THE WASHINGTON POST
No dia 12/12, o Washington Post teve como chamada principal "EUA suspeitam que al Qaida obteve nerve agent [produto químico que afeta o sistema nervoso] de iraquianos". O ombudsman do jornal, Michael Getler, em coluna de 22/12/02, aponta que, caso tal informação se confirme, será um duplo golpe nos americanos, pois os iraquianos, além de terem armas químicas que negam possuir, teriam relação com o grupo terrorista de Osama bin Laden. Contudo, o que chamou a atenção de diversos leitores no texto do repórter Barton Gellman foi que, repetidas vezes e de diferentes maneiras, enfatizou-se a falta de "evidências definitivas" da suposta transação. A reportagem só tinha fontes anônimas que não confirmavam a história. Então por que ela ganhou tanto destaque? Por que o Post não esperou por provas mais concretas?
Getler conversou com o gerente editorial Steve Coll para saber os motivos. Ele respondeu que a equipe sabia que seria acusada de estar favorecendo o setor do governo que quer a invasão do Iraque, o que não é verdade. Coll afirmou que eles estavam convencidos, pelas fontes de Gellman, que existe um relatório secreto americano sobre o tráfico do nerve agent que teve bastante repercussão no governo e que estava influenciando as decisões da administração. Como o assunto é de extremo interesse, o jornal optou por publicá-lo tomando o cuidado de deixar claras as incertezas.
"Tentamos deixar claro que esta reportagem foi obtida por iniciativa de um repórter e não por um vazamento autorizado de informação", explicou Coll. "A maioria do que o público sabe sobre a guerra secreta ao terrorismo é anunciado por porta-vozes do governo ou por notas autorizadas. Sentimo-nos na obrigação de descobrir e publicar responsavelmente nossas próprias versões das ameaças e desafios enfrentados por civis e militares americanos, bem como informações nas quais a administração baseia importantes decisões políticas."