MONITOR DA IMPRENSA
RESSURREIÇÃO
No início do mês, a cerimônia da Sociedade Americana de Editores de Revistas (Amse) surpreendeu com os muitos prêmios dados a publicações menos conhecidas. Mais importante ainda foi a mensagem que o júri passou: está havendo um renascimento do jornalismo de interesse público.
A dupla Donald L. Barlett e James B. Steele, veteranos da reportagem investigativa que saíram do Philadelphia Inquirer em 1997 e entraram para a Time Inc., levou seu segundo prêmio Amse com uma áspera série sobre o financiamento de campanhas políticas. A moderna Mother Jones ganhou seu primeiro prêmio por destaque geral, e Charles Peters, fundador da Washington Monthly e editor desde 1969, foi nomeado para o Hall da Fama da Sociedade.
Com essa lista de honrarias, a Asme provou que "respeita o jornalismo independente", disse Roger Cohn, editor da MoJo, à Press Clips [9/5/01]. Para ele, é muito mais fácil fazer um bom jornalismo quando a meta não é o lucro. Com pequeno orçamento, a Washington Monthly foi elogiada por seu rigor analítico e aversão a ideologias.
Além disso, o governo Bush tornou-se um prato cheio para essa mídia, em função de suas muitas "ideologias de direita", como definiu Paul Glastris, o sucessor de Peters na editoria da Monthly. "Eles estão tentando modificar políticas fundamentais logo de início", disse Glastris. Acrescente-se a esse quadro apenas um dos motivos da ASME não ter citado que algumas das campeãs não são lucrativas: nos últimos 25 anos, o número de companhias que controlam a mídia caiu de 50 para 6. O cenário, portanto, "faz das fontes de notícias alternativas, não-corporativas…mais cruciais do que nunca", como notou a MoJo em sua última edição.
ÍNDIA vs. PAQUISTÃO
O escândalo que derrubou o ministro da Defesa indiano foi reaceso, depois que a Índia acusou o Paquistão de planejar o assassinato dos jornalistas do website responsável pelas investigações. Segundo Stephen Farrel [London Times, 8/5/01], o primeiro-ministro indiano, Atal Behari Vajpayee, afirmou no dia 7 que o serviço secreto do Paquistão contratou um homem para assassinar os repórteres do Tehelka.com, numa tentativa de incriminar o governo indiano.
A acusação surgiu depois da prisão de seis homens armados por policiais indianos no sábado, dia 5, com fotos de dois jornalistas e mapas da casa e do escritório de Tarun Tejpal, editor-chefe do Tehelka.com. Um dos detidos confessou que cumpriam ordens do ISI ? agência do serviço secreto paquistanês ? para derrubar Vajpayee.
As alegações foram imediatamente negadas pelo Paquistão. O site Tehelka provocou a queda do ministro George Fernandes e de um dos líderes do partido governista Bharatiya Janata, por divulgarem imagens de funcionários discutindo e recebendo propina.
Paramilitares indianos agrediram a pauladas 17 jornalistas que na quinta-feira cobriam um funeral na Caxemira, território disputado por Índia e Paquistão, informou a Associated Press [10/5/01]. Pelo menos três ficaram gravemente feridos. O comandante indiano da Força de Segurança da Fronteira teria se irritado porque os jornalistas não pediram permissão para cobrir o enterro. Autoridades se desculparam mais tarde e prometeram punição para os policiais envolvidos. Os jornalistas estavam cobrindo os enterros de três das seis vítimas civis de um confronto entre guerrilheiros islâmicos da Caxemira e soldados indianos da fronteira.
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