Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Idênticas, exceto pelo papel

REVISTAS DIGITAIS

Algumas revistas americanas, em meio à crise, encontraram na distribuição eletrônica de cópias idênticas às versões impressas alternativa atraente de vendas. Este tipo de serviço atrai principalmente jovens, mais habituados a ler na tela do computador, e pessoas que vivem longe da praça onde circula a publicação. A assinatura da Technology Review, que acaba lançar versão eletrônica, por exemplo, custa US$ 30 por ano, o mesmo que a edição impressa nos EUA. Contudo, fora do país, o assinante paga US$ 64 para receber a Review de papel. Além do preço, outra vantagem é que não se corre o risco de receber com atraso.

Para as editoras, a nova modalidade de publicação não poderia ser mais vantajosa. O custo de produção é quase nulo, pois é utilizado, com algumas adaptações, o arquivo original que vai para a gráfica para se imprimir a versão de papel. Além disso, os assinantes eletrônicos contam, para fins de aferição de circulação, como se comprassem a edição comum e os anunciantes são iguais, o que não acontece com os sítios de revistas na internet. No primeiro mês de vendas de cópias digitais, o Review vendeu 3 mil assinaturas, 30% do que se previa vender em um ano.

Como informa Bob Tedeschi, do New York Times [5/08/2002], há, por enquanto, poucas revistas nos EUA que disponibilizam a venda de cópias digitais – PC Magazine e Harvard Business Review estão entre elas. Entre os jornais, no entanto, a prática é mais comum e já há cerca de 60 que as oferecem. O próprio Times tem o serviço desde outubro.

ROSIE

A ex-apresentadora de TV Rosie O’Donnel está em conflito com a editora Gruner & Jahr USA, que publica sua revista. O acordo entre as duas partes para a publicação prevê metade da propriedade para cada uma, mas Rosie abriu mão do controle operacional e editorial. Agora, suas interferências provocam protestos na editora, que é subsidiária da alemã Bertelsmann. "Não podemos permitir que a revista vire um manifesto das visões pessoais de sua homônima", escreveu Daniel Brewster Junior, presidente da Gruner, em comunicado de julho para seus executivos seniores e para representantes de Rosie. Ela reclama das alterações que a nova editora, Susan Toepfer, está fazendo, e sugere que ela está transformando a publicação em mais uma revista de celebridades. Rosie surgiu em substituição a McCall’s, título que existia há 125 anos, e quase dobrou o número de páginas de anúncios vendidas.

Em 2001, a apresentadora, para desagrado da Gruner, insistiu em aparecer na capa da edição de julho vestida com um avental hospitalar exibindo braço enfaixado, resultado de uma infecção, o que contraria o padrão das publicações femininas, que têm como regra falar de assuntos otimistas. Em outubro, ela publicou carta em que destrata os executivos da editora, chamando-os de "os caras do dinheiro". Rosie, que ocupa cargo de diretora editorial, passou a exigir que a revista tivesse sua aprovação para sair quando Susan assumiu. Funcionários da editora dizem que, no último mês, ela os tratou de forma abusiva, ameaçou com processo e chegou a afirmar que "acabaria com a revista". Para números futuros ela tem planos que também não agradam aos parceiros. Quer colocar Mike Tyson, condenado por estupro, numa capa e uma colagem de sua parceira grávida? ela assumiu sua homossexualidade publicamente, ganhando enorme notoriedade ? em outra.

David Carr, do New York Times [9/8/02], escreve que o caso alerta para um perigo que correm todas as publicações vinculadas a uma personalidade, tipo cada vez mais comuns nos EUA. A Martha Stewart Living, um dos maiores sucessos desse tipo, por exemplo, tem sido prejudicada por acusações de tramas contra Martha dentro da editora que a publica.