Saturday, 28 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Jornal responde a críticas do livro

LE MONDE

Um "Pravda dos tempos modernos", dirigido num "clima de medo" por um triunvirato inescrupuloso. Assim é como os jornalistas investigativos Philippe Cohen e Pierre Péan descrevem o Le Monde, no livro La Face Cachée du Monde (A face oculta do Monde). A obra conta histórias de tendenciosidade, conflitos de interesse, abusos de poder e má administração no prestigiado jornal francês.

Em editorial e matérias publicadas no dia 26/2, Le Monde reagiu às acusações e ameaçou processar os autores por difamação. Cohen e Péan afirmam que os três principais cabeças do jornal ? Jean-Marie Colombani, editor-chefe, o editor Edwy Plenel e o presidente do conselho, Alain Minc ? distorceram fatos para encobrir escândalos, além de terem influenciado na política francesa e escondido os problemas financeiros da publicação. Segundo Elaine Sciolino [New York Times, 26/2/03], o livro alega que o Monde favoreceu certos políticos, como Édouard Balladur, candidato de esquerda à presidência em 1995, e Lionel Jospin, derrotado por Jacques Chirac em 2002.

Colombani é o mais criticado: os jornalistas citam uma fonte que o acusa de "embelezar" a contabilidade do grupo, que teria perdido 28 milhões de dólares em dois anos. No editorial, o Monde afirma que "crítica é uma coisa, paixão é outra", e que o livro está "cheio de ódio, a mais triste de todas as paixões". O jornal afirma que, no interesse da liberdade de expressão, não vai impedir a venda do livro, mas declara que vai processar Cohen e Péan, pelos "erros, mentiras e calúnias", a editora Mille et Une Nuits e o semanário L?Express, que publicou longos trechos da obra.

Repercussão

O semanário Le Canard Enchâiné criticou a administração do Le Monde por não responder às críticas feitas no livro. O Libération designou nove repórteres para ler e analisar La Face Cachée du Monde, observando que Colombani e Plenel "não podem simplesmente descartar a obra."

Conta Paul Carrel [Reuters, 26/2/03] que Cohen e Péan deram entrevistas a vários jornais e emissoras de rádio e TV. "Este jornal se tornou um veículo de ódio em suas denúncias de primeira página", disse Péan. "A capa tornou-se um espaço onde a reputação das pessoas é destruída."

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