NYT, NACIÓN & CDS
"Jornalistas fazem greve contra pressão política", copyright Folha de S. Paulo / Associated Press, 31/05/03
"Jornalistas do ?Corriere della Sera?, principal jornal da Itália, farão greve hoje em protesto contra a renúncia, na última quinta-feira, do editor-chefe do diário, Ferruccio de Bertoli.
Os jornalistas, que votaram pela paralisação de um dia numa assembléia realizada ontem, suspeitam que o editor possa ter deixado o jornal por pressão do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi. O sindicato dos jornalistas do país anunciou que fará uma greve em 6 de junho em apoio aos colegas do ?Corriere?.
Segundo os profissionais do ?Corriere?, não há uma razão clara para a troca de editores, e a falta de transparência seria ?mais um sinal do momento difícil para a liberdade de imprensa na Itália?.
Cesare Romiti, presidente do grupo de mídia RCS, dono do ?Corriere?, negou a existência de pressões. Ele admitiu que alguns textos políticos publicados ?não foram bem vistos?, mas afirmou não ter havido qualquer pedido para que De Bertoli renunciasse.
De Bertoli foi substituído pelo respeitado jornalista da área de política Stefano Folli. Os jornalistas do ?Corriere? disseram não se opor ao nome do novo editor, mas mostraram preocupação pelos motivos da saída de De Bertoli.
Como a greve acontece hoje, não haverá edição do ?Corriere? amanhã, domingo.
O premiê Silvio Berlusconi é proprietário de um império de comunicações que inclui as três maiores redes privadas de TV italianas. Além disso, em função de seu cargo, tem influência sobre os canais estatais. Juntos, os canais privados e públicos sob sua influência controlam cerca de 90% do mercado de televisão do país.
O ?Corriere?, fundado em 1876, é respeitado por sua independência e moderação, num país onde a maioria dos meios são alinhados com movimentos políticos.
Berlusconi está sendo julgado num caso de corrupção de juízes durante um processo de privatização nos anos 80. Ele nega envolvimento em atos ilegais."
"Polêmica cerca mudança no ?Corriere della Sera?", copyright O Estado de S. Paulo, 30/05/03
"O editor-chefe do respeitado diário italiano Corriere della Sera Ferruccio de Bortoli deixou o cargo ontem à noite, supostamente em virtude de pressões exercidas pelo governo conservador do magnata da mídia Silvio Berlusconi. Fundado em 1876, o Corriere tem uma longa tradição de moderação e, caso raro entre jornais italianos, imparcialidade.
Na edição de ontem, os jornalistas do Corriere della Sera publicaram um informe sobre os, até então, rumores relativos à saída de Bortoli. Eles denunciaram que ?pressões e intimidação ligados à esfera governamental? estavam ocorrendo desde o segundo semestre de 2002.
O motivo seria a linha cada vez mais crítica do jornal em relação ao governo de Berlusconi, acusado judicialmente de corromper magistrados. O primeiro-ministro alega inocência e diz que está sendo perseguido politicamente por um grupo de juízes.
A tese de intimidação ganhou força graças à posição privilegiada do bilionário Berlusconi na mídia italiana. Seu império inclui as três maiores redes privadas de televisão do país. Como chefe de governo, ele também exerce influência indireta nos três principais canais estatais.
A televisão estatal italiana informou que Bortoli rejeitou um apelo dos acionistas do RSC Mediagroup, controlador do diário, para voltar atrás em sua decisão. A TV citou um alto executivo do grupo, Maurizio Romiti, segundo o qual os acionistas garantiram que a autonomia e independência do Corriere della Sera serão mantidos.
O editorialista de política do jornal, Stefano Folli, vai substituir Bertoli. ?Espero que o novo editor, um profissional com autoridade e respeitado unanimemente, continue a resistir a essas pressões?, disse o político de centro-esquerda Paolo Gentili Bortoli venceu recentemente o Prêmio Ischia de Jornalismo na categoria internacional. Uma das distinções de maior prestígio da imprensa italiana, o prêmio foi concedido no passado a nomes lendários do jornalismo, como Walter Cronkite, durante anos âncora do noticiário da rede americana CBS. (AP)"
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"Na esteira de Blair, colega pede demissão", copyright O Estado de S. Paulo, 30/05/03
"O jornalista e prêmio Pulitzer Richard Bragg decidiu deixar o The New York Times em meio ao clima de tensão e da investida da direção do jornal para restaurar a imagem do veículo, arranhada pelo escândalo Jayson Blair. A cúpula da redação tinha posto em dúvida o profissionalismo de Bragg por causa de uma reportagem publicada em 15 de junho, na qual ele descreveu a vida de catadores de ostras no litoral da Flórida. O texto era assinado por Bragg, mas a maior parte das entrevistas e a investigação foram conduzidas por um colaborador, J. Wes Yoder.
Bragg, de 43 anos, reconheceu que esteve só algumas horas em Apalachicola, centro da história. Admitiu ter baseado seu relato no material de Yoder, algo que, segundo ele, ocorre com freqüência. No entanto, em uma nota publicada na sexta-feira, o Times argumentou que o texto deveria ter levado também a assinatura de Yoder.
A saída do jornalista ocorre cinco dias depois de a direção de redação ter anunciado sua suspensão por duas semanas. ?Bragg ofereceu sua demissão e eu a aceitei?, informou Howell Raines, diretor-executivo do jornal.
A suspensão temporária e as declarações de Bragg tiveram grande repercussão na imprensa e suscitaram debates sobre a ética jornalística. Em suas declarações, Bragg mencionou a tensão que reina na empresa depois do escândalo protagonizado por Blair.
Apesar dos dissabores recentes, Bragg tem o compromisso de escrever pelo menos dois livros para a editora Alfred A. Knopf. O valor do contrato é de US$ 1 milhão. (EFE)"