Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornalistas e administradores

WASHINGTON POST

Editores de jornais normalmente são repórteres bem-sucedidos que fizeram carreira. Isto pode ser um problema porque em dado momento esses profissionais se vêem à frente de equipes de, às vezes, centenas de pessoas, sem terem experiência na gestão de pessoal. Em sua coluna de 8/6/03, o ombudsman do Washington Post, Michael Getler, comenta que o desdobramento do caso do repórter Jayson Blair, que inventava e plagiava elementos de suas matérias no New York Times, pode aperfeiçoar o funcionamento daquele jornal.

Depois do escândalo envolvendo Blair, o aparecimento de outros problemas no Times culminou com as renúncias do editor administrativo Gerald Boyd e do editor executivo Howell Raines. Ficou claro que eles não contavam com o apoio de grande parte de seus comandados, o que, segundo Getler, seria essencial para que a pressão da situação pudesse ser suportada. O colunista ressalta, no entanto, que, há apenas um ano, o mesmo jornal ganhou sete prêmios Pulitzer sob o comando de Boyd e Raines, o que dava a impressão de que tudo andava bem na equipe.

Fatos como os que vêm ocorrendo no diário nova-iorquino, bem como outros que podem vir a surgir nos grandes jornais americanos, são de interesse geral, e não apenas dos leitores de cada publicação, opina o ombudsman. Isto porque o Times, o Post, e alguns outros jornais são importantes para o funcionamento da democracia, pois são os únicos que contam com estrutura e recursos para abordar determinados assuntos e enfrentar os pesados interesses envolvidos. Assim, quando um destes grandes veículos de comunicação falha, é necessário que seja desafiado, para que possa melhorar. O caso do Times poderá ser bom para acabar com a forma aparentemente verticalizada e arrogante com que o jornal vinha sendo gerido, na medida em que os repórteres tenham mais atenção dos editores.