GM & JB, JUNTOS
"Tanure dá R$ 10 mi para jornal paulista pagar dívidas", copyright Folha de S. Paulo, 11/10/01
"Depois de cerca de dois meses de discussões, o ?Jornal do Brasil? e a ?Gazeta Mercantil? assinaram ontem um acordo preliminar de parceria que irá garantir o pagamento dos salários atrasados de setembro do jornal paulista. Os dois jornais publicam hoje em suas primeiras páginas um breve comunicado sobre o acordo.
No documento assinado ontem, o ?Jornal do Brasil? incorpora toda a área comercial da ?Gazeta Mercantil?. A equipe de vendas do jornal paulista passa a ser comandada pelo ?Jornal do Brasil?. O controle acionário e a parte editorial da ?Gazeta Mercantil? continuam nas mãos de Luiz Fernando Levy, diretor-responsável e controlador do jornal.
Pelo acordo, o empresário Nelson Tanure, dono do ?Jornal do Brasil?, abre uma linha de crédito de R$ 10 milhões para a ?Gazeta Mercantil? honrar alguns de seus compromissos urgentes, como a folha de pagamentos.
A Folha apurou que o documento assinado ontem é o primeiro passo de uma operação que pode resultar na transferência do controle da ?Gazeta Mercantil? para o empresário Nelson Tanure, atual controlador do ?Jornal do Brasil? e do Grupo Docas.
A partir de segunda-feira, o Banco Fator irá começar o trabalho de reestruturação da ?Gazeta Mercantil?. A previsão é de que esse trabalho demore cerca de 90 dias. Ao final do prazo, Tanure e Levy vão voltar a conversar para discutir um novo acordo, este em caráter definitivo.
Ontem, a ?Gazeta Mercantil? viveu mais um dia de tensão. A direção do jornal chegou a receber à tarde um comunicado em que os funcionários ameaçavam entrar em greve caso os salários não fossem pagos até hoje.
Semelhanças
O acordo entre Tanure e a ?Gazeta Mercantil? guarda muitas semelhanças com a compra do próprio ?Jornal do Brasil? por Tanure, no início do ano. Baiano, 50 anos, Tanure é conhecido no meio empresarial por comprar empresas em estado pré-falimentar, saneá-las e depois vendê-las.
As negociações entre Tanure e o ?Jornal do Brasil? se estenderam por mais de seis meses, até que efetivamente ele assumiu o controle do centenário jornal carioca.
O ?Jornal do Brasil? também estava mergulhando em crise e com salários atrasados. Tanure acertou o pagamento da folha de pagamentos e, logo depois, fechou acordo se tornando dono da marca ?JB?.
Diarios Associados
Tanure está negociando também a compra de uma fatia dos Diários Associados, um dos principais grupos de comunicação do Brasil, controlador, entre outros veículos, do ?Estado de Minas? e do ?Correio Braziliense?.
O objetivo do empresário é comprar a participação minoritária de Gilberto Chateaubriand, filho de Assis Chateaubriand (fundador dos Diários Associados), e dos demais membros da família, no conglomerado."
"Passaralho gigante no horizonte", copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 11/10/01
"Um Plano de Demissão Voluntária será apresentado nesta segunda-feira (15/10) aos jornalistas da Gazeta Mercantil. Segundo estimativa feita por uma fonte próxima da direção da redação, a GZM tem cerca de 350 jornalistas. A previsão de uma fonte confiável é de que pelo menos 80 aceitarão o plano ou serão demitidos.
Nelson Tanure reuniu-se no Rio, nesta quarta (10/10), com diretores comerciais e de assinaturas da Gazeta Mercantil de todo o país. Falou curto e grosso. Não haverá mais jornalistas no comando dessas áreas, o que o empresário qualificou de ?absurdo?. E a situação do jornal – como ele disse – exige cortes. As bases da reestruturação editorial serão discutidas neste fim de semana (13 e 14/10) por Augusto Nunes e Roberto Muller.
Tanure disse que ?colocará a casa em ordem dentro de 180 dias?. E disse a todos os presentes que, de agora em diante, ?todo o dinheiro deve entrar através dele?.
A mesma fonte confiável informa que Tanure garantiu o pagamento em dia dos salários, mas as pendências de pessoas já demitidas ou simplesmente afastadas só serão acertadas na Justiça, mais ou menos o que já ocorreu no Jornal do Brasil."
"Fato relevante", copyright Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil, 11/10/01
"A GAZETA MERCANTIL e o JORNAL DO BRASIL comunicam ter celebrado acordo operacional com o objetivo de otimizar suas estruturas comerciais.
Com este acordo, os dois veículos colocam à disposição do mercado um poderoso instrumento de mídia para anunciantes e agências de publicidade.
A GAZETA MERCANTIL comunica também que está contratando Banco de Investimento para promover a reestruturação econômico-financeira da empresa."
"JB negocia parceria com Gazeta Mercantil", copyright Agência Estado, 10/10/01
"O empresário Nelson Tanure, que assumiu o controle do Jornal do Brasil, está mantendo conversações com a Gazeta Mercantil e outros veículos de comunicação para possíveis acordos de parceria ou associação. A informação é do presidente da JB Comercial S.A., Jarbas Nogueira, responsável pela publicidade, circulação e marketing do jornal carioca.
?Existe a negociação, sim, assim como existem conversas com outros veículos de comunicação. O formato final ainda não está definido, pois há diversas alternativas possíveis?, disse Nogueira. O executivo da JB Comercial observou que outros veículos de comunicação têm buscado parcerias, principalmente para a redução de custos.
Os comentários sobre as negociações entre o JB e a Gazeta têm se acentuado nas últimas semanas, mas as informações são desencontradas. Quando as fontes são mais próximas à Gazeta Mercantil, há menção a possíveis aportes de recursos de Tanure no jornal econômico e que as negociações estariam na iminência de fechamento. Entre os assessores de Tanure, a voz predominante é de que a negociação ainda estaria em estágio preliminar e não envolveria muitos recursos financeiros.
O diretor de redação do JB, Ricardo Boechat, mencionou que a prioridade é a ampliação das fontes de informação do veículo e que a negociação visa a compra de conteúdo, ou seja, o uso do material editorial da Gazeta pelo JB. Ele ?desconhece? se a parceria poderia resultar em alguma participação acionária. Entre os profissionais de imprensa das duas casas menciona-se a possibilidade de junção das redações e até da distribuição dos veículos, mas com estruturas societárias e de marketing independentes.
Nogueira, da JB Comercial, mostrou-se animado com os números mais recentes do jornal. Ele disse que há ?torcida e apoio? por parte do mercado publicitário. Tanto que o faturamento do mês passado teria registrado crescimento de 22% em relação a agosto e de 45% sobre setembro do ano passado. Ele não quis informar o valor faturado, alegando que esse dado ainda é sigiloso.
O ânimo do executivo do JB não se refletiu na circulação. Pelos dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC), especializado no acompanhamento do mercado de veículos e que serve de referência para as agências de publicidade, a circulação paga do Jornal do Brasil continua em queda.
No mês de agosto, a circulação média diária do jornal foi de 69.774 exemplares, o que representa queda de 1,36% sobre o mês anterior e de 12,31% em relação a agosto do ano passado. O jornal O Globo teve circulação diária média de 291.640 exemplares (queda de 0,30% sobre julho e de 8,99% sobre agosto do ano passado), enquanto os jornais populares (O Dia e Extra) registraram reação.
O Extra, das Organizações Globo, com 296.517 exemplares passou a ser o maior jornal do Rio (crescimento de 8,49% sobre julho e queda de 16,43% sobre agosto de 2000) enquanto o rival O Dia registrou aumento de 2,65% em agosto sobre julho e queda de 11,32% sobre agosto do ano passado, com circulação de 254.730 exemplares.
O mercado publicitário do Rio registra ?expectativa? quanto ao fortalecimento do JB. ?O ideal é você sempre ter concorrentes nos mercados. Hoje O Globo está praticamente sem concorrentes. O anunciante, porém, avalia muito antes de vincular a sua marca à de um veículo de comunicação e a maioria está aguardando mais dados sobre o jornal e sobre seu novo controlador?, observou o publicitário.
Nogueira mencionou que, nos últimos três meses, o JB conseguiu 63 novos anunciantes e está animado para o último trimestre do ano. ?Estamos mostrando os nossos dados e as perspectivas são animadoras?, comentou."
"Gazeta Mercantil: nada ainda está fechado", copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 10/10/01
"Pelo noticiário dos últimos dias, Nélson Tanure já seria o novo dono da Gazeta Mercantil. Errado. Embora as negociações com ele estejam relativamente avançadas, nada ainda foi assinado e nenhum tostão entrou no caixa da empresa, ao menos até o final desta última 3?.feira (9/10). Estamos falando de dinheiro, obviamente, da negociação da venda do controle ou participação acionária no jornal.
No jogo de informações e contra-informações, nota-se um interessante jogo de xadrez em que as peças são movimentadas de um lado buscando valorização e, de outro, o inverso. Pagam o pato os funcionários que continuavam sem receber, e que, reunidos em assembléia protocolaram na empresa o chamado Aviso de Greve, dando um prazo de 48 horas para a empresa saldar seus compromissos salariais. Depois disso, greve por justa causa.
A empresa – leia-se Luiz Fernando Levy – vem mantendo conversas com quatro diferentes grupos: Tanure e JB, que chegaram por último; Icatu (Kati de Almeida Braga), World Invest (ligado ao Deutsch Telecom – representado por Thompson Flores) e o Rio Bravo, que tem à frente o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco. Com o refluxo das negociações com Tanure e JB, fonte de um diário econômico revelou a Jornalistas&Cia ter tido informações de que Gustavo Franco voltou novamente a se interessar pelo negócio e até melhorou um pouquinho a proposta original.
Levy precisa fechar um acordo urgente, pois a situação é insustentável e ele corre o real risco de não ter jornal nas bancas dentro de alguns dias. Mas não aceita que grupos atuem como ponta de lanças de outros veículos de comunicação, que estariam por de traz de algumas transações.
Dentro do jornal, no dia-a-dia das redações, o clima é ruim. Muito ruim. E ficou ainda pior com a morte do colega Gustavo Camargo, que vinha de um preocupante estágio depressivo, desde que os atrasos salariais se tornaram constantes. Para o mercado, é importante que um rápido acordo seja formalizado, ainda que as custas de alguma perda para todos os lados, pois a outra alternativa será uma tragédia.
A Mercantil emprega hoje mais de 600 jornalistas, em diferentes funções. Caso algo de ruim venha a acontecer é esse o número de profissionais que de uma hora para outra irá para a rua. E se lá está difícil receber, desempregado a situação não melhorará, até porque, como diz o ex-diretor do jornal, Mário de Almeida, demitido, seja ele diretor ou repórter, passa a ter salário zero."