Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Fora Collor, 10 anos depois

MEMÓRIA RECENTE

Chico Bruno (*)

Não fosse a candidatura ao governo de Alagoas e, talvez, a mídia não lembrasse que no domingo completaram-se 10 anos desde que o Congresso Nacional aprovou a abertura de processo de impedimento e cassação dos direitos políticos de Fernando Collor de Mello, que veio a ocorrer, três meses depois, em 29 de dezembro de 1992, em sessão do Congresso Nacional presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, conforme determina a Constituição.

Neste domingo, as principais agências de notícias brasileiras distribuíram farto material sobre o impedimento e a cassação de Fernando Collor. A revista Veja publicou matéria sobre a data e o envolvimento de Fernando e seu irmão Leopoldo no famoso Dossiê Cayman. Segundo a revista, Fernando Collor será chamado a depor, pois é suspeito de ter comprado o dossiê por US$ 2 milhões, para distribuí-lo entre políticos brasileiros, entre eles Paulo Maluf.

Os quatro principais jornais publicaram matérias sobre todo o processo de impedimento e a cassação dos direitos políticos do primeiro presidente brasileiro apeado do poder por um impeachment e pelo clamor da opinião pública.

Serviço ao mais jovens

Mas, não fosse ele candidato ao governo e a imprensa, talvez, não desse tanta divulgação aos 10 anos dessa sessão histórica do Congresso, haja vista que toda a atenção da mídia, está voltada para a expectativa de vitória do primeiro presidente de esquerda nestes 500 anos de história.

Aliás, é preciso reconhecer, ultimamente a mídia brasileira tem dado mais atenção à memória. Este tipo de comportamento deve estar ocorrendo em função da cobrança dos críticos de mídia, que insistentemente solicitavam mais respeito com a história.

A publicação de matérias especiais, rememorando datas históricas num período eleitoral, em que o exercício da informação se presta a toda sorte de confusão entre a ótica dos jornalistas e os desejos eleitorais de candidatos e correligionários, deve ser celebrada, pois demonstra amadurecimento da mídia brasileira.

Estão de parabéns todos os veículos que rememoraram a data, principalmente porque prestam inestimável serviço aos mais jovens, que podem saber, com isenção, como se desenrolaram os acontecimentos naquele ano fatídico de 1992, quando o povo foi às ruas para pedir o impedimento de um presidente eleito pelo canal legal preconizado na Constituição.

(* Jornalista