Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Gabriela Goulart

NO LIMITE, 3a EDIÇÃO

"Globo põe limites em No limite", copyright Jornal do Brasil, 30/09/01

"Na primeira versão do reality show No limite, em agosto de 2000, o show ficou por conta das histórias reais da gordinha esforçada Elaine, da encrencada e cheia de curvas Andréa. Os personagens da trama de voyeurismo explícito garantiram 55 pontos de pico, ibope até então sem limite nas noites de domingo. A Globo se animou. No limite continuou. Ofereceu realidade de mais e show de menos. Na memória, uma lembrança ou outra da inanição de um ou outro. Na audiência, parcos 30 e poucos de média. A terceira versão seguiu direto para a UTI, de onde só saiu há um mês e meio. Diagnosticados os sintomas do fracasso, o programa foi medicado com doses de gente bonita, paisagens paradisíacas, mais comida, menos sofrimento. Para salvar o formato – sucesso no mundo todo -, No limite 3, que estréia dia 21, ganhou limites.

?Não é um acampamento. Haverá restrições à sobrevivência. Mas ficou comprovado que ninguém quer ver ninguém sofrendo. Não é isso que importa?, afirma o diretor J.B. de Oliveira. Idealizador do primeiro e afastado do segundo na disputa entre a Central Globo de Produção (CGP) e a Central Globo de Jornalismo (CGJ) pela paternidade de um dos filhos mais pródigos da programação da emissora – cada uma das quatro cotas de patrocínio do segundo foi comercializada por R$ 1,9 milhão -, a volta de Boninho é um sinal de que, na balança, o No limite 3 dará mais peso ao 1 do que ao 2.

Sem brigas – ?A direção da emissora queria uma cara diferente. Olhando o desenho do primeiro e do segundo, refizemos a linguagem?, garante, sem comprar briga. Na terceira etapa de No limite, apesar da economia de custos nas produções da Globo, a farinha vai ser farta: cada um dos nove programas está orçado em torno de R$ 250 mil. Problemas de relacionamento deverão ficar restritos aos 12 participantes confinados à paradisíaca ilha do Pará escolhida como cenário. Atrás das câmeras, o pirão será dividido entre o Jornalismo e a Produção.

Questão acertada nos bastidores, No limite 3 está em fase de seleção dos candidatos. Além do pobre visual, da parca comida e das provas extenuantes, a falta de carisma dos participantes foi o problemão pinçado na segunda versão. Para resolvê-lo, a Globo começou a trabalhar no meio do ano. De cara, convocou Guel Arraes e Manoel Carlos – grifes na direção e autoria de produtos da casa – para palpitar na escolha dos tipos. ?Como na dramaturgia, é bom que haja tipos evidentes: a antipática, a gordinha, a feia, a bonita, a magra. Os participantes têm que ter carisma, como os atores de novelas, para que o público torça por eles?, ensina Manoel Carlos.

A produção do novo No limite quer mais que carisma. Os participantes, por exemplo, terão entre 25 e 40 anos. Condição básica, segundo Boninho, é ?ser interessante?. Só para lembrar, na bem-sucedida primeira fase do reality show, duas candidatas saíram da Praia dos Anjos, no Ceará, direto para páginas de revistas masculinas e sites de fotos sensuais. ?É importante definir tipos como o bom pastor, o garotão sarado, o empresário, a dona de casa, a gordinha. O foco será no relacionamento humano, nos personagens. Mas não vamos tentar repetir os ingredientes do primeiro No limite. O diferencial será o mix que fazemos em cada grupo?, diz Boninho.

Sarado – Alto e musculoso, Sávio Henrique Clemente, 26 anos, saiu da segunda versão do programa como o garotão sarado. Personal trainner, ainda tem boas e más lembranças do tempo em que ficou na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso. Sofreu com a fome, mas lucrou com a fama. Hoje, cobra R$ 60 por hora/aula, o dobro do que podia pedir antes de ser conhecido nas ruas como Sávio No limite.

Teve mais que isso. O programa também deu um empurrãozinho na vida amorosa. O garotão sarado namora firme Eliane, a mazinha com quem dividiu uma rede no programa, ?deu uns beijos? e garantiu alguns pontinhos a mais no ibope pela apelação do clima de sensualidade. ?Foram só uns beijos mesmo. Na competição não dá para ser mais que isso. O namoro só começou depois que nos encontramos e fizemos o Dia Internacional de Lavação de Roupa Suja?, conta. Para Sávio, o mais importante foi, mesmo com músculos, ter escapado da fama de bad boy. ?Mostrei meu lado sensível e íntegro.?

A advogada Andréa Baptista, 30, não teve tanta sorte. Vilã do primeiro No limite, ela garante que foi traumático sair da história com fama de ?a má?. ?Na época fiquei muito chateada. Minha personalidade é forte, mas a edição das imagens só mostrou meu lado mais azedo. Todo mundo tinha dias ruins lá?, se defende. As cifras ajudaram Andréa a esquecer a mágoa. Dizem que ganhou R$ 300 mil posando para a Playboy, hoje cobra R$ 5 mil para aparecer em desfiles e eventos pelo país e tem até fã-clube em Recife.

Regras – Desviando o tal foco do relacionamento humano, a terceira etapa do No limite terá poucas mudanças na mecânica. Batizado de Fase metal por causa dos elementos eletrônicos incrementados ao portal onde são eliminados os participantes a cada programa, No limite terá dois grupos de seis pessoas cada. Isolados em uma ilha, eles passarão por provas e terão comida racionada. Os grupos disputarão a conquista das mandalas – cobre, bronze, prata e ouro. No fim, o vencedor leva para casa R$ 300 mil.

Nos quatro primeiros programas, um dos candidatos será eliminado. Do 5? ao 10? participante, a regra muda. Descartados pelo grupo, eles seguem para o Vale dos exilados, uma área cercada com um pouco mais de recursos, onde continuam sob observação do telespectador. A final será disputada por três pessoas: dois que saem da competição normal – com R$ 50 mil no bolso cada – e um que é repescado no Vale. O critério para ser novamente fisgado será a empatia com o público.

Como nos primeiros, o filão comida-que-provoca-vômito (olhos de cabra, gafanhotos, cabeça de galinha, lesmas) continua. Segundo Boninho, é uma marca. ?O conceito é mais leve e tranqüilo. As provas serão mais divertidas e lúdicas. A idéia é fazer um programa de aventura em um local paradisíaco. Sem o sofrimento e a rigidez do segundo e com mais charme que o primeiro?, ressalta Boninho. Como pode se ver, a Fase metal não tem nada de heavy. É até bem light."

"?No Limite? volta ?humano? dia 21", copyright O Estado de S. Paulo, 28/09/01

"A Globo marcou para 21 de outubro a estréia da terceira versão de No Limite. Será feito numa ilha em Belém do Pará. O diretor J.B. de Oliveira, o Boninho, não revela o nome, mas já exclui Marajó. Os 12 participantes estão sendo selecionados. A equipe viaja no dia 9.

?Vamos dar mais ênfase ao relacionamento humano e não ao sofrimento?, diz Boninho, que dirigiu a primeira, mas não a segunda versão do programa.

Agora, a mandala entra na fase metal-cobre, bronze, prata e ouro. As eliminações foram alteradas. Os quatro primeiros desclassificados ganham R$ 1 mil e um Palio. Os próximos seis que perderem as provas ganham o carro, R$ 2,5 mil e vão para o ?Vale dos Exilados?. Quase no fim do programa, eles disputarão o direito de participar da finalíssima com os dois que chegarem à final – esses dois ganham o carro e R$ 50 mil. O vencedor leva R$ 300 mil.

?Com essa repescagem, a gente mantém o suspense em torno do programa e consegue fazer eventual ajuste de rota?, explica Boninho. ?Se sentirmos que um deles ganhou a empatia do público, é uma chance de trazê-lo de volta.?

Todo o esforço agora é para que os candidatos tenham carisma junto ao público. As provas vão exigir menos esforço físico. Até porque, a faixa etária dos candidatos, na segunda versão fixada entre 18 e 30 anos, agora estará entre 25 e 40. ?Percebemos que os jovens têm dificuldade para explodir no relacionamento?, diz. ?Queremos pessoas abrindo o coração.?

Comer algo inusitado, segundo o diretor, virou marca do programa. Assim, a prova será uma das primeiras a ser realizada. Apesar do racionamento de comida, as condições de sobrevivência serão melhores que antes. ?Não queremos matar ninguém?, diz. Como das outras vezes, a apresentação será de Zeca Camargo. O programa será exibido por nove semanas, aos domingos, após o Fantástico."

    
    
                     
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