Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Insulto ao presidente

FRANÇA

Dois mil exemplares de uma edição especial em francês do tablóide britânico Sun, em que o presidente francês Jacques Chirac é chamado de verme, foram distribuídos em Paris no dia 20/2/03. O jornal protestava contra a decisão da França de vetar um ataque ao Iraque no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

"Saudações do jornal Sun, lido diariamente por 10 milhões de pessoas, ao povo de Paris", dizia o texto do tablóide. "Nós achamos que seu presidente, Jacques Chirac, é uma desgraça para a Europa por ameaçar constantemente vetar a ação militar contra o Iraque. Os britânicos pensam que o sr. Chirac ? cujo apelido no Reino Unido é ?verme? ?, está arrogantemente se pavoneando para fazer a França parecer mais importante do que de fato é. Em nome de nossos 10 milhões de leitores: vocês não têm vergonha de seu presidente?"

Ciar Byrne, do Guardian (21/2/03), afirmou que os franceses, pouco acostumados com o jeito "direto" dos tablóides britânicos, se surpreenderam com o recado. O secretário geral dos Repórteres Sem Fronteiras, Robert Ménard se disse satisfeito: "Todo dia sonho com uma imprensa mais irreverente e que seja menos servil perante os que estão no poder". A lei do país prevê multa de até 45 mil euros para quem insulta o presidente.

JORDÂNIA

Três jornalistas da Jordânia foram condenados a dois a seis meses de prisão por terem difamado o profeta Maomé. Nasser Qamash, Roman Haddad e Muhannad Mbaidin, do semanário al-Hilal, foram acusados de blasfêmia por escrever um artigo especulando sobre a potência sexual do profeta, que teve 14 esposas. O jornal também foi fechado por dois meses pelo tribunal militar que julgou os repórteres.

O Comitê de Proteção aos Jornalistas e o grupo Repórteres sem Fronteiras enviaram notas de protesto contra a prisão. As autoridades alegam ter agido temendo a ira de alguns islamitas, que ameaçaram repetir as manifestações violentas que levaram à morte de 200 pessoas na Nigéria devido a um artigo de jornal sobre o concurso de Miss Universo que também fazia referência a Maomé.

Para alguns analistas, trata-se de pretexto para tentar reprimir ainda mais os dissidentes. Desde que chegou ao poder, em 1999, o rei Abdullah suspendeu o Parlamento, adiou eleições e nomeou agentes do serviço de inteligência para o conselho editorial dos principais jornais do país. O assunto é tão delicado que a maioria dos jornalistas não se atreve a defender os colegas publicamente, comenta Nicolas Pelham [Christian Science Monitor, 18/2/03]. O Sindicato dos Jornalistas da Jordânia, por exemplo, declarou que o artigo é "antiético" e se ofereceu para julgar os autores, em troca de sua libertação da cadeia. O publisher de al-Hilal, Ahmed Salama, questionado pelo tribunal, declarou que demitiu todos da equipe envolvidos na história, inclusive o datilógrafo.

Pelo fim da censura

O Jordan Times (19/2/03), aproveitando a presença de inúmeros jornalistas estrangeiros na Jordânia para a cobertura do iminente conflito no Iraque, publicou editorial reclamando da falta de liberdade de imprensa no país. Leis de censura, falta de estrutura e de acesso a fontes, além de décadas de subserviência, são os principais problemas da imprensa no país, afirma o texto. A população estaria precisando mais que nunca de uma boa atuação da mídia local, para inteirá-la dos importantes acontecimentos atuais. Segundo o jornal, no entanto, isso infelizmente não será possível.