MONITOR DA IMPRENSA
AINDA BILL CLINTON
A cobertura da mídia para os perdões de Clinton tem sido tão tendenciosa, exagerada e injuriosa que levanta a questão de se é mesmo jornalismo o que tem sido feito. Para Robert Scheer [The Los Angeles Times, 6/3/01], é difícil pensar em alguma profissão mais partidária que o jornalismo. Logicamente, até o mais fraco senso de justiça forçaria uma comparação entre as ações do ex-presidente Bill Clinton e as de seus antecessores e, como bem lembrou o democrata Henry Waxman, presidentes republicanos ganharam de Clinton no quesito escândalo. Bastam o perdão de Gerald Ford a Richard M. Nixon e o de Ronald Reagan a George Steinbrenner, para citar alguns dos exemplos que Scheer lembrou de cabeça.
Tudo bem que os perdões de Clinton são escandalosos. O ex-presidente absolveu o financista Marc Rich, aparentemente em troca de altas somas. Mas o mais sério excesso cometido por Clinton em seus perdões, o que se refere a John Deutsch, ex-diretor da CIA, não chega ao nível de algumas atrocidades cometidas por outros ex-presidentes.
Ao perdoar Deutsch, Clinton pôs fim a uma investigação sobre a forma negligente com que os segredos são tratados no alto escalão. E o mesmo Clinton, no ano passado, prendeu em cela isolada o cientista de Los Alamos Wen Ho Lee, de origem chinesa, primeiro acusado de espioanagem em favor da China e por fim de mau uso de dados que nem eram secretos. Para Scheer, Lee ? e não Deutsch ? merecia o perdão.
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