Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Folha de S. Paulo

PREFEITA NERVOSA

“Na TV, Marta se irrita ao falar sobre ônibus”, copyright Folha de S. Paulo, 7/03/03

“A prefeita Marta Suplicy (PT) se irritou ontem ao ser questionada sobre a situação do transporte público durante entrevista que concedia ao vivo ao programa jornalístico ?SPTV?, da Rede Globo.

Contrariada com comentários feitos por um dos apresentadores do programa, Marta o interrompeu, elevou o tom de voz e chegou a desafiá-lo: ?Vem ser prefeito para ver o que é, vem ser prefeito?.

Antes de a prefeita começar a ser ouvida, uma reportagem citou uma greve feita ontem por duas viações. Antes de a reportagem ir ao ar, o apresentador Chico Pinheiro havia se referido à paralisação como ?velhos problemas de sempre com ônibus?.

Marta, que escutava a reportagem e os comentários enquanto aguardava na prefeitura para ser entrevistada, ainda ouviu passageiros reclamarem do transporte. No início da entrevista, a prefeita ainda foi questionada sobre o fato de, na licitação de transporte, não haver concorrência em sete das oito áreas que serão concedidas, pois houve apenas uma proposta de empresa em cada uma delas.

Pouco antes de se irritar, Marta ouvia o apresentador formular outra pergunta e afirmar que a prefeitura concedeu aumento de tarifa, apesar de empresários prestarem um ?péssimo? serviço e usarem ônibus ?sucateados?.

?É muito fácil ficar aí, dizendo fez isso, fez aquilo?, afirmou Marta a Chico Pinheiro. ?O que eu quero é o apoio da imprensa e o apoio do povo para desenquadrar esses empresários [de ônibus]. E não ser cobrada pela luta que nós estamos fazendo.?

?Foi uma reação inesperada da prefeita, já que a pergunta era absolutamente jornalística e de interesse do público?, disse o diretor de jornalismo da Rede Globo em São Paulo, Luiz Cláudio Latgé.

Procurada, a prefeita não quis falar sobre o episódio ontem.”

 

JORNALISMO NAS ESTANTES

“Jornalismo em pauta”, copyright Jornal do Brasil, 8/03/03

“Livros de jornalistas tornaram-se respeitados em todo o mundo. Nos Estados Unidos, Todos os homens do presidente, de Bob Woodward e Carl Bernstein; Hiroshima, de John Hersey; e Dez dias que abalaram o mundo, de John Reed, alcançaram amplas vendagem. No Brasil, os mais famosos livros do gênero reportagem são Cidade partida, de Zuenir Ventura, e mais recentemente a série As ilusões armadas, de Elio Gaspari. Nos últimos meses o leitor americano também pôde se deliciar com livros sobre o jornalismo. Eles vão de relatos de repórteres sobre suas condições na guerra do Vietnã a análises sobre as associações de jornalistas.

Os livros se relacionam não apenas por falarem do jornalismo em si, mas também de sua importância na sociedade. Este aliás é o tema principal, ao menos no plano político, de The press effect: politicians, jornalists and other stories that shape the political world (Oxford University Press, US$ 26), de Kathleen Hall Jamieson e Paul Waldman. Ele traz importantes e recentes histórias políticas, centrando-se na cobertura jornalística das eleições americanas de 2000 e das contradições pós-eleições. The press effect detecta um jornalismo que não apenas reporta, mas assume posições, como aconteceu em muitos casos de jornalistas que já tratavam George W. Bush como presidente eleito, antes mesmo das eleições.

Newsworker unite: labor, convergence and north american newspaper (Rowman & Littlefield, US$ 27,95), de Catherine McKercher, traz uma análise de como as uniões dos jornais dos EUA responderam às mudanças tecnológicas para consolidar suas corporações, fazendo alianças até mesmo com outras empresas que não estão no campo jornalístico. Catherine McKercher sugere que as fusões ajudaram as empresas de comunicação a sobreviver.

War torn: stories of war from women reporters who covered Vietnam (Random House, US$ 24,95), organizado por Christine Martin, traz depoimentos de nove jornalistas americanas que trabalharam no Vietnã. Ele revela que a guerra ainda está em suas mentes e corações. Há momentos bastante depressivos no livro. Dentre as jornalistas, apenas uma delas, Kate Webb, ficou conhecida na época. Isto porque foi capturada pelas tropas do Vietnã do Norte e declarada morta, mas libertada algum tempo depois. Já as outras permaneceram anônimas durante a cobertura da guerra. Naturalmente, cada uma passou por experiências diferentes, mas todas dividem as lembranças de serem mulheres cobrindo guerras, um trabalho então pioneiro nos Estados Unidos.

Outra coletânea, em dois volumes, é Reporting civil rights: american journalism, organizado pela Library . Os livros trazem reportagens e comentários de três décadas de históricos embates pelos direitos civis, versando, especialmente, sobre questão racial. Os relatos vêm desde 1941 com uma marcha em Washington pela integração das Forças Armadas. São mais de 150 autores, brancos ou negros, pertencentes ao sistema ou dissidentes, breves ou prolixos. Alguns artigos são surpresas, outros mais conhecidos. O livro também contém cronologia e informações biográficas dos autores.”