Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Imagens proibidas na Cisjordânia

CENSURA

Afirma o Jerusalem Post do dia 12/9 que palestinos armados confinaram fotojornalistas num hotel de Nablus (Cisjordânia) na noite de terça-feira (11) para que não registrassem a festa nas ruas após os ataques terroristas. No dia seguinte, o Post publicou declaração da Associação de Imprensa Estrangeira em Israel, que expressou preocupação com o cerco a jornalistas e à supressão de uma fita gravada por eles. "Nós condenamos as ameaças diretas feitas aos jornalistas pelas milícias locais e a atitude dos funcionários palestinos, que não fizeram nenhuma tentativa de se opor às ameaças, de controlar a situação ou garantir a segurança dos jornalistas e a liberdade de imprensa. Pedimos às autoridades palestinas que assegurem a liberdade de imprensa e o livre fluxo de informação, e que impeçam que grupos que operam em sua jurisdição façam ou executem ameaças que têm o objetivo de impor a censura", dizia a declaração.

Segundo o jornal, Israel está exigindo da Associated Press (AP) a liberação de uma fita de vídeo que mostra as celebrações de palestinos após os ataques. Alega-se que o vídeo mostra policiais palestinos participando da festa em Nablus e no campo de refugiados de Balata, ao lado de civis dançando. Segundo fontes israelenses, o fotógrafo palestino que registrou a cena e passou a fita à AP recebeu ameaças de morte.

A AP se recusou a comentar as afirmações de que teria impedido a fita de ser divulgada após pressão das autoridades palestinas. Um correspondente estrangeiro, no entanto, disse a Miriam Shaviv, repórter do Post, que o secretário palestino Abdel Ahmed Rahman ameaçou os produtores da AP: se divulgassem as imagens, as autoridades "não poderiam garantir sua segurança".

As imagens sobre a festa dos palestinos divulgadas por veículos estrangeiros foram feitas no leste de Jerusalém. A Autoridade Palestina já fez ameaças à imprensa estrangeira quando um correspondente da TV italiana filmou, em outubro de 2000, o linchamento de dois soldados da reserva por uma multidão de palestinos em Ramallah. Riccardo Cristiano perdeu seu visto de jornalista e seu posto em Jerusalém após enviar carta ao diário local Al-Hayat al-Jadida em que negava que a gravação tivesse sido feita por sua estação.

Mas a AP tem informações diferentes. No domingo, o escritório da agência em Jerusalém informou que a Autoridade Palestina devolveu-lhe uma fita confiscada no dia 14, mas dois trechos diferentes da filmagem foram cortados, totalizando cerca de 45 segundos dos seis minutos da gravação. As imagens mostravam 1.500 palestinos, seguidores do grupo terrorista Hamas, desfilando sexta-feira no campo de refugiados Nusseirat, na Faixa de Gaza, queimando bandeiras de Israel e carregando um pôster de Osama bin Laden, acusado pelos EUA de mentor do ataque terrorista.

Depois da manifestação, policiais à paisana interrogaram vários jornalistas e confiscaram fitas e filmes de pelo menos nove veículos, incluindo a fita do cinegrafista da TV da AP (APTN), que protestou, pediu sua devolução e divulgou o episódio. A Reuters disse que os palestinos devolveram o filme, intacto, tirado de um fotógrafo da agência.

A APTN não exibiu as imagens da fita devolvida. "Não há mérito em mostrar um filme cujos elementos-chave foram apagados", disse Nigel Baker, diretor da emissora. Yasser Abed Rabbo, ministro palestino da Informação, não quis comentar o episódio. A polícia afirmou, em declaração, que a manifestação não tinha autorização para se realizar. "Confiscamos material que documentou atos ilegais", alegou o documento. A Autoridade Palestina vem tentando impedir a cobertura de celebrações pelo ataque aos EUA.

    
    
                     
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