TELETIPO
Dois jornalistas e dois publishers franceses foram condenados por difamação após divulgar suspeita de que a vítima de uma explosão fazia parte de organização terrorista. Segundo a Associated Press [1/7/02], o francês de origem tunisiana Hassan Jandoubi e outros 30 trabalhadores morreram na explosão de uma indústria química em 21/9 na cidade de Toulouse; na época, Le Figaro e Valeurs Actuelles chegaram a sugerir que Jandoubi teria sido o responsável pela tragédia pois, segundo fontes policiais anônimas, foi encontrado vestido "como kamikazes fundamentalistas". O relatório oficial, no entanto, não incluiu tal alegação. Os repórteres Marc Menessier (Le Figaro) e Franck Heriot (Valeurs Actuelles) foram condenados a pagar US$ 2.500 cada à família de Jandoubi, enquanto seus chefes, Christian Grimaldi e Amaury De Chaunac-Lanzac, foram multados em US$ 7.500.
O grupo Repórteres sem Fronteiras acusa as forças de segurança do Nepal de torturar até a morte Krishna Sen, editor do semanário Janadisha, financiado por guerrilheiros rebeldes e recentemente fechado pelo governo. Krishna é um dos 100 jornalistas detidos desde que foi declarado estado de emergência no país, acusado de publicar histórias falsas e querer desestabilizar as agências de segurança. Segundo o RSF, ele morreu no final de junho na prisão, sob tortura. Outros 30 jornalistas permanecem presos. Informações de Binaj Gurubacharya [AP, 27/6/02].
O governo da Índia liberou a entrada de capital estrangeiro na mídia impressa, derrubando uma proibição que data de 1955. O investimento já era permitido no setor de rádio e TV; agora, companhias externas podem controlar até 26% de um jornal local e 74% de publicações não-noticiosas. Edna Fernandes [The Financial Times, 25/6/02] revela que, para aplacar as críticas da oposição e mesmo de aliados do governo, foram impostas diversas condições: o controle editorial e administrativo, assim como a maioria dos principais cargos na redação e no conselho, devem pertencer a indianos, e as companhias que desejam investir também precisarão de aprovação governamental antes de fechar negócio.
A emissora italiana RAI cancelou os talk shows do comentarista político Michele Santoro e do jornalista Enzo Biagi, acusados pelo premiê Silvio Berlusconi de "uso criminoso" da rede pública. Fabrizio Del Noce, diretor da RAI, alegou que os programas foram encerrados por terem baixos índices de audiência. Segundo a AP (24/6/02), o primeiro-ministro disse jamais ter feito lista de inimigos: "A polêmica cresceu graças a desinformação e má-vontade da oposição". Desde que foi eleito, Berlusconi controla 90% do mercado televisivo italiano.