Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Independência por um fio

ALEMANHA

A Alemanha se orgulha há anos de que seus dois maiores jornais, Süddeutsche Zeitung e Frankfurter Allgemeine Zeitung, são independentes, ou seja, não pertencem a um grupo detentor de diversas publicações, o que, segundo alguns críticos, favoreceu o melhor jornalismo no país. Contudo, a crise profunda em que se encontra a imprensa deve acabar com essa condição. Ambos os diários apresentam prejuízo e dão sinais de que pretendem vender pelo menos parte de suas ações a grandes editoras.

O Süddeutsche Zeitung, baseado em Munique, tem circulação de 443 mil exemplares e, em 2001, perdeu 43,9 milhões de euros (US$ 43,1 milhões), mesmo faturando 808 milhões de euros. Para este ano, a projeção é de que entrem apenas 720 milhões de euros, devido à baixa na publicidade. Diversas fontes apontaram que o jornal negocia com os maiores grupos editoriais alemães a venda de 10% a 20% de suas ações, com objetivo de levantar os 100 milhões de euros necessários para manter a liquidez da empresa.

Entre os interessados estariam o grupo WAZ, que publica 28 diários regionais com circulação total de 4,3 milhões, e a Holtzbrinck, proprietária, entre outros, do jornal de negócios Handelsblatt, do semanário Die Welt e de 49% do Wall Street Journal Europe. O Financial Times Deutschland aponta que está próximo o fim da linha de financiamento de 30 milhões de euros do Süddeustche junto ao banco estadual da Baviera. O presidente da companhia, Dirk Refäuter, confirma a urgência de se fechar negócio: "Para nós não seria melhor esperar. O valor da companhia está desaparecendo".

O Frankfurter Allgemeine também está no vermelho. No começo deste ano, acabou com sua versão em inglês, que publicava em parceria com a International Herald Tribune. Depois anunciou planos de fechar estações de rádio em Berlim, Frankfurt e Munique, além de enxugar seu setor de internet. A última notícia é de que pretende abandonar a publicação de livros para se concentrar em continuar como único jornal alemão com amplo reconhecimento internacional. Segundo a Deutsche Welle [30/10/02], sua direção afirma que vai considerar todas as opções para se manter independente.