ENTREVISTA / CAZÉ PESSANHA
"A volta do filho pródigo", copyright Jornal do Brasil, 11/02/02
"Depois de uma conturbada passagem pela Globo, o VJ Cazé Pessanha está de volta à MTV, emissora que o projetou. Terá um game show semanal, que começa em março, e um programa diário, que só entra no ar em abril. ?Nunca desmereci a MTV, mas dei outro valor depois que saí. Pode parecer difícil de acreditar, mas a repercussão aqui é maior que na Globo?, garante. Na entrevista a seguir, ele fala muito – e mal – da Globo, onde esperou na geladeira por um ano e, quando finalmente estreou, ficou só nove semanas no ar com o programa Sociedade anônima. ?Eles alegaram falta de audiência. O Fantástico não ganha do Silvio Santos, não ia ser o Cazé, que não era uma marca forte na TV aberta, que ia ganhar?.
– Como serão seus programas na MTV?
– Farei um programa diário e um semanal. A prioridade é o semanal, que estréia na primeira semana de março. Será uma espécie de quiz, um tipo de Show do milhão, com uma hora de duração. Estamos estudando a base das perguntas para fazer diferente do que já tem por aí. Vai ter um auditório, mas ainda não sabemos se a competição será em equipe ou individual. Para o diário, que deve começar em abril, ainda estamos desenvolvendo a linguagem. Criando marcas, como foi a buzina do VJ por um dia, que também usei no Sociedade anônima, na Globo.
– Você saiu da MTV em dezembro de 1999, foi para a Globo em janeiro de 2000 e só estreou em abril de 2001. Por que tanto tempo de geladeira?
– O Sociedade anônima demorou dez meses para começar a ser produzido. A Globo tem lá suas prioridades. O Huck [o apresentador Luciano Huck], o Serginho [Serginho Groisman]. Mas com o porte da Globo, que investe em vários projetos simultâneos, acho que deveria haver um planejamento.
– O Sociedade anônima ficou apenas nove semanas no ar. Por quê?
– Tive total liberdade para fazer o que queria e a direção da Globo teve total liberdade de tirar o programa do ar. Eles alegaram falta de audiência. Disseram que não podiam se dar ao luxo de cristalizar uma diferença de audiência naquele horário.
– O que você achou desta alegação?
– O horário era ruim, ainda competia com o Silvio Santos, que usa técnica de guerrilha, estica a duração do programa dele. O Sociedade anônima dava entre 15 e 16 pontos de audiência, depois do Sai de baixo. O Fantástico não ganha do Silvio Santos, não ia ser o Cazé, que não era uma marca forte na TV aberta, que ia ganhar. Achei a decisão deles foi precipitada. O programa foi jogado no lixo.
– Não houve negociação para mudança de horário?
– A gente conversou e eles me perguntaram: ?Que horário?? Respondi: ?Vocês é que tem que me dizer?. Não sou eu que vou estudar a grade da Globo. Na verdade, eles acharam que não valia a pena ir para outro horário, investir. O discurso é que eu tinha que fazer TV para todos. Até hoje não entendi.
– Você foi para a Globo apadrinhado pelos meninos do Casseta e planeta. Eles não intervieram?
– Apelei para os ?cassetas?, mas eles não tiveram força. Eles também não tinham experiência em programas de auditório na TV aberta. Além disso, eles ansiavam por uma direção de núcleo, que não aconteceu. Acho que faltou correr atrás, cutucar mais. Mas não guardo mágoa, não foi intencional.
– Como foi sua ida para o Fantástico?
– A idéia era fazer um quadro misturando jornalismo, com entrevistas sem marcar. Todo mundo deu força. Quando estreou, recebi com 30 pontos de audiência e subi para 34. Só que a direção da Central Globo de Jornalismo começou a cortar tudo. Eu avisei que ia ficar sem graça. Acho que eles ficaram com medo de que a mistura de humor e jornalismo comprometesse a seriedade da Globo, criasse problemas com as fontes.
– Mas o Casseta & planeta, urgente! mistura humor e jornalismo.
– O Casseta já tinha conquistado seu espaço.
– Como foi sua saída do Fantástico?
– Na terceira semana, começaram as restrições. As pautas eram aprovadas, eu gravava, editava, apresentava para eles e alguns cortes eram propostos. Um mês depois, fiz um quadro sobre a extorsão dos juros bancários e não foi ao ar. Disseram que estavam sem tempo para aprovar. E depois não falaram mais nada. Entendi menos ainda. Quando não dava audiência, saí do ar. Quando dou audiência, não entro.
– Não houve um comunicado oficial, então?
– A direção da Globo não falou: ?Não temos interesse em sua linha editorial?. Para mim, a Globo funcionou como uma obra kafkiana. Aí eu resolvi ir embora. Percebi que eles não me queriam com ou sem audiência. Em outubro do ano passado, o quadro parou de ser produzido. Eles não quiseram renovar e também não me interessava. Ainda bem que a MTV me ligou.
– O que você acha que poderia ter sido feito?
– Eu era da MTV, fazia um programa sem celebridades, com uma linha editorial nova. Faltou trabalhar a marca Cazé. Também faltou diálogo entre as partes.
– Você ficou frustrado?
– Consegui realizar o trabalho que queria, mesmo que por pouco tempo. Mas foi frustrante. Todo mundo acreditava, criou-se uma expectativa.
– Você se arrependeu de ter ido para a Globo?
– Não. Vivi coisas legais, as reuniões de criação, as discussões sobre o veículo, aprendi outra forma de fazer TV. Só que não teve o resultado que eu esperava. Ainda bem passei pelo Fantástico e vi que consigo falar com a massa. O Cazé, que dava dois pontos de audiência na MTV, conseguiu 34 no Fantástico. O fato de ter um perfil diferenciado não impede ninguém de ser popular.
– Como é voltar para a MTV depois de uma passagem pela Globo?
– Legal. Minha saída foi transparente. Nunca desmereci a MTV, mas dei outro valor depois que saí. Pode parecer difícil de acreditar, mas a repercussão é maior que na Globo. Vou voltar a aparecer e repercutir."
REALITY SHOWS
"Globo confirma ?reality show? dentro de barco", copyright Folha de S. Paulo, 7/02/02
"Animada com o sucesso de ?Big Brother Brasil?, a cúpula da TV Globo bateu o martelo: em março, estréia no ?Caldeirão do Huck? o ?reality show? ?Amor a Bordo?, adaptação do europeu ?Love Boat?, da produtora Endemol.
O programa vai reunir pelo menos dez concorrentes confinados em um barco de 150 pés que navegará entre Angra dos Reis (RJ) e Ubatuba, no litoral de São Paulo. A ?idéia central? da atração é montar e desmontar casais. A cada semana, deverá ser eliminado um homem e uma mulher.
Apresentado por Luciano Huck e dirigido por Jorge Espírito Santo, ?Amor a Bordo? será um programa independente dentro do ?Caldeirão do Huck?, nas tardes de sábado. É a nova arma da Globo para combater Raul Gil (Record) e seus calouros, mas poderá também entrar em flashes em toda a programação da TV.
O programa ficará no ar dez semanas, mas ainda não está decidido se o elenco da atração permanecerá confinado no barco durante todo esse tempo. Os participantes de ?Amor a Bordo? vêm sendo escolhido por ?olheiros? da Globo desde novembro do ano passado. A emissora vai anunciar detalhes da produção em entrevista coletiva no próximo dia 19.
Licenciado pela produtora holandesa Endemol, ?Love Boat? fez relativo sucesso em sete países da Europa. É parecido com ?Love Cruise?, da rede norte-americana Fox, exibido no Brasil na TV paga."
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"Rede TV! prepara versão de ?Casa dos Artistas?", copyright Folha de S. Paulo, 6/02/02
"A Rede TV! prepara em sigilo a realização de um programa semelhante a ?Casa dos Artistas?, do SBT. Prioridade máxima da emissora, a atração já tem equipe de produção, que se reúne fora da sede da rede, em Barueri (Grande São Paulo). Na Rede TV!, o programa é chamado apenas de ?projeto especial?.
A informação foi negada pela assessoria da emissora, mas confirmada por duas fontes desta coluna. O ?reality show? deverá ir ao ar ainda neste semestre. Está mais para ?Casa dos Artistas?, do SBT, do que para ?Big Brother Brasil?, da Globo, porque irá reunir um elenco de ?famosos trash?, e não ?anônimos descolados?.
O programa irá ser gravado em uma casa na Grande São Paulo. Terá uma infra-estrutura mais modesta do que os ?reality shows? da Globo e do SBT, com menos câmeras e microfones. Com a atração, a Rede TV! espera atingir, pela primeira vez em sua história, audiências superiores a 20 pontos no Ibope.
A Rede TV!, a exemplo do SBT, não irá pagar direitos autorais pelo formato do programa. A direção da emissora aposta na ?jurisprudência? criada por ?Casa dos Artistas?, programa que a Globo alega ser plágio de ?Big Brother?, mas que foi mantido no ar por decisões do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e do Superior Tribunal Federal fundamentadas na falta de proteção a ?idéias? na legislação brasileira."
GLOBO vs. SBT
"Rede Globo perde novo recurso contra ?Casa?", copyright Folha de S. Paulo, 6/02/02
"A TV Globo sofreu ontem sua terceira derrota no STJ (Superior Tribunal de Justiça) na batalha jurídica que trava com o SBT por ?Casa dos Artistas?, que acusa ser plágio de ?Big Brother Brasil?.
A emissora entrou ontem à tarde com recurso pedindo a proibição da veiculação do programa do SBT, cuja segunda edição está prevista para estrear no dia 17. Às 19h31, segundo o site do STJ, a ministra-relatora do caso, Nancy Aldrighi, da Terceira Turma do tribunal, negou o pedido de reconsideração proposto pela Globo.
A Globo, que tentou duas vezes impedir a veiculação de ?Casa dos Artistas? na Justiça paulista, entrou com pedido de liminar no STJ no final do ano passado. Em 2 de janeiro, a liminar foi negada pelo presidente do órgão, ministro Paulo Costa Leite.
A emissora recorreu contra a decisão de Costa Leite e, em 25 de janeiro, perdeu de novo, em despacho do ministro Nilson Naves, vice-presidente do STJ.
O recurso apresentado ontem pela Globo pedia a reconsideração da decisão do ministro Naves.
A TV Globo comprou em agosto de 2001, da produtora holandesa Endemol, os direitos de produção no Brasil do ?reality show? ?Big Brother?, que exibe desde o dia 29 de janeiro.
Até agora, prevalece a fundamentação jurídica do Tribunal de Justiça de São Paulo de que ?Casa dos Artistas? não pode ser considerado plágio de ?Big Brother? porque a legislação brasileira não prevê garantia autoral a ?idéias?.
Eliminado
Ontem foi eliminado o primeiro participante de ?Big Brother Brasil?. O modelo Caetano Zurano, 40, foi escolhido por 55% dos telespectadores que votaram por telefone e pela internet."