Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornalista sentenciado à morte em Mianmar

VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS

Nove cidadãos de Mianmar (antiga Birmânia) foram condenados à morte por traição, inclusive Zaw Thet Htway, editor da revista esportiva First Evelen.

As sentenças causaram indignação em grupos de mídia birmaneses. De acordo com a AFP [4/12/03], os Repórteres Sem Fronteiras e a Associação Birmanesa de Mídia (BMA) desafiaram o primeiro-ministro do país, o general Khin Nyunt, a provar o envolvimento dos nove condenados em suposta tentativa de motim. "Seu governo mais uma vez mostrou atitude criminosa em relação a jornalistas que se recusam a seguir suas ordens", disseram os grupos em carta conjunta. Afirmaram, ainda, que os nove condenados e outros três indivíduos cujos casos ainda não foram julgados, foram presos em julho após a First Eleven publicar uma reportagem denunciando uso impróprio de US$ 4 milhões para promover o futebol em Mianmar.

Zaw Thet Htway estava entre os seis jornalistas detidos por conexão com o caso. Os outros cinco foram soltos. Os nove devem recorrer da sentença. A First Eleven é a publicação esportiva mais popular no país, com circulação superior a 50 mil exemplares.

A Federação Internacional de Jornalistas (IFJ, sigla em inglês) emitiu um comunicado em 4/12/03 condenando a nova onda de ataques políticos e legais a jornalistas independentes da Argélia. Nas últimas semanas, os jornalistas argelinos Hassan Bourras, Sid Ahmed Simiane e Farid Alilat foram multados ou condenados à prisão pela publicação de artigos críticos a funcionários do alto escalão do governo.

Em 4/11, Sid Ahmed Simiane, ex-jornalista do diário Le Matin, atualmente morando na França, foi sentenciado a seis meses de prisão após reclamação do ministro da Defesa. No mesmo dia, Farid Alilat, editor-administrativo do diário Liberté, foi condenado a quatro meses de cadeia e multa equivalente a 1.200 euros por "insultar o chefe de Estado". Mohamed Benchicou, editor-administrativo do Le Matin também teve de pagar multa equivalente; no dia 16/11, foi aberta investigação contra Benchicou por manter laços estrangeiros na Argélia ? o que, segundo especialistas, não é contra a lei.

No dia 6/11, Hassan Bourras, correspondente de vários jornais argelinos, foi condenado a dois anos de prisão devido a dois artigos sobre corrupção que escreveu para o diário El Djazaïri. Além disso, foi proibido de exercer a profissão de jornalista por cinco anos e foi multado em cerca de 2.400 euros.

Os Repórteres Sem Fronteiras [1o/12/03] protestaram contra a prisão do editor de revista bengalês Salah Uddin Shoaib Choudhury, em Daca, capital de Bangladesh, em 29/11. Choudhury ia viajar a Israel, onde participaria de um simpósio. Foi acusado de espionagem para Israel, devido ao texto do discurso que faria, sobre o papel da mídia no diálogo entre muçulmanos e judeus. Ele pode ser acusado de formação de motim, para cuja infração a pena pode ser de morte.

"Enquanto a comunidade internacional debate um novo plano de paz para o Oriente Médio, o governo de Bangladesh decide prender um jornalista que defende uma solução pacífica ao conflito", disseram os Repórteres Sem Fronteiras em carta ao ministro do Exterior Morshed Khan, exigindo a libertação de Choudhury.

O editor da revista semanal Blitz foi preso pela polícia no aeroporto de Daca quando esperava o vôo para Tel Aviv. Um juiz deu permissão à polícia para detê-lo por sete dias, período durante o qual será interrogado por funcionários do serviço secreto, a fim de obter uma confissão de espionagem.

A participação de Choudhury simbolizaria a primeira interferência de um jornalista bengalês em evento do gênero. Bangladesh e Israel não têm laços diplomáticos e bengaleses são proibidos de viajar a Israel.