JEFFREY ARCHER
"Final infeliz para Archer", copyright Jornal do Brasil, 20/7/01
"LONDRES – Seus livros, que normalmente contam histórias dramáticas de heróis pobres, vendem a rodo e comovem legiões de fãs devoradores de best-sellers. Mas, ontem, foi a própria história do autor que mobilizou a Grã-Bretanha e demoliu, num epílogo trágico, a carreira do romancista Jeffrey Archer, cuja vida, por si só, daria um livro com o sabor que seus leitores gostam. Archer, milionário, ostenta título de lorde e já foi um expoente do Partido Conservador, saiu algemado de um tribunal de Londres, condenado a quatro anos de prisão por perjúrio e obstrução da justiça, num caso que envolve prostituição, dinheiro e poder.
Vice-presidente do Partido Conservador entre 1985 e 1991, Jeffrey Archer foi considerado culpado em três casos de obstrução da Justiça e um de perjúrio num processo de 1987, quando o então político britânico processou o jornal Daily Star, que o acusara de envolvimento com uma prostituta. Archer, hoje com 61 anos, ganhou a causa e embolsou uma indenização de 500 mil libras (700 mil dólares). Mas ontem, a Justiça considerou que o escritor defendeu-se das acusações usando dois diários falsificados e convenceu um auxiliar a mentir no processo.
Ao ler a sentença, o juiz Humphrey Potts disse ter sido este o mais grave caso de obstrução da Justiça da história criminal britânica. ?Nada neste caso me deu qualquer satisfação. O júri o condenou baseado em provas concretas?, disse o magistrado, acrescentando: ?Foi um caso extremamente desagradável.?
Archer, que já foi um dos políticos mais próximos da ex-primeira-ministra Margaret Thatcher, compareceu ao tribunal acompanhado da mulher, Mary Archer, e nada falou na sessão.
Durante todo o processo, que durou seis semanas, Lady Archer foi uma ardorosa defensora do marido. Tentou derrubar todas as provas apresentadas contra ele. Uma das provas foi apresentada por uma ex-secretária de Archer, que teria comprado, no início dos anos 80, várias jóias que o então parlamentar dava à sua amante. Lady Archer chegou a dizer que uma das jóias mencionadas fora comprada por seu marido para presentear a então primeira-ministra Thatcher.
Depois de 14 anos, a direção do Daily Star comemorou: ?Ele é um mentiroso comprovado, uma fraude e um oportunista?, atacou Peter Hill, editor do jornal.
O Acusado – Archer começou a se tornar famoso em 1974, quando renunciou a seu mandato no Parlamento alegando que precisava resolver problemas financeiros decorrentes de uma enorme dívida. Seus problemas de dinheiro na época eram grandes e, em 1975, ele chegou a ser detido em Toronto sob a acusação ter furtado três ternos de uma loja – na época, defendeu-se afirmando que não tinha notado que havia saído da loja.
Foi quando o político conservador decidiu se tornar escritor, apesar de amigos garantirem que ele mal sabia escrever. O sucesso foi imediato, seus livros tornaram-se best-sellers e fizeram de Archer um homem rico. Vários de seus romances foram editados no Brasil pela editora Bertrand, entre eles ?Caim e Abel?, O vôo do corvo?, ?Honra entre ladrões?, ?Doze pistas falsas?, ?A filha pródiga? e ?O quarto poder?. Este último virou filme, dirigido por Costa Gavras, com John Travolta.
Outro de seus famosos romances, O Acusado, foi encenado no teatro, com o próprio Archer no papel principal. A peça retrata um processo judicial em que o protagonista tenta a provar sua inocência.
Depois da decisão da Justiça, o jornal Daily Star tentará agora recuperar a indenização pagou a Archer. O escritor foi condenado também a pagar o equivalente a US$ 124 mil pelos custos do processo. Caso não pague, sua pena de prisão será acrescida de um ano."
"Um pesadelo para o escritor britânico Archer", copyright O Globo, 20/7/01
"LONDRES. O político conservador, aristocrata e escritor britânico Jeffrey Archer foi condenado ontem a quatro anos de prisão por perjúrio e obstrução da Justiça, num caso com todos os ingredientes para um de seus romances. Segundo o juiz Humphrey Potts, do Tribunal de Old Bailey, Archer protagonizou o mais sério caso de perjúrio da história da Justiça britânica.
Como em sua peça ?The Accused?, Archer teve que se apresentar ao tribunal ontem. Mas ao contrário de seu personagem, foi condenado. Archer foi considerado culpado de três acusações de obstrução da Justiça e uma de perjúrio em relação a um julgamento de 1987. Tem ainda que pagar quase US$ 250 mil de custos legais ou enfrentar mais um ano de prisão.
Sexo, mentiras e dinheiro dão a tônica do caso. Autor de livros como ?Not a penny more, not a penny less? (?Nenhum centavo a mais, nenhum centavo a menos?) e ?Kane and Abel?, Archer processou o tablóide britânico ?The Daily Star?, em 1986, por publicar que ele pagara pelos serviços da prostituta Monica Coghlan. Archer, que era vice-presidente do Partido Conservador, apresentou agendas pessoais e depoimentos para justificar seu álibi. Ele ganhou o processo, em 1987, e recebeu US$ 760 mil dólares de indenização.
Considerado arrogante por uns e admirados por outros por sua ascensão social e fortuna, Archer contava com a estima de poderosos, como os ex-primeiros-ministros Margaret Thatcher e John Major. Doze anos depois do processo, no entanto, Archer brigou com um amigo, o produtor de TV Ted Francis, no que daria origem ao fim de sua carreira política.
Francis declarou à imprensa, em 1999, que Archer pedira que mentisse para confirmar seu álibi. O escândalo levou o político a renunciar à candidatura do Partido Conservador à Prefeitura de Londres, e a ser suspenso do partido por cinco anos.
Segundo a acusação, além do depoimento por escrito de Francis, também eram falsas as agendas que reforçavam o seu álibi.
? Nada nesse caso me deu prazer. O júri o condenou baseado em provas claras ? disse o juiz.
Como no primeiro julgamento, a esposa de Archer, Mary, com quem é casado há 20 anos, ficou ao seu lado. Mas isso não foi suficiente: Archer foi condenado e Francis, inocentado. Os advogados de Archer avisaram que vão recorrer, enquanto o jornal pede uma indenização de US$ 3 milhões.
? É a perda de um talento ? lamentou John Major."
SKY & DIRECTV
"Sky, da News Corp., está bem perto de comprar Directv", copyright Cidade Biz (www.cidadebiz.com.br), 17/7/01
"A EchoStar, operadora americana de TV via satélite, retirou a oferta feita à Hughes, controlada pela General Motors, para a compra de sua subsidiária Directv. Com a saída da EchoStar do páreo, só resta à General Motors a proposta feita pela Sky, operadora da News Corp que já atua na Ásia, América Latina e Europa, e que cobiça a Directv para passar a operar também nos Estados Unidos.
Confirmando-se a compra, a Globo, hoje controladora formal da Sky do Brasil, não terá maioria na nova empresa. Terá apenas o direito de distribuir seu conteúdo. Os ajustes da fusão na América Latina ? onde o acordo passa pelos órgãos reguladores de telecomunicações e organismos de defesa da concorrência ? já estão em andamento.
Recentemente, a Directv viu recusado pelo Cade uma ação contra a Globo, que só libera o sinal de sua TV aberta para o sistema Sky, da qual participam do controle a própria News Corp., a Televisa, do México, e a TCI, operadora de cabo americana controlada pela AT&T. Curiosamente, parte do argumento de defesa da Globo foi alegar que a Directv era uma empresa estrangeira, despreocupada em incentivar a produção nacional. Até deputados do PT, certamente ansiosos por agradar, aceitaram essa falácia e sairam criticando a Directv – a mesma que poderá abrigar-se, agora, sob o enorme guarda-chuva de interesses de mídia da família Marinho.
A notícia de que o presidente da EchoStar, Charlie Ergen, abandonou a oferta que havia feito à GM foi divulgada pelo The Wall Street Journal. Segundo a matéria, o acordo deve sair já nos próximos dias. Há mais de um mês. no entanto, sabe-se que o império de mídia de Rupert Murdoch, acionista majoritário da News Corp, já havia selado, verbalmente, a compra da Directv . Seu maior opositor era o próprio presidente do conselho da subsidiária da Hughes, que patrocinava a proposta da rival EchoStar. Mesmo sendo irmão do presidente do conselho da GM, dona da Hughes e, portanto, também da Directv, ele se demitiu ao perceber que perdera o apoio dos acionistas."