SEXY-HOT
"Sexo frio", copyright No. (www.no.com.br), 6/09/01
"Achei estranho. Afinal não conheço ninguém de Ribeirão Preto. Mas aquele pessoal na capa do no., primeiro intitulado de ?Suruba de rico? e mais tarde de ?Historinha picante?, não me era estranho. Mas donde? Quando comecei a receber por email as seqüências de fotos em que os tais cidadãos se mostravam ainda mais à vontade, botando pra quebrar em todas as posições da grande área da cama, aí caiu a ficha: caramba, era o pessoal da Sexy-Hot, o canal barra pesada da Net! Agora também em disquete.
Aluguei o canal 80 em agosto e, aos que se espantam, afinal um jornalista de fino trato que não sai de casa sem uma ligeira genuflexão diante do altar erigido ao culto de Rubem Braga, aos espantados puxo minha carteirinha de colunista semanal de televisão: nem sempre o SBT põe uma Pícara no ar, nem sempre a Globo põe Anita de calcinha na janela. É preciso ir atrás da pauta. Na Busca Insaciável de Assuntos Televisivos, a BIAT, aluguei o Sexy-Hot por 25 paus mensais. Quando vi a turma de Ribeirão Preto exposta em sua avançada idiosincrasia sexual, achei que o investimento tinha valido a pena. Tinha uma pauta na mão. A Sexy-Hot entrava no interior.
A TV a cabo criou a geração Friends, um bando de adultos que se recusa a crescer e quer da vida apenas o blablablá interminável sobre a falta de rumo nos seus relacionamentos. Muito chato. Os canais de esporte, carentes de maluquices que preencham toda sua programação, inventaram uma necessidade de adrenalina que está tornando o Rio uma cidade cercada de escaladores de montanha e desbravadores de trilhas. Muito arranhão. Agora surge o Sexy-Hot, o seu canal 80. A vinheta sonora é uma mulher arfando com um estilo Enya. A Net já informou que cresce a cada mês o número de interessados naquela programação – e olhe que é um programa só. Muito gemido. O pessoal de Ribeirão Preto só não é a ponta mais visível desse iceberg porque uma imagem de gelo para falar de canal que é sexo-quente se desmancharia antes do leitor chegar ao final desta frase. Mas é por aí – se me permitem o lamentável e melado cacófato desta última expressão.
Chamamos policiescamente de orgia aquelas festinhas animadas que o cara do 302 dá toda noite de sexta-feira e nunca convida a gente. É tudo muito relativo. Drummond falava em ser ?docemente pornográfico? e não via porque sermos mais castos que nossos avós portugueses. Além do mais, definitivamente, vai longe o tempo de Stanislaw Ponte Preta, em que ultraje ao pudor era uma coisa que se fazia escondido. Quem já viu uma sessão pinga-fogo na TV Senado sabe que a coisa escancarou. Seria muito cômodo tascar o rótulo de pornografia no canal 80 e, como bom moralista, seguir excitado para o próximo parágrafo. Não é o caso aqui. A Sexy-Hot está no meio da sala da classe média e, se bem usada, o único problema que pode dar é o de obrigar a decorar mais uma maldita senha para bloquear no seletor o acesso das crianças ao canal. Sem julgamento, no entanto. Sem mesmo entrar no mérito do Ribeirão, se preto ou branco, ou se o Ribeirão está dentro ou fora, dentro-e-fora da cota. Tenha cu! idado apenas para não ser fotografado assistindo que logo logo estará na internet. De resto, enjoy – se conseguir.
O grande problema da Sexy-Hot é que ela desmascara o sexo. Que coisa repetitiva! Não é possível que se faça tanta poesia, venda-se tanta ação na bolsa, para se chegar como prêmio máximo a uma situação daquelas. Sexo, se é isso mesmo que passa o canal 80, deixa muito a desejar. Puro marketing. Desde o lançamento do último CD do Wando não se via tanta estratégia de divulgação, só assim se explica tanto interesse para comprar algo com tão poucas nuances na melodia. E as letras? Sem comentários. Um verbo no imperativo, um pronome possessivo e um substantivo. Os filmes românticos acabavam sempre com a moça de olhos fechados, beijando a boca do galã e por isso, por tão monótonos, desapareceram. O pornô vai pelo mesmo caminho. A moça continua de olhos fechados e a boca aberta, mas agora sempre debaixo de uma chuva ácida – e olha que não é refilmagem de Blade Runner. Haja! Godard disse que um bom filme devia ter início, meio e fim, não necessariamente nessa ordem. O problema do pornô começa aí – impede a experiência de vanguarda. Ao contrário do Amnésia, em cartaz nos cinemas, narrado de trás para a frente, sexo tem uma seqüência lógica, previsível demais – embora na vida real, já que o assunto é amnésia, quantas vezes você não gostaria de esquecer no final como, caramba, aquilo tudo pode ter começado um dia.
O Sexy-Hot é frio. Tem a mesma vantagem desprezível de quando se acompanha uma novela da Globo. Você pode ver um pedaço da história hoje, outro semana que vem e o grand-finale seis meses depois, sem se enrolar, os atores pornôs são todos submetidos a uma tricotomia básica, com o enredo. Se é que há enredo no Sexy-Hot. Outro dia uma morena francesa, em dívida com o condomínio, teve o apartamento invadido pelo síndico e foi obrigada a prestar contas em, adivinha a moeda?, eurosexo. A interpretação naturalista dos atores também tem semelhanças com a do pessoal das novelas. A moça suspirosa, por exemplo, parece estar imbuída de vivenciar com muita espontaneidade e técnica os agrados que a outra está lhe fazendo aos pés da espreguiçadeira. De repente, os olhos da atriz dão aquela paradinha um milésimo de segundo além do tempo regulamentar na lente da câmera – e o espectador bro…, quer dizer o espectador percebe que trata-se de uma rematada vaga…, quer dizer uma senhora ca! nastra.
É lamentável que a globalização tenha inspirado tanta monotonia aos lares de Ribeirão Preto."
MERCADO
"Sem contrato, Boni é assediado por emissoras", copyright Folha de S. Paulo, 5/09/01
"Há oito meses negociando a renovação de seu contrato com a Globo, vencido em maio, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, é um dos executivos mais assediados do momento.
A Folha apurou que Boni foi sondado pelo SBT e pela Bandeirantes e por empresários interessados na Rede TV!. O último encontro de Boni com uma dessas concorrentes, o SBT, aconteceu há cerca de 20 dias. A emissora de Silvio Santos seria a menos interessada no passe do ex-vice-presidente da Globo. O SBT quer mesmo é o canal que Boni ganhou em Taubaté, no ano passado.
A Band teria oferecido a Boni uma participação acionária (de 10%) e o cargo de presidente. Boni teria o aval dos irmãos Saad, que disputam o controle da emissora. Seu nome traria credibilidade comercial a qualquer TV.
A informação, no entanto, é veementemente negada por executivos da Bandeirantes, que admitem apenas ter havido contatos -mas não uma proposta.
O nome de Boni é o carro-chefe de um grupo de investidores interessados em adquirir parte da Rede TV!. Esse grupo é liderado por um ex-diretor da área financeira da Globo. Os sócios da Rede TV!, entretanto, negam que a emissora esteja à venda.
A tendência, acreditam pessoas próximas, é Boni renovar com a Globo, provavelmente como consultor. Até as 13h de ontem, o contrato não havia sido renovado."
MTV CRESCE
"MTV anuncia aumento de 42% na audiência", copyright Cidade Biz (www.cidadebiz.com.br), 6/09/01
"A audiência média da MTV subiu 42% de março a junho deste ano, se comparada ao número registrado no mesmo período do ano passado, segundo dados do Ibope.
Ainda conforme o instituto, a porcentagem se refere ao público jovem das classes A e B que tem entre 15 e 29 anos – o target do canal.
A emissora confere o bom resultado à nova programação que estreou em março, com programas como o Fica Comigo Gay e o VMB 2001. As novas atrações, além de contar com temas fortes, tiveram bastante espaço na mídia.
A edição gay do programa de Fernanda Lima teve audiência média de 4 pontos, com picos de 6, o que colocou a MTV, no horário, em terceiro lugar no ranking das emissoras.
Já o VMB, no dia 16 do mês passado, marcou média de 5 pontos no target e pico de 7, praticamente o dobro do VMB do ano passado. A premiação esteve por 32 minutos em primeiro lugar no ranking das emissoras."