GLOBO.COM
"Italianos querem sair da Globo.com", copyright Jornal do Brasil, 15/02/02
"Anunciada como a maior transação da história da internet no Brasil, a compra de 30% do portal Globo.com pela Telecom Italia, em junho de 2000, virou um fiasco de US$ 810 milhões (R$ 1,97 bilhão). Ao divulgar seus resultados preliminares referentes a 2001, a gigante de telefonia italiana adiantou que sofrerá o primeiro prejuízo em 20 anos. O valor das perdas não foi revelado, mas está diretamente relacionado à reavaliação, para baixo, de US$ 3,3 bilhões em ativos.
Com a revisão dos valores, a participação da Telecom Italia na Globo.com virou fumaça: a desvalorização é da ordem de US$ 780 milhões, ou 93,3%. Segundo o presidente da companhia italiana, Marco Tronchetti Provera, o objetivo é facilitar a venda dessa fracassada aventura na internet brasileira, a exemplo de outros ativos. Procurada pelo JB, a direção da Globo.com se recusou a falar sobre o assunto.
Não que a Telecom Italia esteja relegando o Brasil a segundo plano. Sua meta é quadruplicar o número de assinantes de telefonia fixa e móvel no país, para 12 milhões, até 2004 – o que, para analistas, envolverá novas aquisições. Em termos mundiais, os planos para internet se restringem à venda de celulares conectados e, na Europa, à transmissão de dados em banda larga.
Roberto Colaninno, o ex-presidente que deixou vários esqueletos no armário, não pode dizer que foi pego de surpresa pela maré desfavorável na internet. Quando os italianos compraram a Globo.com, a Nova Economia já começava a ser chamada, mais apropriadamente, de bolha especulativa e, há meses antes, as ações de tecnologia despencavam em todo o mundo, prenunciando o fim da era dos investimentos a fundo perdido."
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"Temporada de perdas", copyright Jornal do Brasil, 15/02/02
"Não é só o desempenho do rival SBT na disputa pela audiência da televisão aberta que está tirando o sono dos executivos das Organizações Globo. O grupo vem acumulando resultados ruins. Não é difícil entender o que levou a Telecom Italia a rever sua participação na Globo.com: nos primeiros nove meses do ano passado, a receita do portal ficou em US$ 2,8 milhões, contra US$ 3,4 milhões no mesmo período do ano anterior. O Ebitda (sigla muito usada por analistas, que aponta o lucro operacional antes do impacto de juros, impostos, depreciação e amortização) também piorou. O prejuízo nas operações de internet subiu de US$ 35,1 milhões, de janeiro a setembro de 2000, para US$ 44,3 milhões no mesmo período de 2001.
O prejuízo não se limita à internet. A justificativa de que houve queda na receita publicitária explicaria o prejuízo operacional de US$ 12,5 milhões no segmento editorial, mas não as perdas de US$ 16,1 milhões em seu braço fonográfico, entre outros fiascos. A dívida total da Globopar também subiu, passando de US$ 599,8 milhões no terceiro trimestre de 2000 para US$ 862,5 milhões no ano passado. Ao todo, o prejuízo líquido ficou em US$ 550,8 milhões, contra um lucro de US$ 295,6 milhões no ano anterior.
Com os sucessivos números negativos, a agência de classificação de risco Standard & Poors rebaixou na última sexta-feira as notas das dívidas da Globopar e da TV Globo, respectivamente de BB- e BB para B+, e pôs os papéis do grupo em perspectiva negativa. Só em dezembro, a subsidiária Globopar Overseas captou US$ 80 milhões no exterior."
"Telecom Italia teve prejuízo em 2001", copyright O Globo, 15/02/02
"A Telecom Italia registrou no ano passado seu primeiro prejuízo em duas décadas, uma vez que os novos controladores da maior companhia de telecomunicações da Itália deram baixa contábil em 3,8 bilhões de euros (US$ 3,3 bilhões). A empresa reduziu o valor da companhia brasileira de internet Globo.com e de outros ativos em seu balanço. O grupo não divulgou, contudo, o tamanho do prejuízo. O lucro operacional foi de 6,7 bilhões de euros (US$ 5,8 bilhões), disse o presidente da operadora, Marco Tronchetti Provera, em uma coletiva de imprensa.
A Telecom Italia, que tem participação na Brasil Telecom, anunciou que sua receita cresceu 13,2% em 2001 sobre o ano anterior, para 30,8 bilhões de euros (US$ 26,9 bilhões), mas ficou abaixo da expectativa de analistas.
Investidores confiam nas promessas do presidente
Provera, que comandou o grupo que em julho adquiriu o controle da empresa, está dando baixa contábil em ativos que o ex-presidente Roberto Colaninno adquiriu durante a explosão do setor de telecomunicações. As ações da empresa subiram à medida que os investidores receberam bem a decisão de Provera de limpar as finanças da companhia e reduzir suas dívidas.
– A nova administração tem uma chance de acabar com as dívidas – disse Dirk Schnitker, analista do Bank of America. – Não surpreende que alguns dos preços que pagaram estão mais elevados do que o valor dos ativos hoje.
As ações da companhia subiram 0,245 euro, ou 2,8%, para 9,04 euros, antes do fechamento das operações de ontem. Este ano, declinaram 6,7%.
Sem entrar em maiores detalhes, Provera disse que o relacionamento com os parceiros da Globo.com é bom. Ele afirmou que o relacionamento com a Anatel também é bom e que a operadora poderá lançar em março o serviço de telefonia celular nas áreas das bandas D e E, que a Italia Telecom adquiriu no ano passado, adotando a tecnologia GSM, inédita no Brasil.
Provera afirmou que a telefonia celular é a prioridade deles na América do Sul, mas que não pretendem se retirar da Brasil Telecom (de telefonia fixa)."