Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Jornalista condenado a 10 anos de prisão

MONITOR DA IMPRENSA

IRÃ

Akbar Ganji, principal jornalista investigativo do Irã, recebeu pena de 10 anos na cadeia e cinco em exílio em Beshagerd, remoto vilarejo do Irã, por comparecer a uma conferência na Alemanha que autoridades consideraram danosa à imagem nacional.

Ganji estava entre as 16 pessoas julgadas sob acusações de "questionamento da segurança nacional" por participar do evento sobre reformas no Irã, no ano passado.

Segundo Afshin Valinejad [Associated Press, 13/1/01], dúzias de ativistas pró-reforma foram detidos ao retornar de Berlim, o que chamaram de tentativa dos linha-dura de intimidar simpatizantes do programa de liberdades civis e políticas do presidente Mohammad Khatami.

Antes de ser preso, Ganji havia escrito uma série de artigos inferindo que os linha-dura no governo islâmico do Irã ordenaram o assassinato de cinco jornalistas pró-reforma em 1998.

Durante seu julgamento, Ganji foi mais direto, acusando Ali Fallahian, ex-ministro da Inteligência, e outros oficiais de elite, de envolvimento nas mortes e de desafiar abertamente o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei. O advogado de Ganji afirmou que o veredicto poderá sofrer apelo.

O jornalista também enfrenta outros processos por seus textos na imprensa reformista. Foi acusado de danificar a segurança nacional e perturbar a opinião pública.

RÚSSIA

O presidente russo Vladimir Putin encontrou com os principais jornalistas da Rússia e prometeu apoio à liberdade de imprensa. Putin também criticou invasões de policiais mascarados em algumas estações de TV.

"É uma besteira fenomenal quando pessoas com máscaras aparecem em um escritório editorial. Para quê? Eles mesmos não sabem por que estão fazendo isso", afirmou o presidente.

De acordo com Jim Heintz [Associated Press, 13/1/01], tais atitudes dos policiais provocaram críticas de que Putin estaria tentando reprimir a mídia crítica de sua administração. Putin, no entanto, disse que reportagens críticas são importantes, em reunião de cerca de cinco horas com os editores no Kremlin.

Segundo Patrick Lannin [Reuters, 13/1/01], o presidente insistiu que reportagens sobre a morte do livre discurso na Rússia eram exageradas. "Parafraseando Mark Twain, posso dizer que informações sobre a morte do livre discurso em nosso país são enormemente exageradas", disse.

Nas entrelinhas das críticas de Putin, estava a Media-Most, proprietária da NTV, única emissora de TV independente no país. O dono, Vladimir Gusinsky, sofre pressões constantes, evidência de que o Kremlin quer controlar a mídia não-estatal.

"Freqüentemente, os pontos de vista são demasiado críticos. A administração engole. Isso é útil à administração em qualquer nível e a faz reagir a seus próprios erros", afirmou.

O encontro marcou o Dia da Imprensa russo, e, em declaração publicada oficialmente, Putin prestou tributo a jornalistas russos que morreram no curso de suas tarefas.

"Às vezes vocês têm que dar a vida por uma habilidade para escrever verdadeira e objetivamente", afirmou o presidente. "A profissão de repórter continua sendo uma das mais perigosas e jornalistas são sempre os primeiros a resistir a regras arbitrárias e ilegalidade."

Boris Timoshenko, chefe do serviço de inspeção de fundos, disse à agência de notícias ITAR-Tass que, na noite do Dia da Imprensa, o apartamento de um editor do jornal Volzhskoye Vremya, na região norte de Moscou, recebeu tiros de um homem armado não-identificado.

CORTES DE GASTOS

No New York Post só se fala sobre os cortes que o departamento de notícias sofrerá nas próximas semanas, impulsionados por planos de eliminar rubricas e free lancers, entre outras atitudes.

As duas páginas dedicadas à seção de livros na edição de domingo do jornal já foram exterminadas. A maioria das resenhas literárias era escrita por free lancers. A seção de esportes, por sua vez, foi indicada como alvo de possíveis cortes no uso de profissionais não-registrados.

De acordo com Paul Colford [New York Daily News, 1/16/01], alguns dizem que o Post está reduzindo gastos ao se preparar para o custo adicional de impressão colorida, a ser implantada neste ano. Outros afirmam que o jornal precisa se refazer de uma séria perda em rendimentos corrente desde setembro, quando cortou pela metade – para 25 centavos de dólar – o preço do exemplar nas bancas.

Ken Chandler, editor do Post, disse que o preço do jornal foi abatido em tentativa de atrair novos leitores e seduzir novamente os antigos. O preço mais baixo veio à tona pouco antes de o Daily News lançar o Daily News Express, jornal vespertino distribuído gratuitamente em pontos estratégicos.

Os cortes no Post podem desencadear outras mudanças dentro da News Corp., a qual, na semana passada, anunciou planos de fechar a News Digital Media e eliminar cerca de 450 empregos.

OLHO DA RUA

A emissora NBC, sofrendo queda de anúncios, cortará de 5 a 10% de sua força de trabalho – de 300 a 600 empregos até o fim de março.

"Não é segredo que o atual clima econômico está nos afetando", disse Robert Wright, presidente da emissora, em memorando aos funcionários. "Agora está claro que devemos ir além do cinto apertado e tomar a medida adicional de reduzir o tamanho de nossa força de trabalho."

Segundo Claudia H. Deutsch [The New York Times, 13/1/01], a NBC, como todas as emissoras, está vivendo um período de escassez de anunciantes. Muitas novidades na internet, antes fontes incríveis de rendimentos, entraram em colapso, enquanto outras cortaram gastos com publicidade.

Em alguns aspectos, a NBC está em ótima forma para encarar a queda do setor. Sua programação inclui shows de sucesso como Friends, E.R., Frasier, West Wing e Will & Grace. O sobe e desce do mercado financeiro também colaborou para colar milhões de telespectadores na CNBC, canal financeiro da NBC.

Apesar disso, seus programas não têm sido tão lucrativos quanto Seinfield, por exemplo. Além disso, não podem ser comparados a sucessos explosivos como Survivor, da CBS, e Who Wants to be a Millionaire, da ABC.

BOB FURNAD

Em uma manhã há 40 anos, Bob Furnad saiu do edifício da rádio WAMU-AM em Washington às 6:30h, depois de produzir a cobertura da noite eleitoral de uma das corridas presidenciais mais acirradas da história: a de Richard M. Nixon e John F. Kennedy.

Em uma manhã há três semanas, Furnad deixou o estúdio da emissora a cabo Headline News, da CNN, em Atlanta, às 6:30h, depois de inspecionar a cobertura da noite eleitoral em outra corrida presidencial muito disputada: entre Al Gore e George W. Bush.

Com isso, Furnad, presidente da Headline News, declarou formalmente o fim de sua carreira na emissora. "Pareceu que o ciclo se fechou. Era tempo de sair", disse.

No dia 12 de janeiro, Furnad, com 59 anos, aposentou-se depois de 17 anos na CNN. Ele dará aulas de jornalismo na Universidade da Geórgia e trabalhará como consultor para operações de telejornais locais.

Segundo Jim Rutenberg [The New York Times, 15/1/01], sua saída marca a partida de um dos últimos profissionais originais da CNN, em uma época de mudanças na emissora, que agora pertence ao grupo fundido AOL-Time Warner.

Como a CNN, a Headline News passará por uma série de alterações. Diz-se que os executivos acham que a irmã menor da CNN cresceu de forma a ficar muito parecida com a própria CNN.

A CNN está iniciando uma grande reorganização interna, na qual operações serão modernizadas e funcionários serão demitidos.

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