Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Imprensa vai ao exterior para escrever sobre o Brasil

COBERTURA PAROQUIAL

A viagem do presidente Lula a Londres desvenda, mais uma vez, nossas deficiências em matéria de cobertura internacional. O presidente participou da reunião do grupo que se intitula a “Terceira Via”, agora batizada de Governança Progressista, formado por políticos e intelectuais de centro-esquerda ou progressistas, ali reunidos para examinar os avanços da nova direita e os desafios para a nova esquerda.

Mas, como só sabemos olhar para o nosso umbigo, o notici&aacutaacute;rio a respeito desta parte da viagem à Europa (edições de domingo e segunda, 13 e 14/7) teve como tônica a política doméstica, principalmente a reforma da Previdência.

Alguns jornais mandaram a Londres até dois repórteres, mas não houve previsão de espaço para publicar o farto material sobre o encontro em si e sobre as questões nacionais. E como em nossas primeiras páginas os textos são reduzidos, os redatores foram obrigados a escolher o teor das chamadas ? ou tratavam da reunião socialista ou tratavam da Previdência. Obviamente, preferiu-se aquilo que seria mais “quente”.

Assim, o leitor brasileiro não ficou sabendo que o encontro foi denominado de Cúpula Progressista, reuniu quase 400 políticos e pensadores da chamada “esquerda moderada” de 30 países, contou com a presença de 15 chefes de Estado, entre os quais o do Brasil, e teve como uma de suas estrelas, o ex-presidente americano Bill Clinton.

Nenhuma palavra sobre o confronto entre os socialistas franceses, tradicionais, mais à esquerda (liderados por Laurent Fabius) e os reformistas ingleses quase centristas, comandados por Tony Blair. Não soubemos que o Secretário Geral do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), José Luis Rodrigues Zapatero, recusou-se a comparecer, indignado com as desconsiderações de Blair com os socialistas espanhóis durante a guerra do Iraque.

Dinheiro jogado fora: não é preciso ir a Londres para acompanhar os avanços e recuos da reforma da Previdência. E para reproduzir apenas o que disse o nosso presidente, melhor compulsar a excelente e equilibrada cobertura da Radiobrás.

Texto fechado na segunda-feira, 14 de julho, às 18 horas (A.D)