Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Guerra aberta pela audiência

FOX vs. CNN

A Fox comprou um anúncio de página inteira no New York Times criticando a CNN por ter mudado a versão da história de como conseguiu as fitas de vídeo da al-Qaida. A emissora, que primeiro declarou não ter pago pelas imagens, que mostram treinamento de terroristas e experiências com gases tóxicos, admitiu depois que desembolsou US$ 300 mil, culpando uma falha de comunicação interna pela informação errada.

A guerra pela audiência entre os dois canais, com a Fox ultrapassando a CNN neste ano pela primeira vez, inspirou o anúncio “CNN… flagrada?”, publicado em 22 de agosto. Citando matérias de jornal sobre a polêmica do pagamento ? a CNN se recusa a identificar a fonte das fitas, mas insiste que o dinheiro não será usado para financiar terrorismo ? o texto conclui: “A verdade é importante no jornalismo. A América confia em nós. É por isso que nos escolhem.”

“Você tem que ser cauteloso quando começa a pagar por coisas”, diz Kevin Magee, vice-presidente da programação da Fox. “Estamos em guerra. Este é o inimigo. Para onde foi o dinheiro? Não sei se ?confie em nós? basta.”

Magge diz que a Fox não exibiu nenhuma matéria sobre as fitas porque não as considerou “interessantes”. Segundo David Bauder [AP, 22/8/02], a rede deve ter gasto tanto quanto a rival pelo anúncio no New York Times: página inteira na seção de negócios geralmente sai por US$ 100 mil.

 

UNIÃO EUROPÉIA

A União Européia vai decidir nos próximos meses se aprova regulamentação pela qual as empresas de telecomunicações dos países-membros ficam obrigadas a armazenar por pelo menos um ano todos os registros de números e endereços de telefonemas e mensagens eletrônicas para ou de habitantes do bloco. Essas informações, conhecidas como dados de tráfego, ficarão disponíveis para os governos. Inicialmente, o combate ao terrorismo era o principal fator que motivaria a adoção de tal procedimento, mas agora se argumenta que ele é necessário no combate a todo tipo de crime mais sério, como pedofilia e racismo. Estimulado pelos americanos, o Reino Unido tem pressionado pela criação de regime compulsório único de retenção das informações.

Grupos de defesa das liberdades civis temem que um passo seguinte ao armazenamento dos dados de tráfego seria o aumento do poder das agências de informações, permitindo que vejam conteúdo de e-mails e que interceptem conversas telefônicas e transmissões de fax, reporta The Guardian [20/8/02].

O projeto da regulamentação determina uma lista mínima comum de crimes para que os governos tenham acesso aos dados, que inclui terrorismo, tráfico de pessoas, exploração sexual de crianças, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, rapto de avião e “crime de veículo automotor”. Somente com aprovação judicial as autoridades poderão receber as informações. Um país-membro não poderá recusar pedido de outro sob alegação de defesa de direitos humanos ou privacidade.