? também publicou somente uma pequena chamada em sua capa, com o título ?Grupo de Amigos nasce em Quito?. A manchete foi dedicada aos problemas financeiros de municípios provocados pelo atraso no repasse de verbas pelo governo federal: ?Prefeituras se declaram em emergência?.

Dos principais jornais de Caracas, o único a destacar a formação do Grupo de Amigos da Venezuela com maior ênfase e a tecer comentários sobre o assunto foi o ?Tal Cual?, que costuma publicar textos editorializados. ?A rapidez com a qual tomou forma a iniciativa dá uma noção da gravitação que está tendo a crise de nosso país em todo o continente e, inclusive, mais além, como na Europa?, diz o texto do jornal publicado em sua capa.

?Se queremos um grupo capaz de atuar com força, dificilmente poderia haver um melhor que este. O fato de formarem parte dele EUA, Brasil e México, os três maiores e mais importantes países do continente, é um luxo. A objeção ao Brasil, a segunda potência americana e cuja Chancelaria é de uma seriedade e suficiência que ninguém discute, tem tão pouco sustento como uma que tivesse sido feita aos EUA, a partir também de preconceitos ideológicos?, afirma

Outros jornais menores, como o ?El Mundo?, simplesmente ignoraram o assunto em suas capas.”