Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Gareth Cook

TECNOLOGIA & FALSIFICAÇÃO

"Como fazer alguém dizer o que não disse", copyright O Estado de S. Paulo/The Boston Globe, 16/5/02

"Cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts criaram os primeiros vídeos realistas de pessoas pronunciando palavras que nunca haviam pronunciado – um salto científico que desperta dúvidas inquietantes sobre a falsificação de imagens de ação.

Em uma demonstração, os pesquisadores gravaram a cena de uma mulher falando para a câmera e depois reprocessaram o filme, convertendo-o em um novo vídeo, que a mostrava dizendo frases inteiramente novas e até mexendo a boca como se estivesse pronunciando as palavras de uma canção em japonês, língua que ela não fala. Os resultados foram convincentes o bastante para enganar as pessoas que viram a fita, segundo relatam os pesquisadores.

Os inventores da técnica afirmam que ela poderia ser usada em videogames e em efeitos especiais cinematográficos, talvez reanimando Marilyn Monroe ou outros artistas de cinema mortos, pronunciando frases novas. A técnica também poderia melhorar filmes dublados, uma indústria lucrativa.

Riscos – Entretanto, cientistas advertem que essa tecnologia também fornecerá uma ferramenta poderosa para fraudes e propaganda – e futuramente lançará dúvidas quanto à autenticidade de tudo, desde vídeos de vigilância até os pronunciamentos presidenciais.

?É um trabalho realmente inovador?, disse Demetri Terzopoulos, especialista em animação facial e professor de ciência de computção e matemática na Universidade de Nova York. ?Estamos em curso de colisão com a ética. Se alguém pode fazer as pessoas dizerem coisas que não disseram, potencialmente será possível criar o caos?, disse ele.

Os pesquisadores já começaram a testar a tecnologia em vídeos de Ted Koppel, âncora do programa Nightline, da ABC, com o objetivo de dublar um espetáculo na Espanha, de acordo com Tony F. Ezzat, estudante graduado que chefia a equipe do MIT. Embora essa e outras tecnologias sejam provenientes de laboratórios acadêmicos, os próprios cientistas envolvidos estão conscientes de que elas poderiam ser utilizadas com fins ilícitos: para desacreditar políticos dissidentes pela televisão; criar situações embaraçosas para outras pessoas com vídeos falsificados postados na Internet, ou usar pessoas de confiança, ilegalmente, na promoção de produtos.

Por enquanto, o método usado pelo MIT é limitado: trabalha somente com vídeo de uma pessoa olhando para a câmera, sem fazer muitos movimentos, como um noticiarista de TV. A técnica só gera vídeo novo – não gera áudio novo."

 

PAPEL JORNAL / ISENÇÃO

"Máquina para fabricar papel jornal é isenta", copyright Folha de S. Paulo, 16/05/02

"A compra de máquinas e equipamentos destinados à fabricação de papel jornal está isenta do pagamento do Imposto de Importação e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). A isenção foi autorizada ontem por meio de medida provisória publicada no ?Diário Oficial? da União.

Na tentativa de equalizar as condições de concorrência do papel importado com o nacional, a medida acaba também com as contribuições sociais (PIS e Cofins) cobradas sobre as vendas de papel nacional para a impressão de livros, revistas e jornais. Isso porque o produtor estrangeiro não paga essas contribuições.

A Receita Federal deverá fazer um ajuste nas alíquotas do IPI de outros produtos para compensar a perda de arrecadação do PIS e da Cofins, estimada em R$ 350 milhões por ano.

?Esperamos que o corte no imposto repercuta nos preços dos livros, jornais e revistas?, disse Ricardo Pinheiro, secretário-adjunto da Receita Federal.

A isenção do Imposto de Importação e do IPI para a produção de papel jornal também atingirá acessórios e ferramentas destinados à instalação, ampliação ou modernização de fábricas.

A MP desburocratiza e agiliza o processo aduaneiro por meio de várias alterações no sistema. A Receita receberá as declarações de importação e exportação por meio eletrônico (antes, em papel)."

 

MULHERES & MÍDIA

"Mulher em Folhas", copyright Comunique-se, 16/5/02

"Amarilys bate ponto há mais de 5 anos na coluna ?Cá entre nós? do Suplemento Feminino do Estadão. De 1997 para cá, deu notícias de casamento, paquera, fobia masculina, manipulações femininas, beijo na boca, rivalidade entre mulheres, dietas, criação de filhos, dificuldades de relacionamento, campanha anti tabagismo, perseguição aos ?fracassados?, crueldade dos ?vencedores?, novidades no mercado editorial, peças de teatro, filmes. Nunca, porém, Amarilys parou para avaliar a imprensa ou o quanto existe de Mulher nas Folhas.

Tema da maior importância. Mulheres ainda estão ligadas à origem da espécie. Sim, porque já se clona seres humanos – pelo menos em novela e em misteriosas entrevistas de geneticista italiano – mas ainda não se descobriu um meio de dispensar a barriga.

Mulheres fazem o diferencial na maior ou menor abertura de uma sociedade. Mulheres crescem em quase todos os setores visíveis, menos na criminalidade no Rio de Janeiro, onde sua participação minoritária, dizem, permanece mais ou menos estável. Por que será que Amarilys nunca se preocupou em medir como as mulheres aparecem na imprensa? Lacuna a ser preenchida, urgente, no site Comunique-se.

A partir de hoje, Amarilys vai se dedicar a acompanhar como as mulheres aparecem na reportagem, colunismo, jornalismo online. Nos grandes e pequenos centros. Nos cadernos específicos ou na geral. Hoje em dia mulheres assinam colunas de economia e política em grandes jornais. Mulheres tratam temas que foram, um dia, considerados de homens. Mulheres estão no Primeiro Caderno. Mas os homens tratam temas considerados de mulheres? Homens estão nos cadernos femininos? E do que mesmo tratam os cadernos femininos?Muitas perguntas para Amarilys apurar, a partir de hoje. Para começar, vale a pena dar uma conferida na edição do caderno Ela do Globo, edição de 11.05.02. Uma nota despretensiosa de Mara Cabalero dá conta de uma festa de aniversário, num bar carioca, na qual a anfitriã convidou dançarinos profissionais para entreter as amigas e não estragar o clima festivo com reivindicações aos namorados e maridos que dançam pouco. Será uma tendência? Manter o homem amado na dele e, aberta e oficialmente, se divertir com outro em área de atrito habitual?

No forno, preste a estrear nas bancas, uma revista comandada ou inspirada, nem Amarilys nem eu temos certeza, na psicóloga Regina Navarro Lins. Muito Prazer é o nome e não deve ser só para mulheres. Dizem que mulheres têm mais tesão por discutir essas coisas: prazer, relacionamentos, problemas amorosos e sexuais. É possível que sim, mas não é engraçado que mulheres conquistem o espaço de Economia e Política e sobre relacionamento poucos homens se aventurem? O amor (ou o prazer) na imprensa é reservado às mulheres e aos psicanalistas.

Amarlys vai investigar e trazer notícias de como as mulheres aparecem nas folhas. Leitores e leitoras devem estar se perguntando quem é Amarilys. Ah, ela é uma mulher entre 38, quase 50, hetero, com uma cota legal de amigos gays, apreciadora de seres e coisas que dão prazer e fazem rir. É pouco? É o bastante para interagir com muito mais do que meio mundo e para ter curiosidade."