ET CETERA
"?Et Cetera? apresenta literatura com arte", copyright O Estado de S. Paulo, 17/08/03
"Acaba de ser lançado o segundo número da revista Et Cetera, produção da Travessa dos Editores de Curitiba. A publicação tem como objetivo unir Literatura e Arte – apostando na produção de escritores de todo o mundo e em um design gráfico diferenciado.
?Como no número 0, tentamos focar nossa atenção não no interesse de pequenos grupos de pensamento ou em opiniões pessoais de determinados autores, mas sim na produção de textos, no processo criativo de representantes de diversas correntes e estilos?, afirma Jussara Salazar, poetisa e também responsável pela produção gráfica da revista, lançada durante o verão, em março. Sim, pois são as estações do ano que marcam o lançamento das edições.
Et Cetera reúne textos diversos – entrevistas, inéditos, poemas, contos, crônicas. O número 0, entre outros destaques, trazia, por exemplo, um inédito de Manoel de Barros, uma entrevista com o poeta cubano radicado nos Estados Unidos José Kozer, e uma discussão sobre a poesia atual, intitulada A Poesia está morta, mas juro que não fui eu, reunindo textos de diferentes autores.
José Kozer está de volta no número 1 – seu poema Götterdämerung abre a edição. Haroldo de Campos, em entrevista à equipe de Et Cetera, fala do trabalho do tradutor, da transcriação de obras como a Comédia de Dante, o Fausto de Goethe ou mesmo a Ilíada de Homero. Aurora Bernardini propõe uma leitura da poesia de Régis Bonvicino, cuja obra é analisada ainda por um ensaio de Odile Cisneros.
Ecletismo – Entre os poetas, há ainda o mineiro Carlos Ávila e o uruguaio Eduardo Milán. ?Em sua jornada poética, dialoga com a tradição lírica espanhola, a veia barroca e os processos da vanguarda, erigindo uma obra orgânica e múltipla, onde geometria e imaginário, cotidiano e absurdo compõem desconcertantes formas fractais?, diz a apresentação que antecede a transcrição de um poema inédito do escritor. Da Patagônia vieram poemas de jovens autores da região, como Victoria Cocconi e Darío Aguirre. E do Japão, um caderno de escritos de Tanikawa Shuntaro, traduzidos para o português por Chika Takeda.
Na prosa, um dos destaques é o início do novo romance, ainda inédito, de Evandro Affonso Ferreira, Erefueê. Uma entrevista com Clarah Averbuck discute o fenômeno dos blogs – diários pessoais vinculados via internet – como divulgadores da literatura: ela fala de seu livro Máquina de Pinball e da prática diária de ?experiência confidencial? pela rede mundial de computadores.
Um dossiê trata do discurso sobre a Inveja – são trechos de São Tomás de Aquino, Ovídio, Maria Zambrano, Santo Agostinho, Israel Reinstein, Valério Oliveiro, Oswald de Andrade, João Salustiano Alvim, Ronaldo Bressane e Marcelino Freire, entre muitos outros autores, dedicados ao tema.
Híbrido – Tudo isso é mostrado por meio de um formato que revela grande preocupação com o aspecto gráfico da revista. Da capa de Tomie Ohtake até as fotos da curitibana Michele Müller, Jussara explica que o foco está na tentativa de unir a Literatura com a Arte. ?A revista quer ser um híbrido, de certa forma, entre uma publicação literária e um livro de arte. Não seguimos o formato americano, em que a massa do texto se impõe sobre a ilustração?, diz a poetisa, que é uma das editoras da revista.
Desta forma, a intenção é transformar em tema da revista, no modo como ela é disposta, a própria história da arte. ?Propomos uma nova preocupação com a coleção de imagens. É como em uma enciclopédia antiga. Tratamos dos temas, mas queremos dar também referências ao imaginário das pessoas.?
Mais informações sobre a revista podem ser obtidas na Travessa dos Editores, pelo telefone (0–41) 264-9463, ou no site www.revista.etc.br."
LINHA DIRETA
"Crime rende reconstituição do século 19", copyright O Estado de S. Paulo, 17/08/03
"Após cinco ano no ar, o Linha Direta, programa policial com a estética do padrão Globo, resolveu inovar e estreou em abril o Linha Direta – Justiça. Todo mês, a produção escolhe um caso antigo e já resolvido – ao contrário do habitual – para reconstituir. Para isso, a produção costuma gastar mais tempo e dinheiro que o normal. Mas o próximo caso especial, previsto para ir ao ar no dia 28, recebeu ainda mais atenção. O programa vai mostrar o caso Fera de Macabu, ocorrido na época do Segundo Império, no século 19.
A emissora não quis divulgar quanto foi gasto para produzir o programa, mas a reconstituição do episódio ganhou mobilização e atenção dignas de novela das 8. Segundo o diretor Milton Abirached, ?esta é uma superprodução para os padrões do nosso programa normal?. A gravação do caso contou com cerca de 500 figurantes e ocorreu em uma cidade cenográfica, com cenários especiais para recriar o ambiente da época. As cenas foram feitas há duas semanas.
Para desenvolver o roteiro foi preciso muita pesquisa e entrevistas, pois os documentos do processo estão praticamente ilegíveis. ?Mal conseguimos ler o processo, que está se desmanchando. Por isso, falamos com historiadores e descendentes de escravos das fazendas onde a história se passou?, conta o diretor. As gravações consumiram sete dias – – normalmente, tomam de dois a três dias.
A idéia de mostrar um crime tão antigo foi do próprio diretor do programa.
?Li o livro Fera de Macabu e pensei em produzir uma microssérie, com quatro capítulos. Na época não deu certo. Agora, com o Justiça, vi que dava para fazer.?
O caso – O episódio se passa na época do Segundo Império, em meados do século 19. O fazendeiro Manoel da Motta Coqueiro foi acusado de matar oito pessoas de uma mesma família, em Macabu, no Rio de Janeiro. Motta foi incriminado, mas não havia indícios suficientes contra ele. Foi julgado duas vezes e condenado. Pressionado pela população, D. Pedro II não concedeu a ele a graça imperial e autorizou a execução. Então, Motta foi enforcado.
Pouco tempo depois, descobre-se que o fazendeiro tinha sido a inocente vítima de um terrível erro judiciário. Abalado, o imperador se arrepende e decide que dali em diante ninguém mais será enforcado no Brasil. O caso marcou o fim da pena de morte no Brasil."
TV GLOBO
"Padrão Globo está ameaçado, diz tese", copyright Folha de S. Paulo, 19/8/03
"O padrão Globo de qualidade ainda é a principal barreira que impede a quebra do modelo de mercado de televisão brasileiro, estruturado em um ?oligopólio diferenciado?, mas está ameaça? do pelos avanços tecnológicos, multiplicidade de oferta e abertu? ra da mídia ao capital estrangeiro.
Essa é uma das conclusões da tese de doutorado ?Capitalismo Contemporâneo – Mercado Brasi? leiro de Televisão por Assinatura e Expansão Transnacional?, de? fendida recentemente na Univer? sidade Federal da Bahia por Valé? rio Cruz Brittos, professor de pós- graduação em comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul.
?Tirando as telenovelas, em to? dos os demais formatos de pro? gramas já é possível fazer algo muito próximo do que realiza a Globo?, diz Brittos. Um exemplo: a qualidade técnica de ?Casa dos Artistas?, do SBT, semelhante à de ?Big Brother Brasil?, da Globo.
Brittos afirma que o público está muito menos ?fidelizado?. SBT, Record e, mais recentemente, Band têm tido muita influência. ?Apesar do sucesso de ‘Mulheres Apaixonadas’, esses patamares de audiência [que mantêm a Globo líder] tendem a se reduzir.?
A tese analisa ainda a liderança da Globo na TV paga nacional (?chegou atrasada, mas acabou profissionalizando?) e a sua in? fluência na TV de Portugal, onde é sócia da líder de audiência (gra? ças às suas telenovelas) SIC."