EFEMÉRIDES
Alberto Dines
Os 81 anos que a Folha de S.Paulo está lembrando agora são mais importantes do que os 80, comemorados com tanto estardalhaço ano passado. E não porque ficou mais venerável. Homenagear um jornal, ainda mais um jornal poderoso, não chega a ser novidade, seja em datas redondas ou quebradas.
Este aniversário é importante porque coincidirá em agosto com os 90 anos do publisher, Octávio Frias de Oliveira.
Aqui neste Observatório estamos aprendendo há quase seis anos a enxergar apenas as instituições, a examinar desempenhos enquanto fenômenos sociais e políticos.
Mas este Observador não pode ignorar que empresas ou instituições são organismos vivos e vitalizados pela presença humana. E, na qualidade de testemunha de uma reviravolta decisiva na história do jornal e na história do jornalismo brasileiro, não pode deixar de prestar um preito a um de seus protagonistas.
Empresários têm obrigação de contratar os profissionais mais qualificados. É a sua parte no contrato social. Raros, porém, são os que sabem ouvi-los, interpretá-los e engrandecer suas contribuições.
Quando, em 1975, Octávio Frias de Oliveira resolveu desenvolver as propostas de Cláudio Abramo e converteu a Folha num jornal de opinião em plena ditadura, além de inovar editorialmente estava promovendo o casamento da inteligência com a iniciativa empresarial.
Outros o fizeram antes e depois. Poucos souberam persistir como Octávio Frias de Oliveira. Nos 27 anos seguintes ? mais de um quarto de século ? com outros colaboradores e, possivelmente, em outras direções manteve intacto aquele compromisso.
É preciso ter talento para cercar-se de talentos. Prova disso são estes 81 anos da Folha na véspera dos 90 do timoneiro.