MERCADO PONTOCOM
Os bastidores da internet no Brasil, de Eduardo Vieira, 336 pp., Editora Manole, São Paulo, 2003; URL <www.manole.com.br> ; e-mail <info@manole.com.br>; preço: R$ 35; título da redação do OI
[do release da editora]
Livro-reportagem do jornalista Eduardo Vieira, Os bastidores da internet no Brasil reúne mais de 100 depoimentos, alguns com revelações em off, para contar o que se passou nos corredores das empresas pontocom no auge da bolha da internet. Eduardo Vieira é editor da Info Corporate, da Editora Abril,
"A idéia de escrever o livro surgiu no começo de 2001, cerca de um ano depois do estouro da bolha especulativa que marcou a web comercial", conta o autor. "O projeto inicial foi de um trabalho de mestrado, mas quando comecei a fazer as entrevistas percebi que tinha a chance de escrever algo muito mais amplo". Algumas entrevista surpreenderam, como a de Roberto Civita, presidente do Grupo Abril. "Ele revelou que a negociação com a Folha para criar o UOL durou apenas três minutos, num café da manhã". Luís Frias, presidente do Grupo Folha, pela primeira vez assumiu o erro de ter expandido o UOL internacionalmente e de não ter feito um IPO [oferta de ações em bolsa], o que quase levou ao fim da empresa em 2000, acrescenta Eduardo.
Os depoimentos vieram de mais de 100 entrevistas com personagens que construíram a indústria da internet brasileira, entre eles Nizan Guanaes, Marcelo Lacerda, Aleksandar Mandic, Marcos Wettreich, Indio Brasileiro Guerra Neto, Fernando Espuelas, Manoel Amorim, Charles Herington, Jack London, Marcos de Moraes, Caio Túlio Costa, Matinas Suzuki, Juarez Queiroz e Bob Wollheim, entre outros.
"Tive acesso também a muitos números até então contraditórios no mercado, como os valores de venda do Cadê? à StarMedia, da Booknet e da Mandic ao GP, da MLab à Latinvest, do ZAZ à Telefônica e por aí vai", diz. "Outra passagem marcante do livro é a ascensão e a queda da StarMedia, que tinha a faca e o queijo na mão para fazer história mas, infelizmente, esqueceu de cortar o queijo". No capítulo dedicado ao iG, o leitor conhece os detalhes de como foi arquitetado o principal projeto da internet gratuita brasileira.
Eduardo Vieira atribui o fracasso de empresas pontocom ao deslumbramento inicial. "Muitos profissionais simplesmente deixaram tudo na mão do mercado", critica. "Não se preocuparam em aproveitar a chance que tiveram de ter dinheiro à disposição para construir idéias e projetos de vida sólidos". O principal acerto foi justamente o oposto, opina: saiu-se bem quem acreditou na internet como uma indústria e deu continuidade ao que começou no boom.
O livro conta inicialmente o que é a internet, como surgiu, suas primeiras aplicações e sua chegada ao Brasil. Em seguida, um capítulo conta a história dos primeiros empreendedores da internet brasileira, como Marcelo Lacerda, Aleksandar Mandic e Jack London. Zip Net e Cadê? são abordados no capítulo seguinte, intitulado "As grandes marcas", e o UOL mereceu capítulo especial, com o título "O big-bang".
A entrada no país de empresas como StarMedia, AOL e Telefônica, com a compra do ZAZ, é o tema do capítulo "A invasão estrangeira". O acesso gratuito, com destaque para o iG, também ganhou capítulo à parte: "O almoço grátis". Por fim, o livro relata a explosão da bolha da internet, com o surgimento de centenas de projetos; a ascensão e a queda da Nasdaq; a quebradeira e os projetos que sobreviveram, e ainda, o que o futuro reserva para os que continuarem apostando na rede. O livro inclui galeria de fotos, tabelas e gráficos do mercado. A apresentação é de Sidnei Basile, diretor-superintendente do Grupo Exame, e a orelha por Pyr Marcondes, CEO da Digital Strategy.
Formado pela Universidade de São Paulo, Eduardo Vieira se especializou na área de tecnologia e negócios. Foi editor especial da revista Info Exame por três anos, repórter da Gazeta Mercantil, supervisor de marketing corporativo da Imprensa Editorial e repórter free-lancer das revistas Exame, Exame São Paulo, Você S/A e Imprensa e do jornal Valor Econômico.