ASPAS
LILLIAN WITTE FIBE NO JB
"Nova colunista no JB", copyright Jornal do Brasil, 29/04/01
"A jornalista Lillian Witte Fibe estréia hoje sua coluna no Jornal do Brasil, que passa a ser publicada todos os domingos. Musa do jornalismo econômico brasileiro, Lillian fez história na televisão, ao quebrar a aspereza da apresentação tradicional das notícias sobre os números da economia, traduzindo o economês de uma forma palatável para os telespectadores comuns. Trabalhou no SBT e na Rede Globo, onde apresentou o Jornal Nacional e o Jornal da Globo, do qual se afastou em abril do ano passado para brilhar numa nova mídia – a internet -, apresentando o jornal que leva o seu nome no portal Terra.com. Na mídia impressa, além de ter trabalhado no próprio JB nos anos 70, Lillian teve passagens pela Folha de S.Paulo e pela Gazeta Mercantil."
"Certeza da impunidade", copyright Jornal do Brasil, 29/04/01
"Convida-me o Jornal do Brasil a integrar seu quadro de colaboradores. Aceito correndo, claro. Vou ficar felicíssima se puder participar desta nova fase editorial. Qual jornalista não se orgulharia de escrever para um diário secular, que soube preservar como poucos (muito poucos!) sua credibilidade, mesmo nos momentos mais ingratos da história do País?
Há 24 anos, o JB me acolheu em seus quadros. Foi na década de 70, auge da ditadura, sucursal de Brasília. A tarefa, decisivamente, não era fácil para uma jovem repórter. Como setorista do Ministério da Fazenda (Mário Henrique Simonsen), eu era a encarregada da cobertura de toda a área financeira, o que incluía Banco do Brasil, Banco Central e Caixa Econômica Federal.
Hoje, vemos o JB festejar seu 110? aniversário como importante formador nacional de opinião. Basta ouvir trechos dos depoimentos no Conselho de Ética do Senado sobre o crime de quebra do segredo do voto eletrônico na Casa. Volta e meia os senadores recorrem a reportagens dos grandes jornais. Com grande freqüência, surge o nome do JB.
É por essas e por outras que cresce a responsabilidade de quem, como eu, se propõe a voltar a escrever para este grande jornal carioca. Penso num tema e logo o descarto. Não está à altura de uma estréia. Continuo refletindo – e brigando com o relógio, claro.
O fato é que tivemos uma semana cheia. A Argentina quase quebrou na mão do ministro da Economia, Domingo Cavallo, um marketeiro de primeira, político ambicioso que acalenta o sonho de ser presidente da República, e economista com sólida formação e muitas convicções, várias delas bastante discutíveis. Foi por um triz que a Argentina, depois de dez anos de congelamento cambial, há três mergulhada numa aguda recessão, não deu um calote generalizado nos credores. No fim da tarde de sexta-feira, depois de anunciar um pacote fiscal com mais cortes do que aumento de impostos, Cavallo viajou para os Estados Unidos. Vai tentar bater o martelo da renegociação de uma dívida que ele, simplesmente, não tem como pagar. No último minuto, e depois de ouvir muitas broncas, Cavallo parece ter sido salvo pelo FMI.
No Brasil, respiramos aliviados com a notícia. O conhecido discurso sobre os ?fundamentos? da economia, que põe o Plano Real num patamar superior ao programa argentino, não seria nem de longe suficiente para poupar os brasileiros dos efeitos que a moratória espalharia pela América do Sul. A semana terminou com a moeda brasileira menos fraca frente ao dólar e com sinais de que a maior economia do mundo, a americana, não vai tão mal assim. Quando todos esperavam um crescimento anêmico no primeiro trimestre, saiu o resultado (calculado em termos anuais) sobre o ritmo da atividade de janeiro a março. Foi de 2%, o dobro do último trimestre do ano passado e muito acima da expectativa geral.
Menos mal que, nessa seara, as mudanças tenham acontecido para melhor. Porque na política o clima piorou muito. Os depoimentos que concentraram as atenções dos eleitores na quinta (senador Antonio Carlos Magalhães) e na sexta (senador José Roberto Arruda) foram deprimentes. Arrogância, mentira, onipotência. Faltam-nos palavras para qualificar o espetáculo que, se trouxe à tona o que de pior existe no parlamento, talvez tenha contribuído também para que o Brasil conhecesse alguns dos bons políticos com assento no Congresso.
A novela continua esta semana e dificilmente termina antes de um mês. A ex-diretora do Sistema de Processamento de Dados do Senado, Regina Borges (que pôs a mão na lama para quebrar o segredo regimental dos votos) ficará frente a frente com os dois senadores que procuraram o tempo todo atribuir a ela a responsabilidade pelo crime.
A esta altura, parece já não haver mais dúvida de que os parlamentares acusados foram vítimas da sua própria certeza, a da impunidade. A questão é saber que tipo de penalidade lhes será imposta. Ou melhor, que tipo de julgamento a sociedade exigirá daqueles que elegeu na esperança de se fazer representar no Congresso Nacional. Na era da internet, a pressão popular chega muito rápido ao gabinete dos senadores. E nesse episódio, é inegável que a voz do cidadão está pesando muito na consciência dos políticos. Afinal, ano que vem é ano de eleição.
Na história recente do Brasil, poucas vezes o papel da imprensa foi tão importante como agora. Caberá à opinião pública a cartada final, assim como aconteceu no difícil processo de impeachment do ex-presidente Collor, ou no ocaso da ditadura, quanto Tancredo Neves venceu a última eleição indireta para presidente da República.
A independência da boa imprensa, aquela que não faz acertos mesquinhos com os poderosos e escancara os fatos de olho unicamente no leitor, vai ter, ainda uma vez, papel decisivo em mais esse processo de depuração da nossa jovem democracia. Felizmente, a independência é um dos mandamentos sagrados perseguidos pelo JB, o mesmo em que trabalhei na década de 70 e para o qual volto a colaborar agora. Credibilidade não se adquire do dia para a noite. É por isso que, depois da conquista, é tão importante zelar por ela."
GUGU vs. VEJA
"Gugu acusa revista de fazer intriga e fofoca", copyright Agência Estado, 26/04/01
"Objeto da reportagem principal da revista Veja desta semana, o apresentador Gugu Liberato subiu nas tamancas com o resultado da entrevista concedida ao repórter Ricardo Valadares e enviou e-mails para as redações contestando pontos da matéria. Há tempos, Gugu adotou o critério de conceder entrevistas somente por fax ou e-mail. Ao ser procurado por Veja, abriu uma exceção e, segundo sua assessora, Ester Rocha, se arrependeu. ?O resultado foi uma avalanche de fofocas, intrigas e frases maldosas?, diz o comunicado oficial de Gugu.
O apresentador embarcou para Los Angeles e Las Vegas no domingo, logo após o programa, e diz que pretende ver sua carta publicada na próxima edição. Procurado pela Agência Estado, o repórter Ricardo Valadares, que assina a reportagem com Gugu, preferiu não se manifestar. Além de Valadares, a carta é endereçada a Tales Alvarenga, diretor de Redação da revista, e a Roberto Civita, presidente da Editora Abril.
?Quando aceitei conceder entrevista para a revista Veja, fui transparente e abri meu programa e minha rotina de trabalho para o repórter. Mas, ao ver a reportagem publicada, fiquei surpreso ao ler declarações que não dei e alfinetadas desnecessárias em companheiros de trabalho?, diz Gugu. O primeiro ponto que ele contesta diz respeito à entrevista concedida por Clodovil a seu programa. ?Em nenhum momento notei que o sr. Clodovil estava de mau humor durante a gravação que realizei em sua casa de Ubatuba, muito pelo contrário, como os telespectadores poderão conferir quando a matéria for ao ar.?
Sócio do diretor – Em um box, a reportagem afirma que ?Gugu voou de helicóptero até o litoral paulista, saltou riachos e ainda teve de agüentar o mau humor do entrevistado. ?Caso a revista tenha algum problema com Clodovil, não acho justo, nem ético, usar uma reportagem comigo para alfinetá-lo, principalmente em um box totalmente fora do contexto?, completa Gugu.
O segundo ponto que Gugu contesta é a informação de que Gustavo Coimbra – apresentado na reportagem como um jovem que faz parte de seu pequeno círculo de amizades – é seu sócio. ?Isso não procede. Gustavo Coimbra é sócio de Roberto Manzoni, diretor do Domingo Legal. Os dois comandam uma empresa de licenciamento chamada GM.?
Manzoni confirma. ?O Coimbra é meu sócio numa empresa que licencia os produtos do Gugu.? E Gugu, acreditem, não tem nada a ver com isso. O diretor do programa informa que foi operado e, na época da realização da entrevista, estava fora de combate. ?Não sei por que a revista deu a informação errada sobre Coimbra. Eu não acompanhei nada dessa reportagem. Estou trabalhando, mas não tive alta completa.? Segundo Manzoni, Gugu não chegou a comentar a entrevista com ele. ?Gugu está fora do País, viajou logo depois do programa, essa questão da revista é uma coisa pessoal dele.?
Sobre Fabiana Andrade, Gugu diz que estranhou a seguinte frase entre aspas: ?Mamãe me fez ver que nossos temperamentos não combinavam?. O apresentador se justifica, dizendo que não usa o termo mamãe com estranhos, nem jornalistas. ?Senti neste parágrafo puro prazer e prepotência de fazer chacotas com um assunto que não interessa a ninguém, pois trata-se de minha vida pessoal?, diz a carta.
Por fim, Gugu afirma ter percebido que, em vários momentos, ?a revista fez questão de criar situações empenhadas simplesmente em me indispor com meus colegas de televisão como Xuxa, Marlene Mattos, Luciano Huck e Faustão. Até Hebe Camargo, companheira de emissora e amiga de muitos anos, entrou nessa lista.? Gugu termina a carta ?exigindo respeito?."
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