BARBÁRIES D?ALÉM-MAR
A justiça jordaniana condenou a 18 meses de prisão o fotojornalista japonês Hiroki Gomi, do Mainichi Shimbun, por transportar uma bomba que trouxera do Iraque como “souvenir” de guerra. Gomi tirou a trava de segurança do artefato para tentar mostrar ao guarda Ali Sarhan que ele não oferecia perigo. Contudo, a bomba acabou explodindo, matando Sarhan e ferindo mais três funcionários.
Executivos do diário para que trabalha Gomi viajaram para o Oriente Médio para pedir desculpas pelo incidente. Acreditava-se que o japonês seria perdoado pelo rei jordaniano, dado que o Japão é um dos principais doadores de recursos para seu país. Como informa a UPI [1/6/03], o intérprete jordaniano que acompanhava o jornalista também foi processado, mas acabou absolvido.
Em Marrocos
O Comitê para a Proteção de Jornalistas editou nota [2/6] manifestando preocupação com o estado de saúde do jornalista marroquino Ali Lmrabet, condenado em maio a quatro anos de prisão. Ele está hospitalizado em conseqüência da greve de fome que iniciou em 6/5 como protesto contra a perseguição que alega sofrer por parte do governo. Editor dos semanários Douman e Demain, versão em francês do primeiro, Lmrabet foi acusado de “insultar o rei” e “ameaçar a integridade territorial do estado”.
Na Tunísia
O jornalista tunisiano Zouhair Yahyaoui também está em greve de fome, como informa a organização Repórteres Sem Fronteiras [3/6]. Ele está preso há um ano por ter publicado o sítio de internet TUNeZINE, no qual divulgava documentos de oposição ao governo. Foi capturado num cibercafé por policiais à paisana. Segundo sua família, está muito fraco e foi submetido a tortura e maus tratos.
Na China
Na China, outro jornalista teria iniciado greve de fome. A Voz da América [3/6/03] informa que Xu Wei, um dos 30 dissidentes chineses presos no último ataque do governo aos oposicionistas que atuam na internet, teria parado de comer em 28/5, após ser torturado. Xu foi condenado por fundar, junto com três amigos, a Sociedade da Nova Juventude. Eles teriam publicado textos com títulos como “A democracia chinesa é falsa” e “Seja um novo cidadão, refaça a China”.
No Egito
Repórteres Sem Fronteiras [3/6] protestou ainda contra a prisão dos irmãos Mustapha Bakri e Mahmoud Bakri no Egito. Eles são, respectivamente, editor e repórter do jornal Al Ousbou e foram condenados por acusarem de corrupção Mohamed Abdel Al, líder do Partido da Justiça Social, oposicionista, sem apresentar evidências. O próprio Abdel Al foi condenado a dez anos de cadeia porque recebeu dinheiro de empresários para não falar mal de determinadas empresas no jornal do qual era editor, Al-Watan Al-Arabi.
Robert Ménard, secretário-geral do RSF, chama atenção para recomendação do encarregado da ONU para proteção da liberdade de expressão, Abid Hussain, segundo a qual os governos não devem mais castigar crimes de imprensa com prisão, exceto em caso de comentários discriminatórios e racistas ou incitação à violência.