CRISE NO NYTIMES
O estrago causado por Jayson Blair na redação do New York Times continua repercutindo em outras redações americanas. No final das contas, houve um lado positivo de curto prazo nessa história: diversos jornais estão revendo políticas de contratação e procedimentos editoriais.
A recente coluna da ombudsman do Boston Globe, Christine Chinlund [23/6/03] traz um pouco desse otimismo aos leitores, ao afirmar que o Globe conta agora com esforço redobrado em prol de precisão e credibilidade, também em grande parte por causa da cobrança dos leitores, que está bem mais intensa agora. Os números não deixam mentir: 135 correções foram publicadas no Globe no último mês, em comparação com 80 em maio do ano passado. Não que haja mais erros; há, sim, leitores mais atentos e exigentes.
Repórteres do Globe têm se encontrado freqüentemente para traçar um novo manual de redação e ética para o jornal. O documento ainda é rascunho, mas o trabalho promete indicar regras básicas para o jornalismo.
A seguir, alguns dos pontos tratados pela redação do Globe:
* Deve-se checar o histórico de candidatos a vagas na redação ou criar um novo sistema para rastrear quais repórteres cometem mais erros;
* É permitido citar fontes anônimas, mas a prática deve ser feita com cautela.
* As fontes devem ter conhecimento da informação que estão provendo e não devem utilizar o escudo do anonimato para fazer ofensas pessoais ou especulações.
* Essas fontes devem ainda ser identificadas em termos gerais, porém relevantes ? como "um advogado envolvido no caso", por exemplo ?, de forma que os leitores possam julgar o valor da informação dada pela fonte.
* Dizer apenas "a fonte disse" é permitido apenas em circunstâncias muito pouco usuais, e um editor deve se responsabilizar.
* Não é recomendável que se confie em observações feitas por outros. Quando for inevitável, a reportagem deve identificar quem forneceu a informação.
* A dateline (linha de crédito e local de reportagem) deve refletir onde a maior parte do artigo foi feito.
Há outras regras citadas pela ombudsman, mas a que permanece ecoando para leitores e jornalistas americanos é a que diz que, quando se cometer erros, deve-se corrigi-los imediatamente.