IÊMEN
O governo do Iêmen estaria intimidando repórteres que trabalham para veículos estrangeiros, denunciam os Repórteres Sem Fronteira[18/7/02]. Três jornalistas ? Faisal Mukarram, do diário saudita Al-Hayat, Ahmed al-Haj, da agência americana AP, e Khaled al-Mahdi, da agência alemã DPA, foram interrogados nos dias 9 e 11/7 por tribunal especializado em crimes de mídia. Eles foram acusados de publicar "informações militares sem evidências e sem consultar fontes oficiais como requer a lei de imprensa". A intimação veio depois que os repórteres escreveram matérias sobre o bombardeio de áreas tribais do norte iemenita, em represália à tentativa de assassinato do chefe das Forças Armadas, brigadeiro Ali Mohammed Saleh, naquela região.
No dia 7/7, seis outros jornalistas ? Arafat Madabish do jornal Al-Akhbar al-Arab, Ahmed alJabali do al Ittihad, Mohammed al-Globari do Al-Bayan dos Emirados Árabes, Ibrahim al-Ashmawi do egípcio Al-Ahram, Mohammed al Qadhi do saudita Al-Riyadh e Said Thabet da agência A-Qods Press ? foram chamados ao Ministério da Informação e alertados de que , se escrevessem algum artigo sobre assuntos militares, suas credenciais seriam canceladas. Eles disseram ao Yemen Times que estão preocupados com o aviso, pois amordaça a imprensa e a impede de fazer seu trabalho livre e honestamente. Robert Ménard, secretário-geral dos RSF, pediu ao ministro da Informação, Abdul Rahman, e ao ministro da Justiça, Ismail Ahmad al-Wazir, que parassem de intimar os jornalistas para interrogatórios.
INGLATERRA vs. EUA
Artigo recente de John Pilger no jornal britânico Daily Mirror causou uma série de reações nos Estados Unidos. No texto intitulado "Luto no 4 de julho", o jornalista chamou os EUA de "líderes mundiais da patifaria" e acusou o país de minar leis internacionais, classificando a equipe do presidente George W. Bush de gangue criminosa.
Alguns jornais americanos deram resposta à altura. O Washington Times, por seu editor Wesley Pruden, chamou o Mirror de "tablóide estridente lido por hooligans e outras espécies de mutantes". O New York Post disse que o diário inglês "adora terroristas".
Roy Greenslade [The Guardian, 15/7/02] escreve que desses jornais americanos não se poderia esperar nada diferente, pois o primeiro é direitista e o segundo pertence a Rupert Murdoch, dono do tablóide The Sun, concorrente do Mirror. O que chamou a atenção do jornalista é que o administrador do fundo de investimentos da americana Tweedy Browne, Tom Shrager, ligou para Philip Graf, CEO da Trinity-Mirror ? dona do jornal, da qual a companhia americana é acionista ?, reclamando. "Isso fez aparecer um fantasma que não sabíamos que existia", escreve Greenslade. Ele conta que, na Grã Bretanha, jornalistas já estão acostumados a receber ligações dos donos das publicações querendo interferir, mas de acionistas, não. "Fomos levados a pensar que essas figuras anônimas só aplicam a lógica financeira quando se trata de comprar ou vender ações. Agora descobrimos que, afinal, eles são humanos, seres com emoções e uma visão política."
Contudo, ressalta Greenslade, seu poder é reduzido se comparado ao de um empresário de mídia. Eles poderiam, teoricamente, conseguir maioria em reunião anual de acionistas e mudar a diretoria. Outro procedimento possível para um investidor insatisfeito seria vender sua participação no jornal, mas mesmo isso teria de ser feito com comedimento, para que o preço do papel não caia.
Mesmo assim, a influência dos acionistas não pode ser desprezada. Foram eles que impediram o CEO anterior do Mirror, David Montgomery, de se tornar presidente, mandando-o embora. Além disso, cerca de um terço das ações do jornal estão nas mãos de três administradoras de fundos de Nova York.